Com um ar profundamente estarrecido, António José Seguro
afirmava ontem numa qualquer reunião, largamente difundida pelos “media”, que
os Portugueses estavam perante a maior operação de propaganda, levada a cabo em
tempos de democracia, com o intuíto de os enganar e de mascarar o
enorme fracasso do Governo.
A afirmação, já de si espantosa, parece querer branquear tudo
o que foi a propaganda da era Sócrates e que trouxe Portugal ao actual estado
de coisas. Por outro lado, provávelmente sem se aperceber, está a ofender e a
minimizar o enorme esforço que a Sociedade Portuguesa tem feito no seu todo,
para permitir ao Governo estabilizar e diminuir, tanto o déficit como a dívida
pública.
É claro que o actual Governo cometeu imensos êrros, não só
técnicos, como políticos, o que lhe granjeou uma enorme impopularidade,
magistralmente orquestrada pelos partidos mais à esquerda, através das suas
habituais correias de transmissão sindicais. No entanto, um enorme e estoico
cívismo, aliados à compreensão da dimensão do problema, levaram a que o Povo
Português, resmungando e refilando, tenha vindo a dar uma lição de inesquecível
resiliência a todos o que olham do exterior, e nas mãos de quem, infelizmente
se encontra a verdadeira resolução dos problemas.
E o que faz então Seguro? Com dados consistentes provenientes
do INE, que ninguém de bom-senso ousa pôr em causa, entra em profundo estado de
negação, e menospreza as melhorias económicas, os dados do desemprego, os
índices de confiança, os de produção industrial, e grita aos quatro ventos que
se trata de propaganda governamenta!
E o que propõe como alternativa? Nada!
Insiste na baixa do IVA da restauração, que apenas vem
compensar as dezenas de anos que estes estabelecimentos, de modo generalizado,
fugiram ao fisco, prejudicando os outros contribuintes. Apresenta uma ideia
estapafúrdia que consistiria em criar um Tribunal especial para grandes
investidores (os pequenos que se lixem!), à boa moda Portuguesa já foi
afirmando que revogará uma parte considerável das medidas que este Governo
tomou, e pasme-se, vitupera a Coligação Governamental por esta não ter
capacidade de “bater o pé” no âmbito das instâncias Europeias.
Hollande foi a grande bandeira Socialista. Uma espécie de
messias que viria salvar a Europa das crueis garras da águia Teutónica. À boa
moda Francesa, meteu o rabo entre as pernas e foi o que se viu! Nem vale a pena
falar dos inimagináveis indíces de impopularidade que esforçadamente se esmerou
em conseguir.
Depois exultou com os resultados das eleições Alemãs, apregoando
aos céus que a influência do SPD na coligação Alemã, iria de uma vez por todas temperar
a insensibilidade de Frau Merckel. Nem foi preciso um mês. O SPD rápidamente
vendeu os seus ideiais Europeístas a troco de um salário mínimo na Alemanha. De
facto nunca mais o nosso Partido Socialista voltou a falar dos Sociais Democratas
Alemães do SPD...
Sobraria então como grande paladino, António José Seguro. Não
fossem os resultados económicos, que embora débeis, por aí despontam, e ele bem
poderia continuar a perorar por aí. Não sendo assim, a vida começa a
tornar-se-lhe difícil, e como tal, Seguro começa a enveredar pelo disparate,
negando as evidências. Resta-lhe pois argumentar que estes resultados não foram
obtidos pela Governação, mas sim pela conjuntura externa. Pois...
Basta estar com um pouco de atenção e ler os sinais de fumo!
António Costa, como é seu costume, lá vai fazendo a sua
política sem se comprometer com nada, mas dando as suas ferroadas sempre que
posível. Carlos César protagonizou um “convida/desconvida” como cabeça de lista
às eleições Europeias, Ferro Rodrigues vai avisando que é exigível a Seguro,
uma muito expressiva vitáoria nas Europeias, e ainda hoje Francisco de Assis dá
à estampa um artigo, que básicamente se resume na principal conclusão, exigindo
“opções claras e difíceis. Opções essas que se devem manifestar já nas próximas
eleições Europeias. Ora isso é muito mais importante do que a questão da
escolha de um conjunto de personalidades para a constituição de uma lista
eleitoral”, escreve Assis.
Ora a posição de Seguro, nestas areias movediças partidárias,
não é brilhante. É preciso lembrar de que ele ascendeu à sua actual posição de
Secretário Geral do PS, após anos de eclipse, em que como uma formiguinha foi
trabalhando junto das distritais e concelhias do PS, trabalho esse que lhe
rendeu a vitória e o guindou a Secretário Geral. Sabendo bem como funcionam os
aparelhos partidários, não será difícil imaginar o rôr de promessas e
negociatas políticas levadas a efeito nessa altura. Agora, como fácilmente é
fácil de prever, muita gente está a apresentar a factura, criando-lhe as
maiores dificuldades, como se não bastassem as criadas por uma ala Socratista
que não o pode nem ver...
De facto começa a ser difícil de entender que após dois anos
e meio de um Governo trapalhão, pouco participativo e extremamente impopular, o
PS não consiga realmente descolar nas sondagens, limitando-se a pairar sobre o
PSD/CDS a escassos metros de altura, e arriscando-se mesmo a dar um trambolhão
se os sinais de retoma se tornarem mais expressivos e robustos.
E assim vai a desdita de Seguro. Sem ideias, sem projectos e
com um partido dividido, pouco mais lhe resta do que esbracejar de forma
inconsequente, tentando a todo o custo manter-se à superficie. De facto, bem
vistas as coisas, Seguro está na realidade muito inseguro!
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