segunda-feira, 28 de maio de 2012

O "REQUIEM" PELO EURO, OU A (DES)UNIÃO EUROPEIA.


Acerca da crise do Euro, existem duas correntes de opinião principais, que tendem a analizar o problema de forma totalmente oposta.
Por um lado, os que culpam a Alemanha e Angela Merckl pela sua obsessão pelas políticas restritivas, defesa intransigente de baixa inflação e limitação da actuação do BCE. Os outros, por seu lado, recusam esta tese e afirmam compreender essa obsessão, uma vez que os Países perdulários deverão fazer sacrifícios (nem que isso lhes mate a economia) e acertarem de vez os seus déficts comercial e orçamental, afirmando que os contribuintes Alemães não têm a obrigação de pagar os desmandos dos Países financeiramente corrécios.
Ora bem, parece-me necessário acertar aqui uns “detalhes” antes de embarcar numa ou noutra posição.
Claro que é compreensível a relutância dos contribuintes Alemães, mas se os contribuintes Europeus e Americanos tivessem tido a mesma relutância, provávelmente a Alemanha nem sequer existiria como um estado soberano. Após ter destruído a Europa duas vezes ao longo do Sec. XX, a Alemanha acabou por beneficiar de um enorme esforço financeiro por parte dos contribuintes Americanos, com o plano Marshall, e da Europa que haviam destruído, através do perdão das reparações de guerra, com algum  destaque para a actualmente martirizada Grécia, além de que em tempos de Guerra Fria, com metade do território sobre influência Soviética, não dispenderam um tostão em despesas militares e de defesa, deixando-as a expensas da defesa das suas fronteiras aos Países da Nato.
Claro que os equilíbrios financeiros são necessários e os ajustamentos urgentes, mas parece que se esqueceram de explicar aos contribuintes Alemães que o nosso endividamento externo corresponde a muitos postos de trabalho na Alemanha e que os nossos déficts comerciais são a razão de ser do tão elogiado superavit Germânico.
Pôr a questão do Euro como uma questão de solidariedade, é uma prespectiva estúpida!
Não foi por solidariedade que os Países vencedores da guerra ajudaram os Alemães. Arguto como era, Churchill apercebeu-se que a II guerra mundial teve origem nas tremendas condições impostas aos Alemães no Tratado de Versailles, e de toda a humilhação que daí derivou. Nessa altura declarou: “Agora que ganhámos a guerra, temos de ganhar a paz”, e assim nasceu o plano de ajuda à recuperação da destruída e exangue Alemanha.
Não há que pedir solidariedade a ninguém! Há é que olhar as possíveis consequências da actual política Europeia. A eventual, e quase certa saída da Grécia do Euro, arrastará fatalmente atrás de si  a desagregação da Moeda Única, e provávelmente da Europa, esse frágil edifício, construído pelo telhado e à revelia dos povos. Fala-se da tremenda queda do valor financeiro das moedas nacionais reabilitadas, mas parece esquecerem que isso acarretaria um enorme valorização do futuro Marco Alemão, o que inviabilizaria grande parte das exportações que fazem da Alemanha o País que é.
Sendo assim, provávelmente seria preferível que se acabasse de vez com esta bambuchata da União Europeia e do Euro, regressando humildemente à antiga CEE, que apesar do seu excesso de burocracia e da sua falta de democraticidade, não era um projecto mau de todo.

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