sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

A BALANÇA DE PESAR AS ALMAS.
Fui hoje confrontado com o anuncio da estreia de um filme da autoria de Alejandro Gonzalez Igñarritu, basco certamente, com o título de "21 Gramas" e com o subtítulo em inglês "how much does life weigh?"
Eu não vi o filme, e não tenho mesmo a certeza se o verei, mas sei onde o autor foi beber a inspiração.
No final dos anos 80 li uma pequeníssima notícia no jornal, que de imediato referenciei ao meu círculo mais íntimo (ainda hoje conferi e todos se lembram), que noticiava um insólito estudo levado a efeito por um médico alemão. Este clínico trabalhava numa enfermaria onde permaneciam vários doentes em estado terminal e, colocando balanças de precisão nos pés das camas, verificou um decréscimo súbito de 21 gramas no preciso momento da morte. O mais estranho, referia o médico, é que o pêso de 21 gramas era uma constante em todos os óbitos, independentemente do pêso ou sexo da pessoa falecida.
Na altura, fascinado com a notícia, opinei com a minha habitual arrogância que 21 gramas era o pêso físico da "alma".
Hoje, quase vinte anos depois e recordado por um realizador de cinema que considera os 21 gramas o pêso da "vida", e não própriamente da "alma", volto a questionar-me sobre o assunto.
A considerar verdadeiro este facto, que acredito ser científico, considero que os 21 gramas são realmente o pêso físico da Alma. Segundo julgo saber, e o Henrique poder-me-á esclarecer, segundo a lei da entropia nada se perde mas tudo se transforma, sendo que me pergunto para onde irão esses 21 gramas, de forma súbita e repentina, já que as explicações de perda de fluídos, etc... jamais poderão explicar este fenómeno e a perda de energia também não serve, pois a energia em si própria não tem pêso, pelo menos mensurável, penso eu.
Estes 21 gramas não foram inventados pelo Sr. Igñarritu, pois eu já conhecia a existência deste fenómeno há cerca de vinte anos, portanto deve haver, e há com certeza, registos destas experiências. Assim pergunto-me como é que a ciência não se debruça sobre este mistério?
Talvez mesmo porque seja um mistério, condição com a qual a ciência não se dá bem! Talvez porque a ciência se preocupe apenas em demonstrar o que já se sabe. Talvez porque a ciência não seja realmente ciência, ou mesmo porque a ciência talvez seja cobarde.
Na parte que me toca, 21 gramas é um pêso razoável para uma Alma e ficaria bem satisfeito se alguem conseguisse constatar, no momento exacto da minha morte, que o meu corpo havia perdido exactamente 21 gramas.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 6 de Fevereiro de 2004

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