terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

UMA SINGELA HISTÓRIA DE AMÔR.
(Factos reais passados há muito pouco tempo...)

Eram um casal normalíssimo! Ambos pessoas de idade, Bodas de Ouro cumpridas, filhos criados, netos amigos e alguns bisnetos ainda balbuciantes. No fundo, uma Vida em conjunto com todas as suas alegrias e tristezas. Afinal nada mais que um casal unido pudesse esperar após mais de 50 longos anos de convívio, primeiro de paixão, depois de amôr, seguidos fatalmente de amizade, dedicação e até de uma saudável dependência.
Até que um dia ele adoeceu.
Adoeceu de uma doença degenerativa, longa e dolorosa e que infelizmente só poderia têr um desfecho possível.
Ela, uns anos mais nova, mulher corajosa e dedicada, decidiu cuidar do marido doente, declinando com doçura as várias soluções que os amigos e familiares iam sugerindo, numa mesericordiosa prespectiva de a poupar ao trabalho e ao sofrimento.
Foram três longos anos! Anos de dôr e dedicação.
De dôr, por ver a pessoa com quem tinha partilhado toda uma Vida, presa de sofrimento e incapacidade das quais sabia bem não haver retôrno possível.
De dedicação, pois jamais um esgar de impaciência, desistência ou desespêro lhe prepassaram sequer pela fronte apesar do penosos sofrimento que decerto a assolava.
O máximo que se lhe escutava, no seu jeito dôce e paciente, é que estava muito cansada, embora de boa saúde.
Um dia ele morreu!
Ela, mulher forte e saudável, passadas 24 horas sucumbiu a um fulminante, e aparentemente inexplicável ataque cardíaco.
Compungido, o médico que assistia o casal, explicou à família atónita que o fim daquele tremendo stress, longo de três anos, tinha subitamente cortado a produção de adrenalina, estimulada incessantemente pelos anos de calvário, o que lhe provocara aquele inesperado ataque de coração.

Ainda bem que a ciência nos ajuda e explica o que por vezes parece inexplicável.
Na minha prespectiva, mais terrena e prosaica, prefiro pensar que ela morreu simplesmente de amôr!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 10 de Fevereiro de 2004

Sem comentários: