sexta-feira, 10 de outubro de 2003

QUE VERGONHA!
(Nota Prévia: Este “post” foi modificado porque manifestamente não gostei do que havia escrito antes.)

Após ter assistido ao lacrimejante reencontro entre o PS e o seu (ex?)delfim, o meu humor e disposição variaram entre o incrédulo, o irritado e o verdadeiramente furioso.
As razões que me fizerem alternar entre estes estados de espírito são várias e por uma questão de metodologia, passo a enumerá-las por pontos:

1 – Paulo Pedroso viu a sua prisão preventiva substituída por termo de identidade e residência, o que significa que o dito senhor não foi ainda absolvido de nada e terá de comparecer a julgamento, pese no entanto a sua inquestionável presunção de inocência.
2 – A histeria colectiva que se apossou do PS foi um dos espectáculos mais tristes a que tenho assistido. Mais parecia estarmos a assistir à libertação de um refém raptado por bandidos, em vez de a vulgar devolução à liberdade de um mero preso preventivo.
Dir-se-ia que Pedroso foi recebido como um messias, ansiosamente aguardado, que os socialistas acreditam poder vir a tirar o PS do estado de catatonia em que se encontra.
3 – A sanha completamente selvagem dos repórters de imagem foi arrepiante. Pareciam hienas à volta de um cadáver putrefacto. As cenas de pugilato, se não ocorreram, pelo menos estiveram eminentes. Foi um triste espectáculo, levando em conta que alguns deles pertencem à televisão que é paga por todos nós.
4 – Jorge Lacão, com aquele seu ar de amanuense servil, deslocou-se ao EPL para assistir ao vivo à libertação do colega e produziu uma série de considerações sobre o acordão da Relação. Até aqui tudo bem, não fôra ter tomado ambas as iniciativas em nome da Comissão de Ética do Parlamento sem para isso estar mandatado. Agora querem a cabeça dele e esperemos que a obtenham.
5 – A simples ideia de Ferro Rodrigues lavado em lágrimas, chega a ser obscena. Manuel Alegre confessa que chorou e acabou por largar um sonoro e esclarecedor “pôrra!” quando não conseguiu furar a muralha mediática que se formara em volta de Pedroso.
6 – Todos estes insólitos e lamentáveis episódios se passaram na Assembleia da República, casa que é paga e sustentada por todos nós e que deveria servir altos e nobres designios nacionais e não meras lamechices partidárias.
7 – Em pleno páteo da AR, Paulo Pedroso, arguido num caso de pedofilia, fez esclarecimentos aos “media” sobre o que ele pensa do assunto e aventa mesmo certas disposições legais que futuramente irá propôr sobre a questão. Não duvido das boas intenções de Pedroso, principalmente se for considerado inocente no processo, mas manda o decôro que se mantivesse calado e reservado. Foi inadmíssivel!
8 – Ao que parece, e ao arrepio de qualquer lógico conceito deontológico, Paulo Pedroso vai reassumir o seu mandato na AR. Já que eu lhe pago uma pequena parcela do ordenado, penso ter o direito de colocar as seguintes dúvidas: Em que condições psicológicas vai funcionar o deputado? Que desempenho possível terá Pedroso?

É por estas... e por outras, que eu estou furioso!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 10 de Outubro de 2003

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