Num qualquer hipotético futuro, no qual as viagens no tempo eram já possíveis, existia uma empresa especializada em "safaris", nos quais os caçadores, a trôco de enormes fortunas, tinham a hipótese de matar um dinosauro.
De molde a não alterar o presente, experimentados guias exploravam o jurássico em busca de animais condenados, fosse por serem inevitáveis presas de predadores, fosse por doença, catástofre, etc... Esses animais eram marcados e apenas esses poderiam ser abatidos, num pequeno espaço de tempo anterior à sua já constatada morte. Assim se conseguia fazer um chorudo negócio, evitando cuidadosamente alterar o precário equilibrio do presente.
Os caçadores eram separados em pequenos grupos e seguiam com os guias, sobre umas placas antigravitacionais, de modo a não tocar em nada, e a única coisa que lhes era permitido, era disparar o tiro fatal sobre a bêsta pré-histórica préviamente selecionada.
Em certa expedição um dos caçadores entrou em pânico à vista de um enorme Tyranausauro, caíu da placa e pôs o pés naquele lamacento chão do jurássico. Foi instantâneamente apanhado por um dos guias, a expedição foi logo cancelada e voltaram rápidamente ao presente. O guia, irritadíssimo, explicava ao timorato caçador as tremendas consequências que podiam advir do seu gesto de pânico, enquanto avançavam pelo corredor. No fim deste havia uma placa. Ao olhar para ela, o guia estacou, e incrédulo, tentou ler o que lá estava: Onde se deveria lêr "Por Favôr, seguir pela direita", estava escrito "For lavôr, cegir pale deraita".
Atarantado, o homem parou, olhou para o seu cliente e agarrrando-lhe num pé observou-lhe a sola da bota: Esborrachada nas saliências da sola, jazia uma pequena libelinha.
A morte de tão insignificante animal, há tantos milhões de anos, modificara de forma subtil o presente.
A partir dessa altura passei a olhar para as pessoas como se fossem a libelinha do conto, e como consequência para mim próprio nessa mesma prespectiva: A existência de cada sêr humano, aparentemente importante ou não, marca de forma subtil, mas indelével, o futuro, pelo que parece fazermos todos parte de um enorme e complexo "puzzle" divino e num "puzzle", se nos faltar a mais insignificante das peças, jamais o conseguiremos terminar.
Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Novembro de 2003
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