Depois de ver como a UE tratou a questão de Chipre, a falta de
respeito e a arrogância das suas posições, sinto que a Europa do Norte, marchando
em passo de ganso ao ritmo do rufar dos tambores Alemães, não hesitará em
apertar ainda mais o jugo sobre Portugal, país com 900 anos de História
independente - com um breve hiato de 60 anos - e que tem sido tratado pela
burguesia da Europa como um maltrapilho, sem eira-nem-beira e pouco merecedor
do respeito dos outros.
Bem sei que as últimas décadas de uma democracia deficiente,
oligárquica e distante do Povo, não nos terá granjeado grandes simpatias. O
provincianismo bacôco de governantes deslumbrados, quais aves do paraíso, com o
seu papel na História, puseram o País numa situação de grande dependência
financeira, humilhante e da qual não parece ser possível sair pelos seus
próprios meios.
Sem tradição política, passada a 1ª geração em democracia, emergiram
os pequenos profissionais da política, oriundos da Juventudes Partidárias, provávelmente
inúteis noutras profissões, e que rápidamente começaram a delapidar o País.
Inchados com as suas noveis funções governativas, passeiam-se impantes
e convencidos nos carros pagos por nós, movidos com a nossa gasolina e
conduzidos pelos motoristas a quem pagamos o ordenado. O decrépito Falcon da
Força Aérea fá-los pensar que têm um avião particular, assim como os grandes
magnatas da finança e da política. Gabam-se de tratar por tu vários 1ºs
Ministros Europeus, e afinal, de que nos serviu a nós tamanha demonstração de ridículos novo-riquismo e vaidade?
Na hora da verdade, que inexorávelmente se abateria sobre as nossas
cabeças, verificamos que nada de positivo nos é proposto e que nada se divisa,
nem para lá da linha do horizonte, que nos apresente um futuro razoávelmente
aceitável.
Portugal está sitiado!
Está sitiado por aqueles que deviam ser aliados e “compagnos de route”,
o que torna a situação ainda mais amarga.
O Governo tem errado e falhado rotundamente, baseando-se em cálculos,
projecções e previsões de um ministro que não consegue acertar em nenhuma
das suas profecias, e as promessas de
que a crise tem fim à vista, vão sendo proteladas de trimestre para trimestre,
de semestre para semestre, e enfim... de ano para ano! Esperemos que não venha
a ser de década para década...
A credibilidade deste Governo, em que uma parte considerável dos
Portugueses depositava esperança, tem apodrecido rápidamente, minando de forma
quase irreparável os alicerces que suportam a estrutura da nossa sociedade.
Depois, num assomo de esquizofrenia política, anuncia com um ar grave e
decidido que “estamos no bom caminho!” (???)
Por outro lado, o maior partido da oposição é um deserto de ideias e
soluções. Pomposamente criou aquilo a que chamou de “Laboratório de Ideias”,
mas pelo que se vê este parece estar encerrado para balanço, pois de lá, que se
saiba, nenhuma ideia saiu com vista a uma solução para Portugal. Apenas os
ouvimos perorar acerca do erro do caminho seguido pelo Governo e afirmar que
com eles existiria um Programa para o Emprego e para o Crescimento. Enfim...
como dizem os Ingleses, “Wishfull Thinking”, pois, após arranhada a superfície desta
trinotroante afirmação, deparamo-nos com um vazio absoluto.
Dos outros nem vale a pena falar. Mera política de terra queimada, que
embora indiquem um caminho plausível, este jamais poderia ser trilhado da forma
como advogam fazê-lo.
Claro que seria de supor que, integrados numa União Europeia, seríamos
ajudados pelos nossos parceiros, mas como constatamos esta chamada “União” é
uma palavra vazia de sentido e de conteúdo.
Esta União, que foi formada para refrear os históricos e compulsivos instintos
hegemónicos da Alemanha sobre a Europa, acabou por criar a arma perfeita. Aquela
arma que qualquer conquistador sonharia em ter. Algo que, como a bomba de
neutrões aniquila a população sem destruir as estruturas, e a essa arma deram cínicamente
o nome de Euro!
O Euro, criado à imagem do Marco, deu aos Países uma falsa sensação de
pertença, uma moeda de todos e para a qual todos contribuíam.
Nada mais falso: O Euro não passa de um Marco travestido em moeda
única, mas que apenas pertence à Alemanha servindo incondicionalmente os seus
interesses e assim, de uma forma ou de outra, os Países foram baqueando uns
atrás dos outros, vergados à poderosa economia Alemã que a todos impôs os seus “dictacts”.
É bom recordar que os nossos déficits são postos de trabalho e
superavits comerciais na Alemanha, portanto a soberba dos seus reparos à nossa economia, poderia ser menos indecorosa.
A generosidade inicial enganou-nos bem, mas teve apenas como fito
destruir a nossa indústria, pescas e agricultura. As normas Europeias
foram-se tornando cada vez mais exigentes, esforçando a economia para lá do que
era aceitável. Exigiram-se, por exemplo, a substituição das gaiolas das galinhas poedeiras, com
enormes custos para os avicultores em nome do bem estar das aves, mas por outro
lado foram-se retirando apoios sociais e permitindo a destruição de emprego,
lançando na pobreza milhares de famílias. Pelos vistos, respeitam mais as galinhas do que as pessoas! Nem vale a pena continuar aqui a
desfiar este rosário de misérias, pois infelizmente quase todos os Portugueses
o conhecem.
Convinha pois começar a romper com alguns tabus, coisa que muito assusta
os políticos e a banca, e começar por partir do principio de que só poderemos
sobreviver a esta guerra se destruirmos a arma que contra nós é utilizada: O
famigerado Euro!
Sempre que este assunto vem à baila, são acenados os fantasmas da desvalorização,
da bancarôta, da miséria, etc... Mas afinal não é já isso que acontece? O nosso
PIB decresce – e há-de continuar a decrescer - logo, a dívida aumenta
percentualmente, consequentemente os juros sobem e miséria alastra.
Será isto que os Portugueses querem? Tão afoitos que foram no passado
a enfrentar o desconhecido do grande Mar Oceano, encolhem-se agora perante as
ameaças de contabilistas e seus amanuenses?
Não posso querer que todos pensem como eu, que estejam dispostos a
correr os mesmos riscos, ou até se já se lhes varreu do espírito a noção de
Pátria que ainda tenho tão arreigada em mim, mas ao menos forcem a discussão.
Não deixem que vos assustem só com ameaças de desgraça, em que o
monopólio das opiniões vem normalmente de quem se enganou sempre e em tudo.
Vamos ver se por uma vez, em vez de andar para aí a gritar “ladrões”, “demitam-se”,
etc... Que alivia, bem sei, mas não serve para nada, gritem exigindo uma
revisão dos Tratados da (Des)União Europeia e a extinção dessa arma de destruição maciça em
que o Euro se tornou.
1 comentário:
Boa, Zé Maria! Estou contigo e não abro. Vou repassar para a minha lista.
Um abraço
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