Aqui há uns tempos, desiludido com o rumo desta desgraçada
Europa, mas principalmente com o do nosso pobre Portugal, publiquei um pequeno
texto em que declarava, com uma certa pompa é certo, que decidira suspender a
minha Cidadania. Citando uma parte do
texto, explanava eu assim as minhas razões:
“Pela parte que me toca, na qualidade de Natural e Habitante
deste País tão maltratado, prefiro suspender a minha Cidadania!
Não que ela valha muito, aliás, tanto lhe gastaram o nome
que passou a valer muito pouco mais do que o gélido "zero absoluto".
Assim, e porque a Cidadania, no actual contexto, não vale
mais que uma acção de uma empresa falida ou do que um "depósito a
prazo" no extinto BPN, declino das propaladas vantagens do seu usofruto.
Dantes eu tinha uma Pátria!
Dantes eu tinha um País!
Dantes eu pertencia a um Povo!
Agora, a Pátria tornou-se um conceito nebuloso e até
despristigiante(?).
O País foi diluído numa espécie de creme de legumes,
diligentemente atomizado por uma "varinha mágica" política,
pomposamente apelidada de "Ideal Europeu", que eu, de todo em todo
desconheço.
O Povo diz-se Europeu, por muito que a Europa regularmente o
faça sentir uma espécie de "pária".
Definitivamente, suspendi a minha Cidadania!”
Este desabafo pretendia resumir tudo o que me doía em
relação à pobre condição que este nosso Portugal atravessava, e ainda
atravessa.
Hoje reverto a minha decisão e decidi-me pela restauração da
minha Cidadania.
Não que as circunstâncias tenham mudado, mas entendi que
refugiar-me atrás deste tipo de solução, não passava de um acto de pouca
coragem, no fim de contas, apenas um acto de desistência.
Assistindo ao que assisto hoje em dia, às desconsiderações
que vêm de Países tão insignificantes como a Finlândia, para não falar dos
chacais dos Holandeses que criaram um Império à nossa custa, aproveitando
o pusilânime período Filipino para nos
pilharem as rotas do Oriente e as suas Praças Fortes.
Nesses tempos quinhentistas, também Portugal atravessava um
período extremamente difícil de domínio estrangeiro, que tal como hoje era
apadrinhado por élites de reconhecida mediocridade e enorme interesseirismo.
Assim como nesses tempos idos , estamos a assistir à
desagregação de uma pretensa unidade política, desrespeitosa, insultuosa mesmo,
e que se arroga o direito de nos chantagear, aproveitando a dramática situação
de pré-bancarrota.
Costuma-se dizer que quem não deve não teme, mas o nosso
problema é que devemos, e devemos muito!
Assim só nos resta pagar, e quanto mais depressa melhor.
Temos de enfrentar de uma vez por todas os vendilhões da Pátria e pô-los no seu
lugar, que é na estrabaria.
Vou lendo e ouvindo as opiniões dos economistas,
alcandorados à posição de novas pitonisas e chego à conclusão de que nenhum
deles acerta. Desde os liberais que defendem as teorias de Milton Friedman até
aos mais empedernidos Keynesianos, chego à conclusão de que realmente não sabem
do que falam. Todas as suas teorias se desmoronam perante factos do Sec. XXI,
aos quais não se aplicam essas já velhas teorias, agora tornadas objecto de
arquelogia intelectual. Nem os modernos Krugman ou Roubini, acertam uma.
Ninguém previu ou estudou uma economia totalmente
globalizada em que o dinheiro se move à velocidade da luz, capturada por um
poder financeiro selvagem e desregulado, e por isso nada mais lhes resta do que
andar às apalpadelas. Uma economia que vai mudando o seu centro de gravidade
para leste e para sul, retirando qualquer eficácia aos tradicionais mecanismos
de controle e debilitando inexoravelmente o poder Ocidental.
Dizem-nos que o fim do Euro, e consequente desagregação da
Europa, seria uma catástrofe inimaginável, mas as justificações que são dadas sobre
o assunto, são tudo menos convincentes, escondendo diligentemente o facto de
ninguém poder assegurar nada sobre coisa nenhuma.
Livremo-nos pois, Portugueses, deste jugo estrangeiro
asfixiante e castrador. Recuperemos a nossa soberania e o controle da nossa
moeda. Depois... Depois encetemos o nosso mpróprio caminho, sem a ajuda de
muletas defeituosas deliberadamente fornecidas por gente que não gosta de nós.
Possuímos uma posição geo-estratégica invejável sobre o mais
importante dos Oceanos. Sejamos mais activos numa sub-aproveitada CPLP. Façamos
pois valer esses trunfos e não andemos miserávelmente de mão estendida, pedindo
dinheiro a uma Europa, que além de o não ter, não está minimamente interessada
em ajudar.
Acreditemos em nós como Povo e não estejamos sempre
melancólicamente à espera de um D. Sebastião qualquer.
São os povos que fazem os herois e não os herois que fazem
os povos.
Para esse objectivo então, acho que vale a pena restaurar a
minha Cidadania.
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