quarta-feira, 24 de setembro de 2003

REGRESSO AO (FUTURO) PASSADO.
Há coisas que me confundem, principalmente quando elas parecem colidir com princípios de modernidade e de abertura de espírito, em questões que deviam aproximar as pessoas em vez de as afastar.
Ao que parece, a Curia Romana, através das Congregações para a Doutrina da Fé e para o Culto Divino, organismo dependente da mão férrea e ultra-conservadora do Cardeal Ratzinger, pretende proíbir algumas práticas que se começam a tornar comuns no seio da Igreja Católica (consultar link). Assim, entre outras, ficam proíbidas danças, palmas, a presença de mulheres no altar, celebrações conjuntas com sacerdotes de outras confissões, etc... E o documento de trabalho termina, incitando os fieis à denúncia destas práticas.
Particularmente, sendo católico, mas não fervoroso praticante, estas disposições não me incomodam, até por que acho algumas delas um tanto rídiculas, no entanto não posso ficar indiferente à mentalidade retrógrada, já tantas vezes manifestadas por Ratzinger.
Caso não saibam, a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, embora há muito tempo tivesse abandonado as práticas torcionárias e as perseguições religiosas, continuou formalmente a existir como instituição, a ocupar pessoas, em suma, a funcionar, até meados do Sec. XX, tendo sido então substituída exactamente pela Congregação para a Doutrina da Fé. Assim não espanta que permaneçam neste organismo alguns dos tiques de purismo espiritual (até a denúncia que era tão querida da Inquisição!) que sempre caracterizaram essa instituição de má memória, reflectindo nítidamente a personalidade do Cardeal Ratzinger, fazendo dele uma das figuras mais sinistras da Igreja moderna.
Hoje, num "forum" promovido pela TSF sobre o assunto, escutei um indefectível crente afirmar que não era a Igreja que tinha de se adaptar às pessoas, mas sim as pessoas à Igreja e quem não estivesse bem, que se mudasse (sic)!
Com atitudes destas não há fé que resista. Depois queixam-se do sucesso das IURD's e outras seitas que fácilmente se aproveitam do descontentamento das pessoas face a posturas tão fossilizadas e bafientas.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Setembro de 2003

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