Acerca da crise do Euro, existem duas correntes de opinião
principais, que tendem a analizar o problema de forma totalmente oposta.
Por um lado, os que culpam a Alemanha e Angela Merckl pela
sua obsessão pelas políticas restritivas, defesa intransigente de baixa
inflação e limitação da actuação do BCE. Os outros, por seu lado, recusam esta
tese e afirmam compreender essa obsessão, uma vez que os Países perdulários
deverão fazer sacrifícios (nem que isso lhes mate a economia) e acertarem de vez
os seus déficts comercial e orçamental, afirmando que os contribuintes Alemães
não têm a obrigação de pagar os desmandos dos Países financeiramente corrécios.
Ora bem, parece-me necessário acertar aqui uns “detalhes”
antes de embarcar numa ou noutra posição.
Claro que é compreensível a relutância dos contribuintes
Alemães, mas se os contribuintes Europeus e Americanos tivessem tido a mesma
relutância, provávelmente a Alemanha nem sequer existiria como um estado
soberano. Após ter destruído a Europa duas vezes ao longo do Sec. XX, a Alemanha
acabou por beneficiar de um enorme esforço financeiro por parte dos contribuintes
Americanos, com o plano Marshall, e da Europa que haviam destruído, através do
perdão das reparações de guerra, com algum destaque para a actualmente martirizada Grécia,
além de que em tempos de Guerra Fria, com metade do território sobre influência
Soviética, não dispenderam um tostão em despesas militares e de defesa,
deixando-as a expensas da defesa das suas fronteiras aos Países da Nato.
Claro que os equilíbrios financeiros são necessários e os
ajustamentos urgentes, mas parece que se esqueceram de explicar aos
contribuintes Alemães que o nosso endividamento externo corresponde a muitos postos
de trabalho na Alemanha e que os nossos déficts comerciais são a razão de ser do
tão elogiado superavit Germânico.
Pôr a questão do Euro como uma questão de solidariedade, é
uma prespectiva estúpida!
Não foi por solidariedade que os Países vencedores da guerra
ajudaram os Alemães. Arguto como era, Churchill apercebeu-se que a II guerra
mundial teve origem nas tremendas condições impostas aos Alemães no Tratado de
Versailles, e de toda a humilhação que daí derivou. Nessa altura declarou: “Agora
que ganhámos a guerra, temos de ganhar a paz”, e assim nasceu o plano de ajuda
à recuperação da destruída e exangue Alemanha.
Não há que pedir solidariedade a ninguém! Há é que olhar as possíveis
consequências da actual política Europeia. A eventual, e quase certa saída da
Grécia do Euro, arrastará fatalmente atrás de si a desagregação da Moeda Única, e provávelmente
da Europa, esse frágil edifício, construído pelo telhado e à revelia dos povos.
Fala-se da tremenda queda do valor financeiro das moedas nacionais
reabilitadas, mas parece esquecerem que isso acarretaria um enorme valorização
do futuro Marco Alemão, o que inviabilizaria grande parte das exportações que
fazem da Alemanha o País que é.
Sendo assim, provávelmente seria preferível que se acabasse
de vez com esta bambuchata da União Europeia e do Euro, regressando
humildemente à antiga CEE, que apesar do seu excesso de burocracia e da sua
falta de democraticidade, não era um projecto mau de todo.
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