Tenho de começar por esclarecer que nada me move contra os Judeus em
geral, e muito menos em particular, já que tenho muitos amigos Judeus que muito
prezo e admiro.
Esta espécie de registo de interesses justifica-se pelo facto de que
se o não fizesse, seria provávelmente apelidado de xenófobo, racista e
anti-semita, coisa que não sou.
Por outro lado, se a minha tolerância não tem eco do outro lado da “barricada”,
então sinto-me suficientemente liberto e desinibido para exteriorizar sem
complexos, algumas coisas que me incomodam, mesmo correndo o risco de ser “políticamente
incorrecto”.
O facto de eu não ser anti-semita
não significa que eu aceite com facilidade as filosofias e políticas
ditas Sionistas. O Sionismo, e para isso basta consultar a acessível Wikipedia, trata-se de uma filosofia política,
baseada num Nacionalismo exacerbado que, resumidamente, tudo justifica em prol
do Estado de Israel, sem olhar a meios ou métodos, que não só o mantenham, como
também o reforcem.
Vem tudo isto a propósito de uma conferência, recentemente ocorrida na
Fundação Gulbenkian sob o signo de “Os Refugiados do Holocausto e Portugal”.
Não posso deixar de reconhecer a importância do tema, que ao que
parece foi ampla e abertamente discutido. Não tendo assistido a este simpósio,
mais não me resta do que comentar o que a imprensa de referencia publicou sobre
o assunto, e assim, aqui me arrogo o direito de interpelar o Embaixador de
Israel em Lisboa, Sr. Ehud Gol, que no âmbito deste encontro se atreveu a tecer
juízos e comentários que de forma
nenhuma posso aceitar.
Diz este diplomata que Portugal
tem “uma nódoa” que os Judeus não esquecem. E que “nódoa” é essa? A de que “Portugal
foi o único País que colocou a bandeira
a meia haste durante três dias, quando foi conhecida a morte de Hitler”.
Pois bem, se me perguntarem se concordo? Não concordo! Mas que raio, eu
ainda nem tinha nascido, e portanto, com propriedade me pergunto, o que tenho
eu a ver com isso?
Não creio que o senhor Gold achasse correcto que fosse intrepelado pelo facto dos seus antepassados terem
libertado o ladrão Barrabás e enviado Cristo para a cruz.
Depois surge uma crítica sobre a ruína em que se encontra a casa de
Aristides Sousa Mendes, utilizando termos, no mínimo indelicados, afirmando a
certo passo: “Não venham ter connosco, ou com os EUA para tratarmos da casa.
Façam vocês algo para promoverem os vossos “justos”.” Ora bem, os meus "justos" sou eu que os classifico e não qualquer estrangeiro, seja ele Diplomata ou carroceiro.
Dadas as circunstâncias históricas, no meu ponto de vista, isto
não só é ofensivo, como realmente intolerável! Temos tanto Património histórico
a recuperar, que não descortino a enorme prioridade dada à casa de Sousa Mendes,
um solar em ruínas, como muitos outros, perdido lá na profundeza das Beiras, e sobre o qual, nem os herdeiros se entendem.
Para lá desta enorme falta de educação e de arrogância, o embaixador
mostrou-se chocado pelo facto de os “professores Portugueses não aprenderem nem
ensinarem o suficiente sobre o holocausto”, acrescentando que esta formação é
ministrada pela escola internacional do
Yad Vashen (o Memorial do Holocausto em Jerusalem). Ora bem, e porquê? Isso
será mais importante do que, por exemplo, do que ensinar sobre o desastre de Alcacer Quibir?
Não acredito que qualquer pessoa com um módico de sensibilidade e
humanidade, possa ficar insensível à
barbárie em que consistiu o holocausto, mas daí a tornar-se obrigatóriamente um
assunto prioritário no nosso programa de ensino obrigatório, vai uma enorme
diferença.
Há também que não esquecer os massacres prepretados por Israelitas em aldeias
Palestinas nos anos do pós-guerra, do constante atropêlo aos direitos
humanos levados a cabo sobre populações civis na faixa de Gaza, da insidiosa invasão
de colonatos em território da Cisjordânia, o
massacre levado a cabo por Ariel Sharon sobre campos de refugiados Palestinos
na Jordânia, no qual nem os cavalos escaparam, e tantas outras indignidades, como a construção de um "muro", com todas as suas conotações, que define a fronteira entre Israel e Gaza.
No seu geral, trata-se de uma história triste e repleta de
barbaridades, que não pode ser perpetuada, sendo permanentemente extirpada dos actos de um lado e
potenciada pelos actos do outro.
Tenho institucionalmente respeito pelo Corpo Diplomático e pelos Diplomatas
em geral, mas como “quem não se sente, não é filho de boa gente”, aconselho o
senhor Gold a ter alguma moderação na forma como se dirige aos Portugueses. Em
primeiro lugar, porque objectivamente não participaram, nem directa ou indirectamente no
holocausto, e em segundo, porque não aceitamos lições de moral de ninguém, muito menos
do representante de um Povo, que tendo sido vítima de um crime hediondo, não se
pode arrogar ao direito de invocar esse crime “ad saeculae saecolorum” como uma
justificação para crimes do mesmo tipo, praticados em nome de uma filosofia
política igualmente odiosa, dando sempre como justificação o seu próprio
sofrimento. Sem se dar conta (ou talvez não), o Estado de Israel está-se a
colocar moralmente ao mesmo nível daqueles a quem acusam de tentarem o seu
genocídio.
1 comentário:
Ze Maria como sempre na mouche! E como tambem ja comentei, ASousa Mendes salvou 30.000 judeus e nem um unico judeu salvou ASousa Mendes de morrer na miseria, miseria essa provocada pelo seu acto profundamente misericordioso de salvar os mesmos judeus! Tudo para eles e nada para os outros!AB
Enviar um comentário