A LIBELINHA.
Aqui já há muitos anos li um conto fascinante, que se chamava exacatamente "A Libelinha". Já não me lembro de quem era o autor (teria sido Robert Heinlein? Talvez...), mas foi um conto que me marcou profundamente.
Num qualquer hipotético futuro, no qual as viagens no tempo eram já possíveis, existia uma empresa especializada em "safaris", nos quais os caçadores, a trôco de enormes fortunas, tinham a hipótese de matar um dinosauro.
De molde a não alterar o presente, experimentados guias exploravam o jurássico em busca de animais condenados, fosse por serem inevitáveis presas de predadores, fosse por doença, catástofre, etc... Esses animais eram marcados e apenas esses poderiam ser abatidos, num pequeno espaço de tempo anterior à sua já constatada morte. Assim se conseguia fazer um chorudo negócio, evitando cuidadosamente alterar o precário equilibrio do presente.
Os caçadores eram separados em pequenos grupos e seguiam com os guias, sobre umas placas antigravitacionais, de modo a não tocar em nada, e a única coisa que lhes era permitido, era disparar o tiro fatal sobre a bêsta pré-histórica préviamente selecionada.
Em certa expedição um dos caçadores entrou em pânico à vista de um enorme Tyranausauro, caíu da placa e pôs o pés naquele lamacento chão do jurássico. Foi instantâneamente apanhado por um dos guias, a expedição foi logo cancelada e voltaram rápidamente ao presente. O guia, irritadíssimo, explicava ao timorato caçador as tremendas consequências que podiam advir do seu gesto de pânico, enquanto avançavam pelo corredor. No fim deste havia uma placa. Ao olhar para ela, o guia estacou, e incrédulo, tentou ler o que lá estava: Onde se deveria lêr "Por Favôr, seguir pela direita", estava escrito "For lavôr, cegir pale deraita".
Atarantado, o homem parou, olhou para o seu cliente e agarrrando-lhe num pé observou-lhe a sola da bota: Esborrachada nas saliências da sola, jazia uma pequena libelinha.
A morte de tão insignificante animal, há tantos milhões de anos, modificara de forma subtil o presente.
A partir dessa altura passei a olhar para as pessoas como se fossem a libelinha do conto, e como consequência para mim próprio nessa mesma prespectiva: A existência de cada sêr humano, aparentemente importante ou não, marca de forma subtil, mas indelével, o futuro, pelo que parece fazermos todos parte de um enorme e complexo "puzzle" divino e num "puzzle", se nos faltar a mais insignificante das peças, jamais o conseguiremos terminar.
Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Novembro de 2003
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