quarta-feira, 8 de novembro de 2023

CARTA ABERTA AOS QUEIROSIANOS, E NÃO SÓ...



Mais de 123 após a sua morte, José Maria Eça de Queiroz,  nosso bisavô, volta a ser incomodado no seu eterno descanso.

Tendo este caso gerado polémica inesperada, pontuada por por desinformação, alguns destratos e até referências calunioosas, a nosso ver escusadas e que apenas ficam com quem as fez.

Sobre isto cumpre-nos esclarecer alguns pontos importantes, mas pouco abordados

Em 1⁰ lugar é preciso esclarecer de que a Fundação Eça de Queiroz (FEQ), sediada no Concelho de Baião, não representa nem nunca representou a família do escritor, sendo uma sociedade de direito privado conjunturalmente presidida por um trisneto de Eça a quem não compete sequer pronunciar-se sobre o assunto à luz da lei vigente. Fica pois claro que a FEQ não tem direitos de representação da família nem sobre os restos mortais do escritor que está enterrado junto à sua filha no cemitério de Santa Cruz do Douro – e de que a Fundação é apenas fiel-depositária.

Como é sabido, Eça de Queiroz morreu em Paris em 1900. Foi trasladado para Portugal onde ficou depositado no jazigo da família Rezende – família da sua mulher – aguardando a decisão de sua viúva sobre o local definitivo que seria a sua última morada.

Passou-se o tempo, a nossa bisavó morreu, e os filhos aceitaram que as coisas ficassem como estavam.

Em 1989, por razões que não nos dizem respeito, a família foi Informada pela Câmara de Lisboa de que o jazigo ia mudar de mãos, e onde se perguntava também que destino iriam ter os restos mortais do nosso antepassado.

Nessa altura, foram consultadas as netas sobrevivas, e oficiosamente o então Presidente da República Dr. Mário Soares , perguntou se aceitariam a trasladação para o Panteão Nacional – eram pois as herdeiras mais próximas – e por unanimidade a sugestão foi recusada pelas herdeiras tendo então o corpo sido enviado para o cemitério de Santa Cruz do Douro, Concelho de Baião junto à quinta que Eça mitificou no seu romance “A Cidade E As Serras”, pelo que se pensou que o assunto tinha ficado resolvido por quem de direito e que não iria ressurgir inopinadamente mais de 30 anos depois

A Fundação foi criada por Maria da Graça Salema de Castro, viúva de Manuel Pedro Benedito de Castro, neto de Eça, que cedeu a casa e toda a propriedade à FEQ, assumindo-se compreensivelmente como Presidente vitalícia, pois tratava-se da casa onde residia desde que casara. E assim, durante mais de 30 anos, Eça repousou sossegado nesse bonito lugar, pois todos sabiam que D. Maria da Graça jamais patrocinaria a sua trasladação.

Com a sua morte, em 2015, as coisas mudaram, e com a conivência do actual Ministro José Luís Carneiro, então Presidente da Camara Municipal de Baião, membro por inerência do Conselho de Administração da FEQ e de malas feitas para ocupar importante cargo partidário em Lisboa, a Fundação propôs à Assembleia da República a atribuição de honras de Panteão a Eça de Queiroz. Proposta esta que não tinha a competência legal para apresentar, pelo que o Parlamento votou algo que não estava de acordo com a lei e que nos soou a pagamento de favores – o que, a ser verdade, seria inqualificável.

Este é um relato factual, facilmente confirmável pelos factos dados à estampa pela imprensa de 1989.

Poderá perpassar pela ideia de alguém de que esta polémica não passa de uma mera querela familiar, mas na realidade é muito mais do que isso. Trata-se de uma questão de fundo que representa um aproveitamento político para nós intolerável, tal como o facto de alguns bisnetos considerarem mais importantes as suas ambições pessoais do que a memória do seu bisavô, que com esta trasladação, seria enterrado pela 4ª vez nos últimos 123 anos.

Terminamos afirmando que nos sentimos orgulhosos com as honras de Panteão Nacional, seja através de lápide ou cenotáfio, desde que não envolvam de forma alguma a saída dos restos mortais do escritor de Santa Cruz do Douro.

Como sempre o dissemos, a obra de Eça de Queiroz pertence aos Portugueses, mas não os seus restos mortais.

Não nos movem quaisquer intenções que não sejam respeitar o que resta do Homem, e dado que nada disto é uma Sociedade Anónima, tudo o que seja contrário ao seu pensamento e escritos consistirá numa irreparável ofensa à sua memória.


 

A IL À VOLTA DO SEU LABIRINTO.

Infelizmente começo a ficar tão  irritado como desiludido com o que passa na IL e temo que de desilusão em desilução, o Partido me leve à desilusão final...
Desde a campanha interna da VII Convenção, até aos dias de hoje tem-se assistido a uma degradação lastimável nos objectivos e pressupostos que me levaram a aderir e filiar no partido, que me parecia fresco, actuante,  liberal e diferente dos outros velhos e também novos partidos, carregados de vícios, más práticas e exacerbadas ambições pessoais a se sobreporem aos interesses colectivos dos eleitores... Infelizmente parece que a IL sucumbiu à tentação e irónicamente é hoje um Partido cada  vez mais "partido"...
Critiquei o João Cotrim Figueiredo e tive saudades do seu "alter- ego" que tão bem nos representou na sua versão de "deputado único", não por ter abandonado a Presidência do partido, mas pela forma como conduziu o processo sucessório que deixou no ar um incómodo cheiro a Coreia do Norte...
Gosto de João Cotrim de Figueiredo e voltaria a votar nele, mas não poderia deixar de lhe fazer esta crítica...
Quanto a Rui Rocha, escuso de gastar muitas palavras... um homem sem preparação política e sem qualquer carisma, incapaz de unir o Partido e assessorado por um "staff" que pensa mais nos interesses e ambições pessoais do que no bem dos Portugueses e que prossegue numa deriva populista que muito provávelmente há-de acarretar graves danos eleitorais...
Os conflitos entre órgãos internos que se foram instalando, a falta de transparência sobre o seu funcionamento, as "piadas da geral" e ataques pessoais que pululam nas redes sociais e não só, estão a tornar o ambiente da IL irrespirável...
Infelizmente, nem a idade nem a saúde me permitem ter uma postura mais pro-activa no Partido, para lá destes desabafos que muito me entristecem...
Não poderei estar pessoalmente nos actos colectivos do Partido, mas segui-los-ei muito atentamente online, tirarei as minhas conclusões e decidirei se há forma de ter uma réstea de fé no projecto IL ou se acrescentarei mais um dígito ao crescente exército abstencionista...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

NA RESSACA DA VII CONVENÇÃO DA INICIATIVA LIBERAL

Passada uma semana sobre a VII Convenção da Iniciativa Liberal, decidi deixar aqui um testemunho de tudo o que vi e deduzi naqueles tão intensos dois dias.

Começo por referir que mais de 99% dos participantes tinham idade para ser meus filhos, e mesmo meus netos, mas a minha já provecta idade não me criou dificuldades ou facilidades perante a tão jovem assembleia, apenas a estranheza de me ver participar activamente num partido que deseja mudar o futuro, pois o meu já não se afigura longo, e de um modo geral consideram, e bem, a Iniciativa Liberal um partido de jovens.
A verdade é que tenho 12 netos e é pelo futuro deles que eu luto, com o entusiasmo que ainda é muito e com as forças que me restam, que já não são tantas assim.

Enfim... A Convenção, na sua parte organizativa e, digamos, burocrática, apresentou várias imperfeições que espero sejam resolvidas de futuro, pois o desperdício de 4 horas acabou por ser penoso para todos os participantes.

Indo ao fundo da questão e ao que interessa, a verdade é que pela 1ª vez o Partido teria de escolher entre 3 listas, de uma das quais sairia o sucessor de João Cotrim Figueiredo, cuja figura carismática conseguiu guindar para 8 o número de deputados para um Grupo Parlamentar um tanto inesperado, mas cujo anúncio de não recacandidatura à Presidência da IL acabou por criar um clima de proto-crise, mas que na realidade não passou disso mesmo.
Parafraseando Mark Twain acerca das notícias da sua morte, as notícias de uma crise divisionista na IL são manifestamente exageradas.

Os cerca de 30 dias que durou a campanha interna, muito activa e competitiva, teve momentos de grande exagêro, alguns até demasiado encarniçados, mas a verdade é que existiam 3 projectos diferentes, cujas Moções de Estratégia, na parte política eram concordantes e apenas diferiam dos métodos para a sua execução.
Neste ponto apenas posso referir que a juventude dos participantes levou a intervenções muito apaixonadas, por vezes mesmo exageradas, e que de um modo geral exibiram uma certa falta de cultura política, com aplausos e vaias à mistura, emprestando por vezes ao evento um ambiente mais consentâneo com um estádio de futebol em dia de clássico, do que com uma reunião política. Pode ser que para a próxima reunião magna já tenham meditado no assunto e corrigido os exagêros.
A curiosidade da Comunicação Social era muita e os vários orgãos de CS formigavam por ali, com entrevistas e directos consecutivos, o que criou alguma confusão, pois os acontecimentos eram relatados por comentadores e analistas que de facto nunca levaram em conta as dificuldades de um Partido tão recente enfrentar uma Convenção com quase 2.300 membros entre presenciais e participantes online, dentro de um universo que caminha para os 7.000 militantes.

Este conjunto de ingredientes acabou por ser erróneamente intrepertado como uma clivagem no Partido, em que "Clássicos" e "Progressistas" seriam dois líquidos não miscíveis, o que nessa situação ditaria uma enorme quebra do aparente unanimismo que prepassava para a Opinião Pública.
Durante a Convenção, naquelas conversas cruzadas que ocorrem entre conhecidos e desconhecidos, sempre que fui inquirido sobre isto, relembrei uma frase, que embora não esteja totalmente seguro, penso que é da autoria de Joseph Alouisius Ratzinger
 sobre a religião e a Europa que rezava o seguinte: "Ser Católico é uma opção, mas ser Cristão é uma cultura..." e para contextualizar, dizia eu que ser "Clássico" ou "Progressista" eram opções, mas ser Liberal era uma cultura, sendo que várias tendências poderão conviver dentro da mesma ideologia e cultura política. Espero que me acreditem, pois essa é uma ideia que perfilho totalmente.

As votações tiveram os seus "quid pro quo" electrónicos, mas acabaram por correr bem. A lista da minha preferência foi derrotada, mas a Democracia é assim mesmo e portanto, após a oficialização dos resultados e pacificação entre as partes, prepassou um clima geral de aceitação e concordância que se sentia nos rostos e no tom geral das conversas.
Rui Rocha tem agora a tarefa de desfazer esta imagem e de sossegar alguns inconformados, ou mesmo alguns mal informados. É uma tarefa imprescindível, delicada e talvez morosa, mas esperemos que o novo Presidente tenha a sabedoria de tratar e resolver estas questões.
Não concordo com a estratégia proposta para a dinamização dos Núcleos Territoriais e captação de novos eleitores, mas a verdade é que ao longo da minha vida já agi com pressupostos errados e, a bem da IL, esta poderá ser mais uma vez em que errei.
Pela parte que me toca, aceito plenamente a actual Presidência, nada fazendo contra ela e oferecendo a minha colaboração para tudo o que seja necessário e eu consiga fazer para a ajudar.

Há pois que continuar na senda de crescimento que a IL tem demonstrado, a caminho de uma situação cada vez mais significativa no Parlamento, e porque não num futuro Governo, de modo a conseguir influenciar o rumo político de Portugal, arredando do Governo o Socialismo que tem estrangulado  nosso crescimento e tem aumentado a miséria, diminuindo peso opressivo do Estado nas nossas vidas e devolvendo à pessoa humana a liberdade individual que as políticas colectivistas vão cerceando cada vez mais.

Por um Portugal mais Liberal teríamos toda a vantagem em sanar as pequenas quezílias que nos incomodam e substitui-las por um espírito de missão que nos levasse a conseguir influenciar um Governo mais dialogante, menos pesporrente, menos corrupto e mais competente. Será pois a missão individual de cada um, trabalhar neste sentido, dandos-lhe a prioridade e entusiasmo totais.

POR UM PORTUGAL MAIS LIBERAL...!!!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

PÕE-TE A PAU, Ó MEDINA !

Ó Medina, explica lá essa coisa do custos das JMJ's... Diz lá quais foram os compromissos que assumiste no Panamá quando lá foste em 2019 para confirmar a vitória de Lisboa...7

Onde está o tom triunfante de vitória arrebatadora, com o Marcelo em estado de pré-orgasmo a olhar para as câmaras balbuciando "Ganhámos...! Ganhámos...!

O Marcelo, como é seu costume deu o dito por não dito logo que lhe cheirou a esturro e tu ó Medina, não tens nada a dizer sobre um assunto que decorreu no teu mandato...? Ou também já não te lembras porque já faz muito tempo...?

Da maneira como andas desmemoriado, devias ir ao médico, pois já nem com memofante lá vais...

E agora deixas o Moedas ser queimado na praça pública...?

Eu não conheço o Moedas, que nem Presidente da minha Câmara é, mas tenho-o por homem sério, coisa que até poderia dizer de ti  mas infelizmente tudo o que tens feito, torna-te cada vez mais suspeito das coisas de que a gente vai desconfiando...

A bronca está instalada e tu és o olho do furacão, mas não te iludas com a aparente calma que aí reina, pois essas  coisas são instáveis e podem mudar de repente, e aí não há falta de memória que te salve, pois há muitos testemunhos a chamar-te à pedra...

Julguei-te senhor de uma inteligência, digamos, mediana, mas esta tua atitude desmente cabalmente este juízo, pois se estás ciente de que agiste bem e que as coisas foram correndo de feição, já devias ter esclarecido todo este escaçaréu, mas não é isso isso que parece estar a acontecer e portanto, o teu silênco torna-se ensurdecedor...

Pois é... És Socialista, e como bom Solialista que és, estás mais preocupado com a tua carreirita lá pelo Largo do Rato, do que no país que o teu Partido esqueceu, já não conhece, que vai empobrecendo o Povo e que pensa que esta sucessão de escândalos fica resolvida só porque o Caudilho Costa declara perante uma câmara de TV que o assunto está resolvido, mas nota bem que nenhum está resolvido, pois todos deixam atrás um rasto nauseabundo a corrupção, compadrio e nepotismo...

Não gosto lá muito de ti, mas utilizando uma réstea de humanismo e caridade, deixo-te aqui um aviso: PÕE-TE A PAU, Ó MEDINA...!

NOTA:

Este texto de opinião nada tem a ver com possíveis questões religiosas, pois Medina pretendeu gastar, ou gastou 3M€ com uma mesquita próximo ao Intendente...

O que me move é a covardia, inépcia e descaramento que é representado pelo silêncio de quem tomou as decisões e assumiu os compromissos...

Irrita -me também profundamente a hipocrisia dessas "virgens" que rasgam as vestes com os custos associados às JMJ's, usando o demagógico argumento que essas verbas deveriam ir para acções sociais...

As verbas que deveriam ter ido para acções sociais, seriam os 110M€ do contracto assinado pelo governo e CML com Paddy

Cosgrave, para manter o Websummit em Portugal até 2028, os 3.400M€ enterrados na TAP, os outros 3,400M€ metidos no Novo Banco, os 10M€ mensais que o Estado mete  mensalmente na Efacec, as indeminizações milionárias pagas pela TAP e mais um não sei quantos milhões de euros que o governo utiliza de forma irresponsável e leviana, como se o dinheiro dos contribuintes fosse um autêntico porquinho mealheiro...

Tenham vergonha... Parafraseando Almada Negreiros, Portugal não é um país, é apenas um sitio mal frequentado...!


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

LIBERAL... SEMPRE LIBERAL... 2.0


Com atenção redobrada escutei este 1⁰ debate a três mãos que incluiu o 3⁰ Candidato á Presidência da Iniciativa Liberal, José Cardoso. Como de costume não tirei notas, mas relevei  alguns aspectos que cada vez mais reforçam aquilo que o meu íntimo me aconselha: Apoiar e votar em Carla Castro. 

Para que este texto não seja confundido com um mero folheto de campanha, abaixo tentarei fundamentar estas opiniões, que no fundo, mais nada são que isso, apenas opiniões. 

Começo por saudar José Cardoso, que eu não conhecia mas que me pareceu um homem sério e conhecedor dos mecanismos internos do partido, com uma postura demasiado teórica e institucional e cuja moção não se debruça sobre aspectos muito concretos, preconizando a reestruturação do partido, mais sobre o ponto de vista organizativo e  burocrático, algo que não parece útil nesta fase. Há boas ideias, mas que podem ser implementadas a médio e longo prazo.


Pela 2ª vez ouvi Rui Rocha dizer que quer acabar com o bipartidarismo. O objectivo é ambicioso, mas encerra um perigo mortal. Como qualquer observador informal perceberá, hoje em dia o bipartidarismo perdeu muito do seu sentido na Europa e as forças partidárias de menor expressão têm de escolher a sua trincheira. Por esta razão, com o extremar das posições à Direita e à Esquerda, o Centro desapareceu em combate, e o que resta tenta fugir da Terra de Ninguém, aquela onde é atacada pelos dois lados. Basta ver as esdrúxulas alianças partidárias que governam por essa Europa fora. Assim, como realisticamente é de prever que a IL não tenha rápidamente expressão eleitoral para liderar uma aliança, acabará por ser a força "apoiante" e não a força "apoiada". Lembram-se do que aconteceu ao Ciudadanos em Espanha e ao CDS por cá? É que nesta circunstância, o partido que lidera torna-se um eucalitpo que acaba por secar tudo o que lhe está próximo. Essa é uma perigosíssima estratégia de poder que pode dar muito maus resultados.

A questão da solução política encontrada nos Açores apenas não embaraçou José Cardoso. Enquanto Rui Rocha e Carla Castro se perderam na dialética sobre  não aceitarem que o Modelo Açoriano possa ser replicado na Madeira ou na República, José Cardoso exprimiu aquilo que é lógico: Acordos com o PSD, ok. Se o PSD quiser lateralmente acordar com o Chega, então problema já não será da IL mas sim do PSD. Aliás, embora eu não me identifique em NADA com o Chega, acho que se o TC legalizou a sua existência, porque é que tratamos o PCP melhor que o Chega? É por o PCP ser Democrata? Não temos de ser amigos, mas acho esta hostilização permanente um exagêro.

Chegamos então à verdadeira questão: A expansão da nossa base eleitoral.

Esperar que o PS ou o PSD alterem significatimente a lei eleitoral é mais ingénuo do que acreditar no Pai Natal. Todo este sistema foi criado para beneficiar os dois maiores partidos e nenhum deles jamais desistirá desse previlégio. Assim onde pode a IL buscar mais votos? O PSD já foi bem sangrado e se Montenegro não abrir uma crise, o que já foi transferido por cá ficará e sobre o CDS nem vale a pena falar. Assim o mercado ficou muito estreito, resumindo-se essencialmente ao recém chegado voto jovem que anualmente atinge a maioridade e ao gigantesco mundo da abstenção.

O voto da juventude recém chegada deverá ser potenciado através de sub-grupos criados nas diversas universidades, que são os viveiros de cidadania e o alfobre de gerações que podem ser captadas pela comparação dos cenários possíveis para o seu futuro, sublinhando que está na sua mão uma real alternativa à emigração.

Sobra então uma larguíssima faixa de população que ronda os 53% que pura e simplesmente não vota. É o enorme grupo do abstencionismo, que se devidamente identificado, localizado e acompanhado, apresenta perpectivas imensas. Há que saber chegar lá e apelar ao voto na IL, e se é verdade que as redes sociais e os portais poderão ajudar, acho que o contacto social, verdadeiro, empático e dirigido, poderá ter resultados surpreendentes.

E com estas reflexões espero que  os dias 20 e 21 nos tragam a possibilidade de um futuro auspicioso que emergirá do  voto informado e soberano de TODOS os  militantes com vista a um Portugal melhor, livre de ideologias colectivistas, que embora prometa uma mais justa distribuição das riquezas, a única coisa que distribui é a miséria que sempre produz.

LIBERAL... SEMPRE LIBERAL...!

Nos próximos dias 20 e 21 de Janeiro uma onda Liberal percorrerá a Zona da Junqueira, convergindo para o Pavilhão de Congressos com o elevado intuito de decidir as futuras linhas de actuação da Iniciativa Liberal, face à actual composição da AR e ao crescimento da sua presença parlamentar com a expressiva subida de 1 para 8 deputados.

A declaração pública da indisponibilidade de Cotrim Figueiredo em continuar a assegurar a Presidência da IL, tendo logo de seguida apoioado um sucessor  numa estranha manobra sucessória a lembrar uma actuação proto-monárquica, apanhou o Partido de surpresa e foi acatada com estranheza no seio de um partido que reclama ser o arauto do Novo Liberalismo.

Após esta pequena contextualização, que é do conhecimento geral, encaremos então o que está em jogo  nesta VII Convenção da Iniciativa Liberal.

Logo após a confirmação da disponibilidade do Delfim de Cotrim de Figueiredo, Rui Rocha, avançou Carla Castro e José Cardoso também. Confesso não conhecer José Cardoso nem a sua moção, mas já que o foco mediático incide sobre os doIs primeiros, apenas a eles me referirei nesta presunçosa tentativa de escrever uma crónica.

Bem vistas as coisas, num partido tão ideológico e programático como a IL, dificil seria encontrar em ambas as moções contradições ou desvios no objecto principal das suas intenções,  muito bem resumido no slogan "O Liberalismo Funciona e Faz Falta em Portugal". A necessidade de chegar a novos eleitorados - uma das legítimas preocupações de Cotrim Figueiredo - acabou por se tornar o Alfa e o Ómega de ambas campanhas, diferindo bastante nos métodos propostos para alcançar esse objectivo.

Simplificando a enorme quantidade de argumentos expendidos, enquanto Rui Rocha aposta em força nas novas tecnologias e redes sociais, Carla Castro previligia o contacto pessoal através dos Núcleos Territoriais e autarcas da IL eleitos, criando assim uma rede de contactos de proximidade que se deve expandir e consolidar, sem abdicar da internet ou das redes sociais.

Cada proposta tem os seu méritos, mas a quase restrição dos contactos a serem feitos através de meios electrónicos, encerra os seus riscos: Em primeiro lugar cria uma quase exclusividade da informação obtida aos membros que vão gerir o processo, além de que a conhecida iletracia de uma parte considerável do Povo Português pode constituir um enorme obstáculo à eficiência do programa se as pessoas não forem capazes de entender o que lá está escrito e proposto. Já uma rede organizada através dos Núcleos e Autarcas poderá alcançar menos gente, mas com o potencial de atracção mais elevado, pois no contacto directo a mensagem torna-se muito mais pessoalizada, mais adaptada ao seu alvo, criando assim uma comunidade e não uma hierarquia.

Numa perpectiva mais geral, seria um enorme erro segmentar o eleitorado potencial através das suas capacidades sociais, intelectuais ou financeiras, pois um eleitor é isso mesmo, apenas um eleitor e pode sempre ser  encontrado em qualquer meio, seja urbano, universitário, funcionário, agricultor ou professor universitário, etc... sendo que muitos destes se encontram naquela massa de mais de 50% dos Portugueses que têm optado pela abstenção

Assim, de uma forma simplista, não tenho dúvidas em votar em Carla Castro, cujo profundo conhecimento dos meandros parlamentares e das idiosincracias próprias de qualquer grupo parlamentar, a sua relação com as bases é estreita e já curtida pelo tempo.

Desejo felicidades a ambos, e ganhe quem ganhar, no dia 23 de Janeiro voltaremos à normalidade, trabalhando em prol da IL sob as orientações do novo Presidente, seja ele quem o destino e os militantes escolherem.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O MENINO PEDRO NUNO DEIXOU DE BRINCAR AOS AVIÕEZINHOS

Afinal, o Menino Pedrinho fez uma birra e deixou de gostar de brincar aos aviõezinhos, mas não sem antes, num acesso de fúria, ter dado cabo dos seus antigos brinquedos prediletos.

De uma forma irónica, até algo trocista, esta seria uma das formas de explicar a imensa turbulência que varreu aquela tal "Companhia de Bandeira" - diria eu que a bandeira deveria ser a dos Contribuintes Portugueses - que já absorveu por volta de 3.400M€ e que duvido que se fique por aí.

Esta gente que actualmente governa Portugal em maioria absoluta, arrogante, pesporrente e incompetente, sobre os desmandos que já ditaram 11 demissões de governantes em apenas 9 meses de mandato, não patenteia nenhum tipo de remorso pelas suas más decisões e apenas se enfurece pelo facto de se ter deixado apanhar com a boca na botija.

O caso de Alexandra Reis foi verdadeiramente paradigmático, pois teve a virtude de alertar os Contribuintes para o nível de salários e mordomias que se praticam na Companhia Aérea, bem como o excessivo número de cargos directivos com acesso a essas fabulosas prebendas. Dir-se-ia assim à 1ª vista que se quiséssemos reformular a composição dos quadros directivos, tomando como base o milhão e meio de Euros que Alexandra Reis pretendia receber de indeminizacção, então não sobraria nenhum dinheiro dos Contribuintes para operar a frota da TAP.

Ora não me passa pela cabeça que toda esta confusão e outras potenciais confusões se tivessem passado sem que Pedro Nuno Santos, o ex-Ministro-Estrela(!) do PS tenha tido conhecimento destes extrordinários acontecimentos! Entretanto Alexandra Reis foi colocada na Presidência da NAV e a seguir é nomeada Secretária Estado do Tesouro (de onde já se demitiu) e fica assim a exercer a tutela conjunta da TAP com o Secretário de Estado das Infraestruturas, também já demitido.

Qualquer pessoa com dois dedos de testa jamais acreditará, que nem Pedro Nuno Santos nem Fernando Medina ignoravam todo este enorme trambique, sendo que urge perguntar a este último qual foi a razão da nomeação de Alexandra Reis, de onde a conhecia, quem os apresentou, porque não perpassou sequer os olhos pelo seu CV, etc...

Esta história não está mal contada; está péssimamente contada e terá de ser esmiúçada até ao seu âmago pelas oposições, comunicação social e até meros cidadãos, pois seria terrível aceitar o simplismo que Costa quer imprimir a este caso, como tem sido seu hábito, nomeando um  novo ministro - curiosamente arrebanhado no refugo Socrático - e com a maior desfaçatez dizer que "está tudo resolvido", pois não está, aliás está muito longe de o estar.

Todo este fado seria menos trágico se dispuséssemo de um PR com qualidade e autoridade, mas para cúmulo dos azares, a figura que ocupa o cargo deverá ficar para a história como o pior Presidente da República do Portugal Democrático, tendo-se tornado um aliado estratégico do 1⁰ Ministro, desistindo liminarmente de exercer a fiscalização do regular funcionamento das instituições, o que a juntar à manifesta e visível incompetência de António Costa, prefigura um futuro dramático para Portugal, violentamente agravado pela actual conjuntura internacional.

Assim, é com a maior das angústias que sou obrigado a concluir, que com gente desta Portugal não passará da cêpa torta, e assim pela 1ª vez na História deixaremos à  nossa descendência um país muito pior do que aquele que nos legaram os nossos ascendentes.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

UM BODO... AOS RICOS.

Não vale a pena deter-mo-nos muito sobre os rendilhados jurídico/admnistrativos que puseram no bolso de Alexandra Reis, actual Secretária de Estado das Finanças, a módica quantia de meio milhão de Euros.

Convenhamos que se trata de um verdadeiro bodo, só que não se destina aos pobres, mas àqueles que orbitam à volta do PS sempre com o olho posto no governo e nas prebendas que daí poderão advir.

É uma fauna que esteve em estado de semi-hibernação durante a queda em desgraça de José Sócrates, mas que rápidamente se foi posicionando durante o 1⁰ consulado de Costa, embora bastante limitada pelos parceiros de "geringonça", e que abriu em leque com a maioria absoluta, e que teve como consequência imediata o tão decantado aglomerado de "casos e casinhos" de que tanto se tem queixado António Costa, tendo optado por desvalorizar o panorama geral, imputando sua existência a uma "central" de propaganda gerida pela "Direita".

Ora Costa, calculista e manobrador como é, não pode ignorar o que se passa à sua volta e sabe que a situação pode estar a atingir uma temperatura crítica, e de que o risco da situação lhe fugir ao controle é uma possibilidade que se desenha de forma cada vez mais nítida no nosso actual horizonte político.

Este caso da indemnização a Alexandra Reis, apresenta todos os ingerdientes de uma receita explosiva: Costa já fez saber que não conhecia os antecedentes da senhora, Pedro Nuno Santos e Fernando Medina pelos vistos também não, pois rápidamente pediram esclarecimentos à TAP. Mas então paga-se uma indemenização deste calibre sem informar a tutela? A Secretária de Estado diz que foi a Tap que quiz que ela saísse, mas a comunicação que a transportadora aérea fez a CMVM afirma que foi ela que quis saír, e a acrescentar ao ramalhete, foi a mulher de Fernando Medina que negociou pela TAP o acordo de rescisão.

Depois acrescem umas minudências, tais como saber se Alexandra Reis estaria sob o estatuto de gestor público, o que o facto de 4 meses depois ter sido nomeada para a presidência da NAV, outra empresa pública com a mesma tutela da TAP, poderia ter influência no cálculo de eventuais indeminizações.

Enfim, uma história todos os títulos lamentável, mas que convém, e muito rápidamente, ser explicada!

Ora, mal ou bem,este caso há-de ser resolvido. Provávelmente mal, tal como Costa tem resolvido as imensas trapalhadas do seu governo.

No entanto vem-nos alertar para uma outra situação. Com todo este estardalhaço, ficámos a saber que o vencimento de Alexandra Reis na TAP era de €17.500,00 mensais, verba que recebia como Vogal do Conselho de Administração. Dado que António Costa pegou em cerca de 3.500M € dos nossos impostos e os enterrou na TAP, parece-me que seria mais do que justo que nós, os Contribuintes, fôssemos informados de como está a ser utilizado o nosso dinheiro. Ora se um vogal do Conselho de Administração ganha €17.500,00, seria interessante conhecer a folha de pagamentos do resto dos orgãos sociais da companhia.
Suponho que seria muito esclarecedor saber se um empresa em falência técnica consegue suportar os valôres que se adivinham, com a agravante de estar a decorrer ainda uma reestruturação da companhia que já envolveu o despedimento de milhares de trabalhadores e cortes de salários aos que ficaram.

Não sendo jurista dificilmente poderei opiniar sériamente acerca de uma eventual legalidade desta operação, mas a mesma revela uma terrível e vergonhosa falta de ética. Por isso, quando os Socialistas proclamam que a ética republicana reside no estrito cumprimento da lei, apenas manifestam a sua enorme ignorância acerca da natureza da ética e da falta de respeito que lhe têm.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A MORTE NÃO É UM DIREITO, É SÓ UMA CERTEZA !


Como um sempre-em-pé, a eutanásia voltou a ser tema de discussão parlamentar com a devida troca de acusações de oportunismo político entre os partidos maioritários, a tal ponto que até conseguiu um regresso, ainda que fugaz, de Passos Coelho à política.

Este facto mostra bem que o tema é suficientemente polémico para voltar ao debate mesmo após tanta discussão e aprovação parlamentar.

Claro que as reservas do Tribunal Constitucional em relação à redacção da lei, vieram baralhar e dar de novo, pelo que é de supor que a lei volte lá sem quaisquer garantias absolutas de constitucionalidade.

Embora me pareça temerário este pioneirismo legislativo, pois ao que parece apenas oito países possuem legislação sobre a eutanásia, o grande argumento de quem defende a lei tem sido a defesa do direito a uma morte com dignidade.

Portanto o Alfa e o Ómega do argumento dos partidários da lei tem-se centrado no direito a morrer com dignidade.

É a dignidade na vida, a dignidade na morte e dignidade para aqui e para acolá...Tudo muito humanista, muito "clean" e muito asséptico, e no dizer de alguns, muito elevado.

Falar de dignidade na morte, é um dos maiores contrassensos que fui repetidamente ouvindo nos últimos tempos. O direito à vida parece ser um direito natural, decorrente de um notável instinto de sobrevivência, e que é imparável na maior parte dos indivíduos das espécies animais racionais e irracionais. 

Quanto a este ponto, parece-me ser uma claríssima evidência!

Sobre a dignidade da morte ocorre-me pensar que a morte não é um direito e não passa de uma fatalidade a quem ninguém escapa. 

Nos tempos românticos, os nobres que combatiam e davam com companheiros gravemente feridos no campo de batalha, aplicavam-lhe aquilo que elegantemente chamavam de "Coup de Grace" - em Português "Golpe de Misericórdia" - talvez para aliviar o terrível acto que estavam a praticar, mas do qual não podiam fugir por manifesta falta de meios logísticos, médicos e científicos para atender aos moribundos.

Pelos vistos voltamos ao espírito do "Coup de Grace", mas agora com outros meios disponíveis que vêm preverter definitivamente o espirito inicial desta prática.

Quem pede para morrer, no fundo está a pedir um suicídio por procuração por não ter a coragem ou possibilidade de o levar a efeito.
Ora um suicídio só tem uma simbólica dignidade quando executado em nome da honra ou num sacrifício por 3ª pessoa, pois fora estes 2 casos, o suicídio, embora muitas vezes compreendido, não passa de uma desistência, de uma fuga e em última análise de uma falta coragem que na realidade, de digno não tem muito.
A morte de uma forma inexorável chegará a todos e ninguém a ela escapará... Insistir na vida quando o território já é da morte, é encarniçamento terapêutico - nome mais popular da prática da distanásia - e esse sim deveria ser proibido, já que o testamento vital permite a qualquer um escolher essa via, e aí simplesmente morre-se sem espalhafato, sem ruído, ou mesmo honradez e muito menos com dignidade!
Não há nada digno na morte, a não ser se ela for fruto de um acto de heroísmo ou de sacrifício desprendido por outrem, de resto normalmente resume-se a um desgosto de quem fica ou a um piedoso comentário do género "que pena, coitado...!"

Uma sociedade consumista e hedonista, profundamente sibarita, e essa sim, com pouca dignidade e com horror a tudo que não seja prazer e conforto, é uma sociedade sem coragem e sem as características necessárias para resistir aos desafios dos tempos e às verdadeiras ameaças que se desenham no horizonte. Uma sociedade que arranja forma de justificar o descartar dos seus sofredores com a falácia de que as pessoas têm o direito de decidir sobre o fim da sua vida, enquanto lhes apresentam um processo com uma enorme carga burocrática, sendo que em última análise a tal morte pedida pelo próprio vai acabar por ser decidida por um administrativo qualquer, sentado num recondito gabinete, que nunca nunca viu ou falou com o doente e que aporá friamente um carimbo no processo com a palavra "execute-se". Uma sociedade com estas características e comportamentos, é uma sociedade velha, exaurida e bastante demente e que talvez o que deseje mesmo é a sua própria eutanásia, sem qualquer dignidade e implementada por gente muito pouco digna...!

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

DORMINDO COM O INIMIGO.

Cada vez mais me espanto com a falta de decoro, e até de dignidade, do homem que temos como Presidente da República...

Não bastassem as tristes figuras que ele se esmera em manter actualizadas, agora decidiu ir a Cabo Verde no nosso Falcon, com o combustível e tripulação pagos pelos contribuinte Portugueses... 
E o que foi lá fazer...?

Fora aqueles banhos em águas tropicais que não se coíbiu de exibir na  altura em que Lisboa sofria um dos maiores temporais de sempre, foi atribuir a Ordem da Liberdade a título póstumo ao responsável pela morte de centenas de Portugueses, de Cabo Verdianos e de Guineenses, Amílcar Cabral...

Será que o homem está mandatado para isso...? Atribuir condecorações a inimigos confessos de Portugal em nome dos Portugueses...?

PESSOALMENTE NÃO LHE RECONHEÇO O DIREITO DE PRESTAR HONRAS A INIMIGOS DE PORTUGAL COM AS MÃOS MANCHADAS  DE SANGUE PORTUGUÊS...

É que decerto, no seu afã de agradar ao que de pior temos a vegetar pelo nosso país, ainda vai tentar condecorar também Agostinho Neto e Samora Machel, tudo fieis discípulos do Império Soviético, cujo único objectivo era o de mover os seus países para a área de influência comunista...

Não haverá forma de travar este chorrilho de atitudes que apenas  nos envergonham...?

Prof. Marcelo, faça um favor a si próprio: Pare para avaliar os seus impulsos antes de actuar, pois as sondagens vão dando nota da sua vertiginosa perda de popularidade, coisa que parece sobrevalorizar, mas que de facto não vale NADA, arriscando-se assim a ficar na História como o pior Presidente da nossa Democracia, um videirinho com tendência para atitudes ridículas e que passou os 10 anos dos seus mandatos a desprestigiar a instituição Presidência da República...!!!

domingo, 11 de dezembro de 2022

O SONHO DOS DESVALIDOS

 Na ressaca da derrota sofrida às mãos de uma equipa Marroquina, que pese a eficácia pratica um futebol bem feio, todas estas emoções foram azedadas por uma campanha pusilânime que foi desenvovida em torno do melhor futebolista do Mundo - falo evidentemente de Cristiano Ronaldo.

Ao ler as várias opiniões e observando fotografias, parei nesta com a sensação de que a fotografia, embora me comovesse pela sua singela ingenuidade, continha ali uma mensagem que urgia descodificar.

Uma criança Africana, aí de uns 4 ou 5 anos, na falta de uma camisola fizera pintar com tinta branca na sua pele cor de ébano o n⁰ 7 e a palavra Ronaldo.

E de repente fez-se luz: Aquela criança, um dos milhões de desvalidos deste mundo, decidira viver um pouco de um sonho improvável.

Cristiano fora um menino como ele, pobre, nascido numa ilhota no meio do Atlântico, a quem estatística pura e dura retirava qualquer esperança de ter um destino diferente dos outros meninos da sua rua, condenados à pobreza, senão à indigencia.

Só que Ronaldo descreu da estatística, e com uma  vontade férrea jurou a si próprio que queria ser o melhor futebolista de sempre.

Embarcou sózinho com 13 anos para Lisboa e pela mão do Sporting Clube Portugal, iniciou então aquilo que a história nos conta, uma carreira brilhante, plena de trabalho e sacrifícios, até atingir o topo dos topos, cumulado de honrarias, prémios e abundância.

É esta história e este exemplo que sobressaem da pintura nas costas desta criança. Algo que lá no fundo lhe diz que mesmo nas dificeis condições e adversidades que Ronaldo enfrentara, afinal não era impossível conseguir sublimar a sua condição de desvalido e obter o sucesso e as regalias que lhe são adjacentes, pois alguém já o tinha feito antes e desbravara um caminho de que pelo menos provou que existia.

É curioso observar as massas de adeptos, nos estádios e fora deles, a quantidade de crianças com a camisola que ostenta o orgulhoso n⁰ 7 e a palavra "Ronaldo".

Sim, Ronaldo é o ídolo indiscutido de milhares de crianças e jovens de todo o mundo, um ídolo  virtuoso que os inspira e faz soar nos seus subconsientes uma campaínha que lhes lembra que há um caminho, um caminho duro mas possível, e o seu exemplo é a prova disso.

É pois essa a mensagem de esperança que consola os mais frágeis, e que leva uma criança nos confins de África a pintar nas costas o n⁰ e nome do seu ídolo, e quem sabe, a inspirá-lo a alterar um destino trágico que aparentemente já estava traçado.

Independentemente de o futebol ser aparentemente algo de importância relativa, acaba por assumir neste caso, uma dimensão da maior relevância.

Obrigado Ronaldo por teres demonstrado que afinal tudo é possível e de que há sonhos que podem transformar o mundo.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

O MENINO PEDRO NUNO QUER BRINCAR AOS AVIÕEZINHOS...!

 


Eh pá... Não venham para cá com nacionalismos bacôcos e sectários,  nem venham dizer que o gajo vá lá dar bocas para a terra dele...!

Acho que O'Leary tem toda a razão e faz muito bem em pôr a boca no trombone,  já que o nosso Povo se mostra abúlico e cobarde perante o poder,  e nada diz ou faz para evitar que um ministro provinciano e arrogante, nos lance neste negócio ruinoso...

Pedro Nuno Santos, o tal que ia pôr os banqueiros Alemães com as pernas a tremer(!), choca agora com a realidade: Já percebeu que a TAP é um sorvedouro, um sumidoro insaciável, que a "mama" da subsidiação vai acabar e que para manter a sua teimosia vai criar uma vaga de desemprego homérica e pôr as pernas dos Contribuintes a tremerem...

As companhias de bandeira, como conceito, tornaram-se inviáveis sem os apoios estatais, e as que subsistem, como a British Airways e a Lufthansa são geridas por privados e funcionam em perfeita concorrência, sem subsidiação nenhuma...

É claro que é muito mais fácil ir ao mealheiro, e à boa moda socialista, lançar dinheiro sobre os problemas...

Os Portugueses, além de se tornarem à força acionistas da TAP, acabaram por se tornar acionistas da Groundforce e arriscam-se também a entrar no capital de outras empresas falidas da órbita da TAP...

A palermice do "Serviço Público" às Comunidades é uma falácia, pois este serviço poderia ser negociado por rota com diversas companhias, e ficando assim muito mais barato e livre de várias responsabilidades...

Mas não...! O menino Pedro Nuno quer brincar aos aviõezinhos, e assim, abusador e persporrente como é vai buscar o dinheiro ao mealheiro dos Contribuintes, indiferente ao prejuízo que der, e que não é dele,  continua a querer brincar aos aviõezinhos custe quanto custar...

O que o  ministro parece não ter entendido, é que o transporte aèreo de antanho, que transportava maioritáriamente uma certa casta, o "Jet Set", acabou e assim, apanhar um avião pada Londres tornou-se tão pouco glamoroso como apanhar uma camioneta da carreira para Chaves...

2 horas de voo mal instalado não é um grande sacrifício por um preço que em alguns casos é apenas 10% do valor pedido pela TAP... O conforto não é importante...? Claro que é, mas para isso existem as classes executivas, portanto quem quer conforto, que o pague...!

Pedro Nuno Santos acusa O'Leary de perseguir o lucro, esse opróbio terrível(!), esquecendo-se de que esse deveria ser exactamente o seu objectivo quando se enfiou nesta fatal aventura, que consciente ou inconscientemente todos nós previmos como vai acabar...

Assim só me resta concluir que o CEO da Ryanair, mais do que criticar o que se passa nesta República Proto-Venuzuelana criada pelo PS, está a indicar um caminho que do alto da sua arrogância o menino Pedro Nuno não reconhece, pois quer continuar a brincar aos aviõezinhos à custa do nosso dinheiro...!

domingo, 9 de dezembro de 2018

OS BRIOCHES DE MARIA ANTONIETA.


Quando informada de que Povo tinha fome, Maria Antonieta, chocada, perguntou: "Então porque é que não comem uns brioches ?"

Esta resposta, normalmente tratada como uma afronta, ou mera estupidez, não deixava de ter a sua lógica. Naquela gaiola dourada que era o Palácio de Versailles, rodeada pela nulidade das damas da côrte, Maria Antonieta respondeu com base na percepção que tinha da realidade, já que jamais tinha sido exposta à verdadeira miséria do Povo de Paris.

De facto, sob um ponto de vista filosófico, ninguém conhece a realidade, mas únicamente a percepção que tem dela, pelo que há que ter um certo cuidado, ao brandir as certezas sobre a sua natureza.

Assim como Maria Antonieta, também o "Sistema", ou "Mainstream Político", está aprisionado, não numa gaiola dourada, mas numa de aço inox, construída principalmente por tecnocratas, sociólogos, filósofos e políticos, que elaboraram uma construção político/social utópica, em que consideram que uma humanidade homogénea, sem fronteiras, com uma economia comum e potencialmente menos conflituante, seria a resposta a todos os males do Mundo. 

Esqueceram-se no entanto de algo fundamental: É que uma construção dessas não pode ser feita de cima para baixo, portanto imposta, e que as culturas diferenciadas, podem ser de certo modo toleradas, mas não são miscíveis e poderão ser históricamente contrárias à própria natureza dessas mesmas Sociedades.
Criou pois o "Sistema" uma percepção da realidade, na qual as élites têm a obrigação de conduzir o Povo ignorante ao Shangri La que perspectivam ser o caminho para a Sociedade Ideal.
Houve então um ponto em que, inebriados com a sua putativa clarividência, acharam que o Povo provávelmente não compreenderia as suas boas intenções, e foram elaborados planos destinados a destruir os velhos arquétipos, como as noções de Pátria, de Nacionalidade, de orgulho no seu passado, nas suas raízes e na sua História, que insistentemente iam surgindo pela frente, inicialmente de forma esporádica, até se tornarem insistentemente mais frequentes, começando a criar fenómenos que não estavam previstos no plano que rigorosa e cientificamente haviam construído.

A verdade, é que na sua cegueira, foram incapazes de compreender que as reais necessidades do Povo, lhe dava uma percepção totalmente distinta da sua percepção da realidade.

E assim, devagar mas inexorávelmente, o fosso entre Governados e Governantes foi aumentando cada vez mais.
A criação de uma espécie de aristocracia burocrata e política, começou a criar na Sociedade, clivagens cada vez mais profundas. Nesse processo, de forma mais ou menos inorgânica, o extremos começaram a exercer um jogo de equilíbrio automático de forma a procurarem uma certa compensação, e esse movimento causou uma vitima inesperada: o centro político desapareceu em combate.

Temos assim que, as oligarquias, acantonadas nos corredores do poder, vêm estes movimentos populares, inorgânicos mas poderosos, tentarem recuperar um pouco da sua soberania individual do colectivismo elitista que lhes tem sido imposto, e assustadas apelidam-nos de "Populismo", brandindo atemorizadas, fantasmas há muito enterrados.
O que mais assusta o Poder, são os movimentos inorgânicos, já que representam um poder difuso, sem estrutura convencional e portanto sem representantes nomeados, com quem possam negociar. Estes movimentos, aferida a sua força, têm conseguido através de estruturas simplificadas, chegar ao poder por via democrática, lançando o pânico nas oligarquias que dominam o "Sistema".

No seu entender, o "Populismo" não passa de um engano que promete dar ao Povo aquilo que ele pede e que de forma nenhuma se coaduna com os auto-proclamados benefícios de uma política sensata e científica, organizada sobre rígidos cânones, que eles pensam saber que representam o melhor para os Povos, e que facilmente aprenderam a controlar.

Execram estes movimentos considerando que constituem um grave problema para as Sociedades, não enxergando sequer que não são o problema, mas sim o sintoma.

O problema, esse está a montante, quando os Governos assinam tratados e compromissos para os quais não estão especificamente mandatados, quando clamam pela repetição de referendos, quando o resultado é antagónico aos interesses das oligarquias, no fundo, quando desrespeitam desdenhosamente os Povos.

E os resultados estão à vista: candidatos Anti-Sistema começam a ganhar eleições em todo o Ocidente, e outros vão subindo de forma regular e consistente nas sondagens, perante o desespero de oligarcas e dos seus sicários.

Não será descabido imaginar que existirão conflitos sociais e políticos de maior ou menor dimensão que poderão encerrar riscos, mas esse será o preço a pagar para tornar a encarrilar as políticas  na sua forma mais nobre e realista, derrotando de vez os experimentalismos sociais, criados nos laboratórios das unidades de Estudos Sociais das Universidades e os pornográficos investimentos dos potentados que financiam de forma despudorada a chamada Nova Ordem Mundial.

É realmente necessário combater o dogma e calar os seus guardiões, devolvendo ao Povo legítimas expectativas, já adiadas há demasiado tempo!

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A QUESTÃO CATALÃ.

Instalou-se na opinião pública e publicada (provávelmente de forma deliberada), que o Referendo na Catalunha, corresponderia inevitávelmente a uma declaração unilateral da independência Catalã, a qual tem sido um desejo centenário das gentes da Catalunha.

A verdade é que, o referendo limita-se a fazer uma pergunta tão simples, como a de perguntar aos Catalães se gostariam ou não de ser independentes.

Pelo que tenho lido e ouvido na imprensa e televisão Espanholas, fonte oficiais afirmam que apenas uma minoria ruidosa deseja a independência, ao contrário de alguns intelectuais e uma tradicional “maioria silenciosa”.
Se é realmente assim, sendo o referendo declarado ilegal, e portanto as suas consequências nulas, não entendo a enorme ofensiva do Governo de Madrid, pois se, como eles proclamam, ganhasse o NÃO, o assunto morria ali, é tão cedo não voltaria à baila.

Portanto só me resta à conclusão de que Rajoy teme que ganhe o SIM, o que embora não tivesse consequências a nível imediato, obrigaria a uma revisão profunda do regime autonómico Espanhol, o que levaria a demoradas e exigentes negociações. O próprio Pablo Iglesias, líder do Podemos, afirmou na televisão que considerava impensável uma declaração unilateral de independência por parte da Catalunha.

E Rajoy, presa dos seus temores, e evidenciando os ancestrais tiques hegemónicos do reino de Castela tomou a pior das decisões, que foi a deslocação de um tremendo aparelho repressivo para a Catalunha, prendendo responsáveis políticos, apreendendo material eleitoral em nome de uma legalidade conferida pela Constituição de 1978, esquecendo um princípio fundamental que demonstra que a repressão violenta é o melhor cimento para uma rebelião e uma fábrica de Nacionalistas entre as hordas, aparentemente numerosas, dos que se declararam indecisos.

Parece difícil que este braço-de-ferro não acabe muito mal, e definitivamente, parece-me impossível que acabe com o Nacionalismo Catalão.

Interessa aqui referir, algo que tem sido escamoteado: é verdade que a Constitição de 1978 foi referendada pelos Catalães por uns expressivos 90%. O que é omitido, é que após esse referendo, a Constituição voltou ao Tribunal Constitucional, que procedeu a várias alterações que vieram desvirtuar considerávelmente o texto referendado, situação que só um ingénuo acreditaria não ter sido premeditada.

Mais tarde ou mais cedo, o assunto vai voltar a ensombrar a política Castelhana, e será inevitável que um dia o SIM ganhe inequívocamente, a bem ou a mal.
O medo, justificado, de que o País Basco e a Galiza tenham as mesmas tentações da Catalunha, poderia, na mão de políticos inteligentes e corajosos, transformar a Espanha numa Confederação, mudança que terminaria com os conflitos internos, e possibilitaria uma paz política que, aí sim, até poderia tornar possível uma União Ibérica, dando mais força à Península e tornando-a mais homogénea, através de um Governo Confederado, em moldes a negociar com muita cautela e habilidade.

Enquanto o Governo Central de Espanha não perder os seus tiques hegemónicos de superioridade política e social, a Espanha será sempre um foco de instabilidade, que arrasta consigo toda uma impossibilidade de progredir para soluções modernas e inteligentes, tanto a nível Peninsular, como Internacional.

domingo, 24 de setembro de 2017

BREVE RESUMO HISTÓRICO DA SITUAÇÃO CATALÃ, FACE CASTELA, E POSTERIORMENTE AO CENTRALISMO ESPANHOL.


Nota prévia: A Dinastia de Trastâmara, fundada pelo rei Henrique II, governou o reino de Castela de 1369 a 1516 . 

(Estes textos não da minha autoria, mas recolhas informação na internet, recolhidos e dispostos através da técnica copy/paste)

No Sec. XII, os novos reis de Trastâmara não estavam acostumados ao pactismo e sistema político da confederação catalano-aragonesa. A Catalunha, em concreto, não viveu bem essa situação. Os novos reis tentaram centralizar o reino ignorando as Cortes catalãs. Além disso, as constantes guerras pela conquista do mediterrâneo conseguiram enfraquecer a economia. A Peste Negra veio reduzir a população. Esta cada vez encontrava-se mais dividida. O comércio já não dava resultados e a economia agrária sofria de desigualdade prante o comércio. Paralelamente, os reis de Trastâmara emprenderam conquistar Nápoles, numa altura em que os episódios de terramotos não ajudaram a levantar cabeça. Toda esta situação cresceu até rebentar definitivamente numa guerra civil na Catalunha onde a Diputació de la Generalitat, que exigia ao rei que respeitasse as Cortes catalãs, defronta-se contra o rei Tratâmara. A população, por sua vez, dividida, também entra em guerra. A guerra é qualificada de inútil pelos historiadores porque, além de trazer mortes, não resolveu a situação de probresa económica e falta de respeito pela soberania catalã. Tanto que em 1474 o sucessor aragonês Fernando II o Católico casa com Isabel I de Castela, reforçando a unificação.

A 12 de outubro de 1492 o navegador português Cristóvão Colombo descobre América sem saber. Pensa que chegou às Índias. A descoberta é comunicada aos Reis Católicos no mês de abril de 1493 em Barcelona. É o início dos Descobrimentos. A Catalunha passa a ser um reino periférico dentro da confederação hispânica que com os descobrimentos e casamentos reais consegue dominar a Europa e o mundo durante os séculos à seguir. A Catalunha, arruinada por tantas guerras, perde protagonismo e os mercenários catalães irão descobrir mundo sob a marca Espanha. Os Bórgia, uma das famílias nobres mais conhecidas do Renascimento, eram valencianos, ou seja, pertenciam aos chamados Países Catalães, mas passam a serem espanhóis dentro deste período. Aliás, trabalharam muitas vezes pelo interesse de Castela. Foi o caso dos tratados que separaram as conquistas hispânicas das portuguesas. No entanto, o catalão foi a língua usada em Roma durante a estadia dos Bórgia.

Carlos V de Espanha, neto dos reis católicos, concretiza tal domínio. Quando foi coroado rei, o mundo estava quase todo aos seus pês. Herdou  por parte do pai os Países Baixos, Flandes, Artois, Luxemburgo e a France-Comté. Do seu avo materno, herda Aragão, Catalunha, Valência, Mallorca, Nápoles, Sicília, Sardenha e as fortalezas de Buia e Trípoli. Da sua avó materna, herda Castela, Navarra e as Índias castelhanas. A morte do seu avo paterno recebe o título de arquiduque de Áustria, Estíria e Tirol. Em 1519 é escolhido imperador do Sacro Império Germânico. Contudo, a coroa hispânica acrescentou nos anos a seguir Portugal e as colónias americanas, asiáticas e africanas portuguesas. A coroa castelhana usou o sistema de confederação para manter imenso reino. Assim, cada reino tinha as suas próprias leis, moedas, cortes ou línguas. Mas as tendências absolutistas castelhanas, a política do pacto colonial em favor de Castela, o pouco respeito devido às Cortes, o absenteísmo do monarca ou a imposição do castelhano na Península Ibérica, deu o início do final de tal domínio. Os primeiros a se revoltar contra a coroa hispânica foram os Países Baixos. Depois vieram a Catalunha e Portugal contra o rei Felipe IV.

No caso dos catalães, o matrimónio com a coroa castelhana, impossibilitou-os de comerciar e foram obrigados a virar-se para Lisboa ou Sevilla. Além disso, a língua catalã caiu em decadência, pois os reis tentaram impor o castelhano, fazendo que a própria nobreza catalã se virasse para Madrid. O Século de Oro espanhol contrasta com a Decadência catalã. A pequena burguesia é afastada. Impossibilidade de fazer carreira política, a nobreza catalã é marginalizada. A isto, acrescenta-se o contato dificultoso com os turcos. A crise económica arrastrada do fim da Idade Média não é superada.

Paralelamente, na Península Ibérica, o conde duque de Olivares pretendia iniciar um processo de centralização total do reino através dos impostos e da constituição de uma armada unificada, para satisfazer a política agressiva e expansionista do monarca Habsburgo; projeto que tem o nome de “Unión de Armas”. A pobreza nos campos e os anos de decadência vividos na Catalunha fazem que em 1626 as Cortes catalãs rejeitem parente Filipe IV o projeto de “Unión de Armas”, além de lhe apresentar uma grande lista de queixas e reivindicações.

Mas a guerra na Europa não espera e Richelieu ataca os Habsburgo em território catalão. As Constituições catalãs diziam explicitamente que a Catalunha só defende território nacional, ou seja, catalão. Para provocar uma revolta, Richelieu trás premeditadamente a guerra para a Catalunha. Em 1640 a obrigação de alojar tropas castelhanas, o abuso dos militares e as consequências derivadas da guerra provocam grande desagrado entre a população catalã. Em 7 de junho do mesmo ano, durante a festividade do Corpo de Deus, um ceifeiro (em catalão “segador”) é morte, o que a sua vez leva à morte do Conde de Santa Coloma, a maior autoridade da Catalunha nessa altura. Começa a Revolta dos Segadores. Castela exige à Portugal de contribuir militarmente e ajudá-la a sufocar a rebelião. Portugal nega-se e inicia por sua conta uma guerra paralela para restabelecer a sua própria soberania. É a chamada Guerra de Restauração.
O final do confronto é desfavorável para a Catalunha que perde na guerra e vê como a França se apodera do condado do Rosilhão e parte da Sardenha através do Tratado dos Pirineus. Em Andorra a situação é vivida com receio, a questão da soberania andorrana também está em jogo. Portugal terá de batalhar até 1668 para ver recuperada a sua independência.

Durante a Conferência de Münster, Vestfália, a Catalunha foi representada por Josep Fontanella que tentou defender e, sobretudo, conseguir que alguém ouvisse o ponto de vista catalão sobre a necessidade de desligar a Catalunha da monarquia hispânica. Esta atitude também foi apreciada por outras nações durante a Conferência. Foi o caso dos Países Baixos e de Portugal. Ambas, tal como a Catalunha, estavam integradas a coroa castelhana, mas todas desejavam abandoná-la.

O Século XVIII catalão também esteve marcado pelo Iluminismo. Quando a Catalunha perde a 11 de Setembro de 1714, o novo monarca decide fechar todas as universidades catalãs para evitar assim a proliferação de informação, cultura e memória. O castelhano é imposto na área das letras na única universidade que ficou em pê, a Universidade da Cervera.

Ao longo do século XIX a Catalunha representa a força industrial da Espanha. A nação catalã é a primeira a introduzir a Industrialização através do vapor em primeiro lugar e depois através da eletricidade.
 Por outro lado, a nação espanhola é todavia agrária. Tem dificuldades para se adaptar à nova indústria e impõe travões à renovação. O monarquia hispânica não quer  adaptar-se ao liberalismo económico e devido a isso o século XIX catalão e espanhol está marcado por guerras constantes.
Na segunda metade do século XIX a Catalunha é diferente da Espanha. Tem língua própria, cultura própria, tradições próprias e visões próprias. Além disso, a nação catalã construiu-se através de uma sociedade moderna, industrial e urbana. Esta sociedade procura consolidar os seus rasgos pessoais. O movimento da Renaixença deve ser, por tanto, compreendido como a consequência de uma sociedade industrial e adaptada aos temos que decorrem.

Países Catalães é a expressão ou conceito nacionalista catalão para referir o conjunto dos territórios de língua e cultura catalã. O termo aparece no século XX porque no século XIX a situação dos territórios que formam os Países Catalães permitia atingir com mais facilidade o conceito de Grande Catalunha.

Setmana Tràgica é o nome que a historiografia deu à repressão vivida em Barcelona na semana do 15 de julho ao 2 de agosto de 1909. A Espanha encontrava-se em guerra contra Marrocos nas já habituais guerras arrastadas do século XIX entre Espanha, Marrocos e França. Então, duranta a Segunda Guerra de Marrocos, a Espanha exige reservistas catalães, mas estes não se querem apresentar. Sindicatos, anarquistas e socialistas aproveitam para promover uma manifestação em Barcelona que exiba o mal estar catalão para com a guerra colonial marroquina. Assim, durante a semana do 15 de julho até ao 2 de agosto de 1909, saem à rua milhares de pessoas para protestar contra o monarca e este reage com violência. Manda as tropas e estas reprimem arbitrariamente as manifestações, aplicam processos militares e penas de morte. Francesc Ferrer i Guàrdia, membro da Escola Moderna, morre por pena de morte. A imprensa internacional informa da tragédia com grande repulsão. A semana do 15 de julho até o 2 de agosto de 1909 fica conhecida como Semana Trágica.

Devido ao crescimento do proletariado, aos desejos independentistas catalães e bascos, a crise económica pela contração dos mercados devido a Primeira Guerra Mundial e à pouca aceitação da autodeterminação das colónias, o monarca aceita o Golpe de Estado de Primo de Rivera, que encontra o apoio no exército, na burguesia castelhana e na Igreja Católica. Influenciado pelo fascismo italiano, o sistema de governo de Rivera reprimiu o catalanismo e toda amostra de catalanidade, radicalizando o nacionalismo castelhano, suprimindo a Mancomunitat, proibindo uma vez mais o catalão, os símbolos nacionais da Catalunha e do País Basco, etc. Perante a situação de ditadura e repressão o catalanismo mobilizou-se volta do Estat Català, liderado por Fancesc Macià, tentando fazer fracassar a ditadura através de um assalto que se estava a preparar no sul da França e que pretendia partir da Andorra até chegar a Barcelona e forçar a queda da ditadura. A Liga Regionsalista, o nacionalismo catalão mais moderado, perdeu prestígio, por estar contra, o Estat Català chegou a máximos históricos durante as eleições da Segunda República.
Em 1929 a ditadura de Primo de Rivera cai definitivamente ao mesmo tempo que o crise da Bolsa Americana deixa a Europa economicamente pior do que já estava. Afonso XIII resolve convocar eleições municipais e estas serão finalmente o fim da monarquia Espanhola. O 12 de abril de 1931 os partidos republicanos ganham em território espanhol com maioria e por plebiscito. O monarca prefere abandonar para evitar um banho de sangue. Abdica e a República é proclamada por segunda vez. As eleições foram totalmente favoráveis ao partido político Esquerda Republicana da Catalunha, uma união entre diferentes partidos independentistas e republicanos, entre os quais estava Estat Català.
A vitória republicana fez saír à rua a população que celebrou o final da ditadura e da monarquia. Na Catalunha, Francesc Macià, líder do ERC e futuro presidente catalão, aproveita a situação para proclamar a República Catalã em fraternidade com os povos da Península Ibérica. Mas a proclamação não foi bem aceite pelo governo de Espanha, embora fosse uma proclamação federalista.
A partir desse momento, foi elaborado um Estatuto para a Catalunha aprovado com 99% dos votos por referéndum e uma participação de 75%. O novo estatuto dava oficialidade a língua catalã, restabelecia o autogoverno da Catalunha e designava a nação como um estado. Mas o Estatuto foi totalmente modificado pelo governo republicano espanhol que não via com bons olhos que a Catalunha se achasse um estado autônomo. Depois de modificado o Estatuto de Núria passou a reconhecer a Catalunha como uma simples região autónoma, algo totalmente contrário à aquilo que tinham expressado os catalães nas urnas. 

Em Espanha o nacionalismo espanhol radicalizou-se virando para o lado fascista. Não se aceitava de nenhuma das maneiras que a Catalunha e o País Basco se pudessem governar a eles próprios. As tentativas de criar uma República federada que soubesse incorporar as nações catalã, basca e castelhana fracassavam num contexto político altamente tenso. Isso veio revoltar a direita contra o governo republicano que tinha iniciado tímidas reformas agrária e progressistas, tais como o sufrágio feminino. Mas as reformas não eram aceites pelas classes que dominavam desde a monarquia, tais como latifundários, Igreja Católica e elite agrária.

Efetivamente o ditador italiano, Mussolini, e alemão, Hitler, assim como outros países fascistas, resolvem ajudar o golpe militar fascista na Espanha. Durante 3 anos a guerra condena a morte milhões de pessoas e obriga a mais de meio milhão de pessoas a pedir refúgio. O destino principal foi a França e a Andorra. As nações catalã e basca colocam-se do lado republicano, enquanto que em Castela –de forma geral– o fascismo ocupa quase todo o território.

O Ebro representou o ponto decisivo da guerra. A Catalunha foi o último território a resistir a ofensiva fascista e na Batalha do Ebro não resistiu por mais tempo. O governo catalão foi obrigado a refugiar-se em França. Então entra o fascismo vitorioso em Espanha e proclama uma ditadura chefiada por Francisco Franco. A ditadura franquista foi uma das mais repressivas da Europa, ao mesmo nível do nazismo e fascismo Italiano.

O regime de Francisco Franco impôs a censura e a exterminação da oposição. Foi particularmente duro para com catalães e bascos porque pretendeu exterminar qualquer sinal identitário catalão e basco. As empresas catalãs foram boicotadas. Entraram em recessão. A economia entrou numa fase de paralisia. Fome, autarquia, corrupção, proibições energéticas, paragem industrial e crescimento do mercado negro. 

Os anos 1960 e sobretudo os 1970 são considerados como o ponto de retrocesso da ditadura. Em 1959 a resistência antifranquista decide finalmente sair a rua e não se esconder mais. A partir deste momento a oposição ao regime é cada dia mais visível e isso faz incrementar a pressão policial na sociedade. Os Fets del Palau de la Música marcam, neste sentido, o início do fim do medo. O dia 19 de maio de 1960 é celebrada uma homenagem ao poeta catalão Joan Margall no Palau de la Música. O regime proíbe os assistentes de cantarem El cant de la Senyera, poema de Joan Margall. Mas o público desobedece e a subsequente repressão não passa desapercebida. Entre os detidos está o futuro presidente da Catalunha, Jordi Pujol.

Os jovens começam a perder medo e pouco a pouco saem também a rua. O regime resolve tentar parar a situação com repressão sistemática. Mas as publicações clandestinas têm cada vez mais apoio. Foi neste contexto que se criou a Gran Enciclopèdia Catalana. Os membros dos partidos políticos em clandestinidade aumentam e a música em catalão começa a representar uma forma de resistência ao regime. Em 1961, por exemplo, a criação do grupo de música catalão Setze Jutges marca o início da Nova Cançó (do catalão, Nova Canção). A Nova Cançó foi o nome que se deu o renascimento do catalão no âmbito musical. Proibido durante anos, o catalão foi revitalizado através da música rock. Deste período destaca-se o grupo SAU e a sua canção “Boig per tu”.

No mês de junho de 1977 as primeiras eleições democráticas após o início da Guerra Civil de 1936 colocam Adolfo Suárez, da Unión de Centro Democrática, um antigo franquista, na presidência do país. Na Catalunha os partidos em favor de um Estatuto novo ganham com maioria absoluta. Mas o partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha(Esquerra Republicana de Catalunya) ainda não foi legalizado. Mesmo assim, no dia Nacional da Catalunha, 11 de Setembro de 1977, milhões de catalães saltam à rua para reclamar “llibertat, amnistia, Estatut d'Autonomia” (do catalão, Libertade, amnistia, Estatuto de autonomia).
O governo de Adolfo Suárez é então obrigado a restituir definitivamente o governo catalão e permitir o regresso do presidente catalão, Josep Tarradellas, exiliado devido à ditadura, o que acontece a 23 de outubro de 1977.
Paralelamente, no dia 6 de dezembro de 1978 a nova Constituição do reino de Espanha é aprovada por referendum. Estabelece um regime de monarquia parlamentar com Juan Carlos de Bourbon na chefia de Estado e com uma estrutura federada, chamada popularmente “café para todos”. Quer dizer, a Constituição é criticada por analistas em ciências políticas, historiadores e independentistas catalães e bascos, além de republicanos espanhóis. Isto porque durante o processo constituinte a população nunca foi perguntada sobre a Constituição, nem sobre se achava que devia passara para regime republicano. Também porque as nações catalã e basca são obrigadas a viver em regime de região autonómica (eufemismo para não falar de Estados federados) junto de outras autonomias artificiais. Para diferenciá-las, a Constituição fala de regiões históricas ou nacionalidades (eufemismo para não reconhecer explicitamente a existência de nações) e regiões autonómicas (simples regiões transformadas artificialmente em estados). Além disso, a língua castelhana volta a ser imposta e o catalão e basco recebem caráter de co-oficiais, estabelecendo desta maneira uma hirarquia entre línguas. Outros elementos acontecidos nos anos 1980 permitiram reforçar estas avaliações.
Com as primeiras eleições nacionais catalãs que dão a vitória a Jordi Pujol, este assume o governo no dia 8 de maio de 1980. Membro do partido CiU, é eleito presidente e consegue durante a década ganhar todas as eleições, colocando-se no poder até 2003. Os objetivos do governo de Pujol foram a melhoria das condições materiais, a coesão social e a recuperação nacional catalã.

A entrada da democracia na Espanha foi feita sem ter em consideração as nações catalã e basca. Prova disso os Estatutos de autonomia da Catalunha e País Basco que definem estas nações como regiões. Neste sentido as línguas catalã e basca são consideradas como co-oficiais, tendo o castelhano uma posição superior ao resto de línguas do estado espanhol. Por estes motivos, e para atender as reividicações históricas de autodeterminação do povo catalão e basco, é que os governos catalã e basco apresentam ao governo espanhol novos Estatutos. Estes novos contratos com o estado espanhol pretendiam reconhecer as nações catalã e bascas como tais, além de defender a cultura e línguas respectivas. No caso basco a proposta do novo Estatuto, o Plano Ibarretxe, pretendia que o estado espanhol reconhecesse o direito a autodeterminação do povo basco, o direito à nacionalidade basca com plena validez política, jurídica e administrativa, um poder judicial próprio, mais autogoverno e presença nacional basca no exterior. Estas reivindicações, inscrijjjtas no novo Estatuto, foram votadas e aceitadas pelo povo basco através de referendo no ano 2004. Mas o parlamento espanhol não aceitou e resolveu a situação cedendo mais autonomia fiscal ao País Basco. No caso catalão, era reivindicada mais autonomia para o governo catalão, reconhecimento da Catalunha como nação e garantir à língua catalã o estatuto de língua veícular. Neste caso, o governo espanhol de Rodríguez Zapatero prometeu que "vou apoiar a reforma do Estatuto que for aprovado pelo Parlamento catalão". O novo estatuto, que concebe a Catalunha como uma nação, é aprovado pelo povo catalão através de referendo. O Partido Popular, chefiado por Mariano Rajoy, manda do texto para o Tribunal Constitucional espanhol que altera 50% do conteúdo. A negativa de reconhecer a Catalunha como nação é o ponto de partida do processo que leva a Catalunha a regressar à luta pela independência.