quarta-feira, 31 de outubro de 2012

SOB O SIGNO DA ESTRELA DE DAVID.

Tenho de começar por esclarecer que nada me move contra os Judeus em geral, e muito menos em particular, já que tenho muitos amigos Judeus que muito prezo e admiro.
Esta espécie de registo de interesses justifica-se pelo facto de que se o não fizesse, seria provávelmente apelidado de xenófobo, racista e anti-semita, coisa que não sou.
Por outro lado, se a minha tolerância não tem eco do outro lado da “barricada”, então sinto-me suficientemente liberto e desinibido para exteriorizar sem complexos, algumas coisas que me incomodam, mesmo correndo o risco de ser “políticamente incorrecto”.
O facto de eu não ser anti-semita  não significa que eu aceite com facilidade as filosofias e políticas ditas Sionistas. O Sionismo, e para isso basta consultar a acessível  Wikipedia, trata-se de uma filosofia política, baseada num Nacionalismo exacerbado que, resumidamente, tudo justifica em prol do Estado de Israel, sem olhar a meios ou métodos, que não só o mantenham, como também o reforcem.
Vem tudo isto a propósito de uma conferência, recentemente ocorrida na Fundação Gulbenkian sob o signo de “Os Refugiados do Holocausto e Portugal”.
Não posso deixar de reconhecer a importância do tema, que ao que parece foi ampla e abertamente discutido. Não tendo assistido a este simpósio, mais não me resta do que comentar o que a imprensa de referencia publicou sobre o assunto, e assim, aqui me arrogo o direito de interpelar o Embaixador de Israel em Lisboa, Sr. Ehud Gol, que no âmbito deste encontro se atreveu a tecer juízos e comentários  que de forma nenhuma posso aceitar.
Diz este diplomata  que Portugal tem “uma nódoa” que os Judeus não esquecem. E que “nódoa” é essa? A de que “Portugal foi o único País  que colocou a bandeira a meia haste durante três dias, quando foi conhecida a morte de Hitler”.
Pois bem, se me perguntarem se concordo? Não concordo! Mas que raio, eu ainda nem tinha nascido, e portanto, com propriedade me pergunto, o que tenho eu a ver com isso?
Não creio que o senhor Gold achasse correcto que fosse intrepelado  pelo facto dos seus antepassados terem libertado o ladrão Barrabás e enviado Cristo para a cruz.
Depois surge uma crítica sobre a ruína em que se encontra a casa de Aristides Sousa Mendes, utilizando termos, no mínimo indelicados, afirmando a certo passo: “Não venham ter connosco, ou com os EUA para tratarmos da casa. Façam vocês algo para promoverem os vossos “justos”.” Ora bem, os meus "justos" sou eu que os classifico e não qualquer estrangeiro, seja ele Diplomata ou carroceiro.
Dadas as circunstâncias históricas, no meu ponto de vista, isto não só é ofensivo, como realmente intolerável! Temos tanto Património histórico a recuperar, que não descortino a enorme prioridade dada à casa de Sousa Mendes, um solar em ruínas, como muitos outros, perdido lá na profundeza das Beiras, e sobre o qual, nem os herdeiros se entendem.
Para lá desta enorme falta de educação e de arrogância, o embaixador mostrou-se chocado pelo facto de os “professores Portugueses não aprenderem nem ensinarem o suficiente sobre o holocausto”, acrescentando que esta formação é ministrada  pela escola internacional do Yad Vashen (o Memorial do Holocausto em Jerusalem). Ora bem, e porquê? Isso será mais importante do que, por exemplo, do que ensinar sobre o desastre de Alcacer Quibir?
Não acredito que qualquer pessoa com um módico de sensibilidade e humanidade, possa ficar  insensível à barbárie em que consistiu o holocausto, mas daí a tornar-se obrigatóriamente um assunto prioritário no nosso programa de ensino obrigatório, vai uma enorme diferença.
Há também que não esquecer os massacres prepretados por Israelitas em aldeias Palestinas nos anos do pós-guerra, do constante atropêlo aos direitos humanos levados a cabo sobre populações civis na faixa de Gaza, da insidiosa invasão de colonatos em território da Cisjordânia,  o massacre levado a cabo por Ariel Sharon sobre campos de refugiados Palestinos na Jordânia, no qual nem os cavalos escaparam, e tantas outras indignidades, como a construção de um "muro", com todas as suas conotações, que define a fronteira entre Israel e Gaza.
No seu geral, trata-se de uma história triste e repleta de barbaridades, que não pode ser perpetuada, sendo permanentemente extirpada dos actos de um lado e potenciada pelos actos do outro.
Tenho institucionalmente respeito pelo Corpo Diplomático e pelos Diplomatas em geral, mas como “quem não se sente, não é filho de boa gente”, aconselho o senhor Gold a ter alguma moderação na forma como se dirige aos Portugueses. Em primeiro lugar, porque objectivamente não participaram, nem directa ou indirectamente no holocausto, e em segundo, porque não aceitamos lições de moral de ninguém, muito menos do representante de um Povo, que tendo sido vítima de um crime hediondo, não se pode arrogar ao direito de invocar esse crime “ad saeculae saecolorum” como uma justificação para crimes do mesmo tipo, praticados em nome de uma filosofia política igualmente odiosa, dando sempre como justificação o seu próprio sofrimento. Sem se dar conta (ou talvez não), o Estado de Israel está-se a colocar moralmente ao mesmo nível daqueles a quem acusam de tentarem o seu genocídio.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ze Maria como sempre na mouche! E como tambem ja comentei, ASousa Mendes salvou 30.000 judeus e nem um unico judeu salvou ASousa Mendes de morrer na miseria, miseria essa provocada pelo seu acto profundamente misericordioso de salvar os mesmos judeus! Tudo para eles e nada para os outros!AB