Ao que parece, na marosca estavam metidos mais bancos, como
O Deutsche Bank, o Citigroup, a Union de Banques Suisse (UBS), Para além de uns
tantos bancos de menor importância.
Este cancro, que ao que se sabe até agora, parece ter tido,
se não a conivência, pelo menos a condescêndencia, do anterior Governo
Britânico, vem mostrar bem até que ponto o poder político está totalmente
capturado pelo poder financeiro, pelo que hoje em dia não poderemos olhar para
nenhum deles com garantida confiança.
Após ter ouvido vários responsáveis a bramar que a Banca nada
tinha aprendido com a falência do Lehman Brothers, sou obrigado a discordar:
Aprenderam, e aprenderam bem. Tornaram-se mais sofisticados, mais difíceis de
controlar e preveniram-se melhor em relação ao poder político.
Esses gestores de topo que arranjam, verdadeiros mercenários,
pagos a peso de ouro e com bónus milionários, mais não passam do que
verdadeiros vampiros, que com a loucura dos lucros a curto prazo (a que se referem
os bónus, é claro), põem em causa objectivos de médio e longo prazo,
enfraquecendo economias nacionais,
gerando falências no tecido empresarial e desemprego nas sociedades. Essa gente
que se gaba do que faz, como um dos administradores cirúrgicamente removidos do
Barclays que diz orgulhar-se de ter transformado o seu banco numa instituição
de nível mundial, é gente sem escrúpulos e
sem moral, bem como aqueles que os empregam, tornando-se os verdadeiros
mandantes do crime sem que tenham necessidade de sujar as mãos.
Estes governos que se apressam a nacionalizar os prejuízos,
preservando cuidadosamente a privatização dos lucros, e que sabem bem o que se
passa, continuam inocentemente a clamar por sacrifícios em nome de uma melhor
distribuição, já não da riqueza, mas dos prejuízos comuns.
No rescaldo desta escandaleira, Michel Barnier, o Comissário
Europeu para o Mercado Interno e Serviços, afirma que tem planos para ampliar
as regras Europeias de abuso de mercado, de modo a ilegalizar a cartelização
das taxas interbancárias. Afirma pois, pomposamente, "Vou propor o
alargamento do campo de aplicação da legislação actual, de modo a cobrir
efectivamente a manipulação dos índices, o que inclui a Libor",
concluindo, "Quem quer que pense em manipular os mercados precisa de saber
que vai enfrentar sanções, incluindo acusações criminais"
Mas então isto não era já ilegal? Não existiam então sanções
administrativas nem criminais? É realmente espantoso que se quebrem deliberadamente as mais básicas regras da ética, para de seguida as vir criminalizar, como se
isso viesse corrigir os prejuízos causados.
Por formação tenho uma postura liberal perante a vida. Acho
a colectivização a mais injusta das formas de aplicar uma política redistributiva e
também o ultra-liberalismo me parece um sistema que não dá um mínimo de
protecção aos mais fracos. Julguei que um liberalismo responsável,
verdadeiramente regulado pelos estados, para evitar abusos, seria a forma certa
de governar os Povos.
Após esta triste lição, fiquei com as maiores dúvidas. A
Banca rouba alegremente, protegida pelos ditos governos liberais, portanto o
que nos resta afinal? Muito pouca coisa.
Essas taxas, que aparentemente são “coisas” da Banca, alteram
a vida de todos nós, encarecem os “spreads”, inflacionam os juros das
hipotecas, secam os empréstimos às empresas e concorrem largamente para o desemprego.
E vem um patético burocrata de Bruxelas dizer que agora é
que vai produzir legislação para evitar estas situações? Não vale a pena! Estas
não voltarão a ocorrer, pois rápidamente, dada a impunidade com que se
movimentam, esses tais gestores de topo fácilmente encontrarão outras formas de
roubar, e coisa torna-se um ciclo vicioso, com novas medidas, novas leis e
novas ilegalidades. É uma espécie de “moto contínuo”, sempre com os mesmos
prevaricadores, as mesmas vítimas e as mesmas autoridades.
E assim vamos vivendo, roubados por essa Banca imoral, com o
beneplácito dos Governos que dela se servem e a quem simultâneamente também servem, até que alguma “coisa”
rebente. Estarão então de novo, e mais uma vez, postos em causa todos os
séculos de civilização que temos vindo a acumular e que a cupidez humana tem
vindo regularmente a destruir, à razão média de duas a três vezes por século.
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