terça-feira, 23 de setembro de 2003

MAS AFINAL, EM QUE ESPAÇO ORBITAMOS NÓS?
Pode ser que eu esteja muito enganado, mas o que mais me seduziu na chamada “Blogosfera” foi o seu carácter profundamente libertário, digamos mesmo, anarquista!
Como rezam as mais ortodoxas filosofias anarquistas, a anarquia por si própria constitui a mais alta expressão da ordem. Houvesse o cívismo e o respeito pelo próximo levados à sua mais alta instância e de facto as instituições tornar-se-iam inúteis.
Esta pequena reflexão filosófica prende-se com uma profunda perturbação que se apossou da Blogosfera!
A propósito de um Blogue, de facto miserável, o “muito mentiroso”, transformado posteriormente em “mais ou menos mentiroso” (não forneço deliberadamente os “links”) foram ditas coisas inimagináveis, dentro e fora da Blogosfera, com grande relevância para o oráculo dos Blogues nacionais, José Pacheco Pereira.
O mais espantoso deste assunto foi de que se chegou a falar em polícia, processos, queixas no tribunal contra desconhecidos, etc... Uma ridicularia!
Em relação ao que se produz na rede, cada um faz o que quer: Escreve o que lhe apetece e lê o que lhe apetece. Como qualquer comunidade, a comunidade dos Bloggers tem os seus próprios mecanismos de controle e é capaz de gerar os seus anti-corpos. A verdade é que vários jornais nacionais noticiam hoje o auto-encerramento do dito Blogue, acabando de vez com esta estupidez colectiva. Resta-me ainda acrescentar que os textos que foram entretanto publicados na Blogosfera, foram anteriormente enviados a várias personalidades, pelo que, no fundo apenas nos deu a (des)informação que a maior parte dos políticamente priveligiados já possuiam.
Estamos em presença do último espaço realmente livre do Universo conhecido! Por favor não dêm cabo dele com tentativas de imposição de regras externas, redutoramente castradoras.
De um modo geral, a Sociedade, cobarde e subniveladora, tem a incontrolável vontade de colocar um redíl em volta de qualquer ovelha que aparente estar tresmalhada. Sempre foi assim com os rídiculos que se lhe conhecem: Lembram-se da história dos Objectores de Consciência? Bom, significava que quem o fôsse estava isento da tropa, mas para garantir o não-abuso da lei, obrigava-se o mancêbo (na altura não havia mancêbas!) a apresentar um documento assinado e carimbado pelo padre da paróquia a atestar a sua objecção de consciência. Vêm bem a estupidez? Que validade pode ter um documento destes, a não ser aparentar um inexistente domínio sobre um fenómeno?
Deixem-nos em paz! Deixem-nos criar e activar os nosso próprios mecanismos. Não se choquem com o anonimato: Ele é útil! Se não o fosse porque é que o voto, em democracia (que não no PCP), haveria de sêr secreto?
Como já disse algures, em outro “post”, noutro Blogue, não é por acaso que o Homem Aranha, o Batman, o Super-Homem, a Cat-woman e o próprio Capitão Marvel, tinham identidades secretas. Nós não precisamos de gritar “Shazam!” para operar a mágica transformação. Basta-nos digitar uma “password”.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Setembro de 2003

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