sexta-feira, 12 de setembro de 2003

REFLEXÕES SOBRE RAY BRADBURY.
Teria eu aí uns catorze anos quando a obra prima de Ray Bradbury, Farenheit 451, foi publicada, penso que pela primeira vez em Portugal, na conhecida Colecção Argonauta, especializada em ficção científica, de que eu era, e sou, um adepto incondicional.
Farenheit 451 - Temperatura a partir da qual se inflama e consome um livro, rezava o livro na sua página de apresentação.
Lógicamente devorei-o numa noite e fiquei fascinado. Como tinha lido, havia pouco tempo, o 1984 de Orwell e achei que ambos os livros partilhavam uma linha comum, comentei-o entusiasticamente entre adolescentes da minha idade, com algumas pretensões intelectuais. Ray quê? Farenheit quantos? Bom... Decididamente não valia a pena. Tentei partilhar o meu entusiasmo com os poucos adultos que me davam alguma atenção mas a reacção foi idêntica.
Passaram-se alguns anos e François Truffaut realizou o filme, com Richard Burton no papel do bombeiro Montag sendo Julie Christie a sua mulher.
Aí tudo mudou: A Livros do Brasil editou o livro em edição dita "séria", toda a gente leu, toda a gente comentou e toda a gente elogiou.
Agora, tantos anos depois, vejo a obra reeditada na colecção Mil Folhas, que em boa hora o jornal Publico lançou, a par de nomes como Kerouack, Hemingway, Eça de Queiroz e tantos outros escritores de renome mundial e dá-me um certo gozo ter aquela pequena soberba, estúpida é certo, de achar que fui um dos primeiros a reparar nele cá no nosso "jardim à beira-mar plantado".
Tem piada, não tem?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 12 de Setembro de 2003

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