segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

NA RESSACA DA VII CONVENÇÃO DA INICIATIVA LIBERAL

Passada uma semana sobre a VII Convenção da Iniciativa Liberal, decidi deixar aqui um testemunho de tudo o que vi e deduzi naqueles tão intensos dois dias.

Começo por referir que mais de 99% dos participantes tinham idade para ser meus filhos, e mesmo meus netos, mas a minha já provecta idade não me criou dificuldades ou facilidades perante a tão jovem assembleia, apenas a estranheza de me ver participar activamente num partido que deseja mudar o futuro, pois o meu já não se afigura longo, e de um modo geral consideram, e bem, a Iniciativa Liberal um partido de jovens.
A verdade é que tenho 12 netos e é pelo futuro deles que eu luto, com o entusiasmo que ainda é muito e com as forças que me restam, que já não são tantas assim.

Enfim... A Convenção, na sua parte organizativa e, digamos, burocrática, apresentou várias imperfeições que espero sejam resolvidas de futuro, pois o desperdício de 4 horas acabou por ser penoso para todos os participantes.

Indo ao fundo da questão e ao que interessa, a verdade é que pela 1ª vez o Partido teria de escolher entre 3 listas, de uma das quais sairia o sucessor de João Cotrim Figueiredo, cuja figura carismática conseguiu guindar para 8 o número de deputados para um Grupo Parlamentar um tanto inesperado, mas cujo anúncio de não recacandidatura à Presidência da IL acabou por criar um clima de proto-crise, mas que na realidade não passou disso mesmo.
Parafraseando Mark Twain acerca das notícias da sua morte, as notícias de uma crise divisionista na IL são manifestamente exageradas.

Os cerca de 30 dias que durou a campanha interna, muito activa e competitiva, teve momentos de grande exagêro, alguns até demasiado encarniçados, mas a verdade é que existiam 3 projectos diferentes, cujas Moções de Estratégia, na parte política eram concordantes e apenas diferiam dos métodos para a sua execução.
Neste ponto apenas posso referir que a juventude dos participantes levou a intervenções muito apaixonadas, por vezes mesmo exageradas, e que de um modo geral exibiram uma certa falta de cultura política, com aplausos e vaias à mistura, emprestando por vezes ao evento um ambiente mais consentâneo com um estádio de futebol em dia de clássico, do que com uma reunião política. Pode ser que para a próxima reunião magna já tenham meditado no assunto e corrigido os exagêros.
A curiosidade da Comunicação Social era muita e os vários orgãos de CS formigavam por ali, com entrevistas e directos consecutivos, o que criou alguma confusão, pois os acontecimentos eram relatados por comentadores e analistas que de facto nunca levaram em conta as dificuldades de um Partido tão recente enfrentar uma Convenção com quase 2.300 membros entre presenciais e participantes online, dentro de um universo que caminha para os 7.000 militantes.

Este conjunto de ingredientes acabou por ser erróneamente intrepertado como uma clivagem no Partido, em que "Clássicos" e "Progressistas" seriam dois líquidos não miscíveis, o que nessa situação ditaria uma enorme quebra do aparente unanimismo que prepassava para a Opinião Pública.
Durante a Convenção, naquelas conversas cruzadas que ocorrem entre conhecidos e desconhecidos, sempre que fui inquirido sobre isto, relembrei uma frase, que embora não esteja totalmente seguro, penso que é da autoria de Joseph Alouisius Ratzinger
 sobre a religião e a Europa que rezava o seguinte: "Ser Católico é uma opção, mas ser Cristão é uma cultura..." e para contextualizar, dizia eu que ser "Clássico" ou "Progressista" eram opções, mas ser Liberal era uma cultura, sendo que várias tendências poderão conviver dentro da mesma ideologia e cultura política. Espero que me acreditem, pois essa é uma ideia que perfilho totalmente.

As votações tiveram os seus "quid pro quo" electrónicos, mas acabaram por correr bem. A lista da minha preferência foi derrotada, mas a Democracia é assim mesmo e portanto, após a oficialização dos resultados e pacificação entre as partes, prepassou um clima geral de aceitação e concordância que se sentia nos rostos e no tom geral das conversas.
Rui Rocha tem agora a tarefa de desfazer esta imagem e de sossegar alguns inconformados, ou mesmo alguns mal informados. É uma tarefa imprescindível, delicada e talvez morosa, mas esperemos que o novo Presidente tenha a sabedoria de tratar e resolver estas questões.
Não concordo com a estratégia proposta para a dinamização dos Núcleos Territoriais e captação de novos eleitores, mas a verdade é que ao longo da minha vida já agi com pressupostos errados e, a bem da IL, esta poderá ser mais uma vez em que errei.
Pela parte que me toca, aceito plenamente a actual Presidência, nada fazendo contra ela e oferecendo a minha colaboração para tudo o que seja necessário e eu consiga fazer para a ajudar.

Há pois que continuar na senda de crescimento que a IL tem demonstrado, a caminho de uma situação cada vez mais significativa no Parlamento, e porque não num futuro Governo, de modo a conseguir influenciar o rumo político de Portugal, arredando do Governo o Socialismo que tem estrangulado  nosso crescimento e tem aumentado a miséria, diminuindo peso opressivo do Estado nas nossas vidas e devolvendo à pessoa humana a liberdade individual que as políticas colectivistas vão cerceando cada vez mais.

Por um Portugal mais Liberal teríamos toda a vantagem em sanar as pequenas quezílias que nos incomodam e substitui-las por um espírito de missão que nos levasse a conseguir influenciar um Governo mais dialogante, menos pesporrente, menos corrupto e mais competente. Será pois a missão individual de cada um, trabalhar neste sentido, dandos-lhe a prioridade e entusiasmo totais.

POR UM PORTUGAL MAIS LIBERAL...!!!

Sem comentários: