sexta-feira, 4 de maio de 2012

A GUERRA DOS CLICK'S

Costuma afirmar-se que a guerra é a continuação da diplomacia por outros meios.
De facto a evidência indica que tanto a diplomacia como a guerra, se destinam básicamente a obter vantagens geo-estratégicas, financeiras e económicas, de um país sobre outro, e assim mostra a História, que quando a diplomacia não funciona, parte-se então para a guerra.
Hoje em dia, em pleno sec. XXI, o patriotismo, o sentido de dever e o espírito de sacrifício, são valores há muito abandonados nesta Europa decrépita e incapaz, pelo que encetar uma guerra no seu sentido tradicional se tornaria quase impossível, e ainda bem que assim o é.
A imagem das baixas militares e civis, dos bombardeamentos, das hordas de refugiados procurando desesperadamente salvar a vida, passou a ser-nos servida ao jantar, de preferência acompanhada de um suculento bife e um vinho de marca. A imagem tornou-se de tal maneira corriqueira, que desde que a guerra não seja "nossa", acabamos por vê-la como vemos qualquer super-produção de Hollywood, comentando com os nossos botões a sorte que temos em não viver em tão violentas paragens.
Mas na verdade estamos a viver uma guerra, não tão sanguinária como as guerras tradicionais, mas igualmente devastadora: A guerra dos Click's.
Se neste mundo globalizado e de interdependências absolutas, no qual o poder político acabou totalmente capturado pelo poder financeiro há algo de verdadeiramente real, é a capacidade de mover uma verdadeira guerra, com os mesmo objectivos, clicando apenas no rato do computador.
E assim as agências de "rating" determinam os juros que cada um vai pagar, baseadas em critérios de grande subjectividade, os especuladores afiam as garras, e com uma sanha de ganancia selvagem, atacam as dívidas soberanas dos Países económicamente mais débeis, enquanto que aqueles que poderiam e deveriam ser solidários, assobiam distraídamente para o lado, pensando apenas na sorte de não viverem nesses países, enquanto tal como nós, saboreiam o bife e a cerveja geladinha.
E assim, à custa do sacrifício e o sofrimento dos povos, de click em click, se vão arruinando nações, retirando-lhes a soberania, destruindo as suas economias, ferindo o seu tecido social, e tal como os traficantes de droga, fornecendo apenas o dinheiro suficiente para uma parca sobrevivência, aumentando os juros de tal modo que a dívida se torna imcumprivel, justificando "a posteriori" os pressupostos que serviram de base aos ataques iniciais.
Estamos pois em estado de guerra. Uma guerra aberta e feroz pela sobrevivência, em que só com o esforço, o patriotismo e espírito de sacrifico, conseguiremos levar a melhor.
No 1º de Dezembro de 1640, Miguel de Vasconcelos foi defenestrado por traição a Portugal. O hábito de assim castigar os traidores perdeu-se nas brumas do tempo, e por um lado ainda bem, pois se assim não fosse Portugal tornar-se-ia intransitável, tal a profusão de cadáveres a juncar o chão de Lisboa e não só.

1 comentário:

treza disse...

Bem visto, bem escrito ,continua...