quarta-feira, 4 de julho de 2012

UM FUTURO PARA PORTUGAL


A cada dia que passa vai-se tornando cada vez mais evidente que a Europa, em vez de ser parte da solução dos nossos problemas, é cada vez mais uma parte do problema, senão mesmo a sua totalidade.
Inicialmente a ideia parecia sedutora, quando aderimos entusiásticamente a uma Europa, que diga-se de passagem, nunca foi nossa e nunca gostou de nós, mas basta conhecer  um pouco de História, para entender que essa tal Europa, solidária e democrática, não passava de uma utopia criada e alimentada por um conjunto de políticos arrogantes, que ao arrepio de tudo o que é aceitável, começaram a construir o edifício pelo telhado, sem cuidar da solidez dos alicerces. Os resultados estão à vista!
Não vale a pena alongar-me em detalhes que por todos são conhecidos, pelo menos hoje em dia, mas que eu antecipei há mais de vinte anos atrás, apesar de ter sido sempre  considerado um Velho do Restêlo (justiça ao Dr. Medina Carreira, que sempre manteve esse discurso).
Nesta altura porém, entalados como estamos, não vale a pena chorar sobre o leite derramado, mas sim prepararmo-nos para novas realidades que se nos apresentam inevitáveis.
A primeira dessas realidades é entendermos de uma vez que nunca tivemos vocação Europeia, e só o novo-riquismo das nossas elites permitiu que nos envolvêssemos tão profundamente num projecto temerário, no qual a realidade tem excedido as piores previsões. A nossa História não tem nada a ver com a  Europa. Para lá  das alianças com Inglaterra, a única potência Atlântica, tivemos sempre uma “rolha” a Leste, o que nos virou definitivamente para o grande Mar Oceano. As nossas guerras foram sempre querelas fronteiriças com Espanha e conflitos regionais com outros Países na defesa das nossas conquistas ultramarinas. Lá tivemos de aturar a megalomania de Napoleão, e na 1ª República sacrificámos inutilmente uns milhares de homens nas trincheiras Francesas, sem qualquer ganho ou proveito. Fora estes episódios, nunca tivemos qualquer ligação com essa Europa das guerras, das hegemonias e dos Impérios Continentais.
Digam-me lá então porque é que somos Europeus, e principalmente porque tanto insistimos nessa idiotice? Só por estarmos na ponta Ocidental do continente? E essa situação não nos dá todas as desvantagens de uma periferia, distante e com pouco peso político?
Na realidade, o que nós somos é Atlantistas,  cuja vocação só foi invertida, e pelas piores razões, após a restauração democrática e só a cegueira arrogante das nossas elites permitiu que tivéssemos perdido mais de 30 anos, permanentemente em bicos de pés para quem nunca nos ligou nenhuma, subalternizando sempre a CPLP, essa sim, derivada da nossa verdadeira vocação.
Se considerarmos a globalização, as rotas marítimas,  comerciais e até militares, dão-nos uma centralidade invejável, atirando irremediávelmente o centro e o norte da Europa para a verdadeira periferia global.
Já devíamos saber bem isto, pois há quinhentos anos que aplicámos a receita e ela resultou em pleno, e se pensarmos bem, embora algumas variáveis se tenham invertido, a situação é bastante semelhante.
Há pois que trabalhar, mas trabalhar mesmo! Criar uma mentalidade independente que nos tire da soburdinação aos humores de uma Europa, que mais do que decrépita, sofre irremediávelmente da Doença de Alzheimer.
Tivemos quinhentos anos de descanso e agora está na hora de trabalhar!
Primeiro foram as especiarias do Oriente, a seguir o ouro do Brasil, seguido pelos lucros do Império Colonial do Sec. XIX, depois tivemos o volfrâmio durante a II Guerra Mundial e por fim vieram os fundos Europeus.
Agora acabou!
Secaram as fontes que durante mais de quinhentos anos nos foram prporcionando a capacidade de ir sobrevivendo sem grande trabalho ou preocupação. Agora está na hora de esquecermos essa humilhante subserviência a esta Europa esfrangalhada e avançarmos resolutamente para soluções Atlantistas, que embora sejam mais trabalhosas, nos poderão dar a importância geo-estratégica que possuímos e que temos andado a vender a troco de um prato de lentilhas.
No momento em que por necessidade esta Europa for obrigada a unir-se para não sossobrar, que não restem dúvidas de que passaremos apenas a ter o estatuto de fronteira ocidental da Alemanha.

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