Reza a antiga mitologia Grega,
que Sisífo, tendo desobedecido a Júpiter foi condenado a um tipo muito
específico de trabalhos forçados: Subir uma íngreme encosta empurrando um
pesadíssimo pedregulho, que uma vez no tôpo, rolaria de novo ravina abaixo,
obrigando o pobre Sisífo a repetir a tarefa, sem nunca lhe vislumbrar um fim.
Como qualquer lenda, esta tem uma
finalidade metafórica, e é frequentemente utilizada para expressar a
inutilidade de trabalhos e sacrifícios repetidos sem qualquer vantagem, o que
obriga a levá-los a cabo de novo sem qualquer garantia de êxito,mas apenas por
não existir qualquer espécie de recuo ou alternativa possíveis.
A situação económico e financeira
de Portugal acaba por se tornar no verdadeiro corolário do mito de Sisífo.
Dois longos e angustiantes anos
de sacrifícios, de empobrecimento, de baixas expectativas, de desemprego e de
desepêro, para no fim e ao cabo, o verdadeiro profeta das prometidas políticas
libertadoras se demitir, afirmando com candura que as suas políticas tinham
falhado!
Realmente esta situação é
verdadeiramente desalentadora. É como se um carrasco, após ter decapitado o
condenado, afirmasse com ingenuidadde e bonomia, que afinal não era aquele
pescoço que ele queria cortar, e portanto que lhe desculpassem lá qualquer mau
jeito, mas iria deixar de exercer tão exigente profissão e tornar-se num mero
oficial de diligências, que mais não faria do que notificar possíveis arguidos,
sem qualquer outra responsabilidade nos processos.
Já nem vale a pena bater na tecla
da irresponsabilidade da entrada de Portugal no Euro, e muito menos da forma
completamente incompetente de como foi calculada a paridade ao Escudo. Com isto
mataram e esterelizaram a nossa economia: Os preços subiram súbitamente e a
nossa competividade desceu de forma tão imediata como a subida dos preços. A Europa,
essa entidade indefinida, que aparentemente é representada por uma Comissão que
não manda, controlada por um Parlamento sem poderes e que, contra todas as
promessas, é conduzida por um directório de países que apenas almejam o seu
próprio sucesso, vai andando ao sabôr de muito ventos que se encarregam de
gorar qualquer planificação que se possa fazer para melhorar as condições
financeira e económica de Portugal.
Ou é um problema de liquidez num
país como Chipre, ou são mudanças em coligações de países terceiros, ou ainda
eleições na Alemanha, ou qualquer outro assunto que não nos diz directamente
respeito. Tudo isto condiciona estupidamente a economia Europeia, principal
destino das nossas exportações e assim, já quase no tôpo da encosta, lá vem o
Euro para cima de nós, esmagando-nos com o seu insustentável peso, que nos
rouba soberania, bem estar e esperança, obrigando-nos a outro inglório recomeço.
É claro que existiram êxitos.
Toda a gente o sabe, mesmo os que os negam, mas afinal de que serviram? A dívida
está menor? Não! O déficit está controlado? Não! O desemprego está a baixar?
Não! O investimento está a aumentar? Não! A economia está a crescer? Não!
Então afinal qual será a
verdadeira finalidade destes sacrifícios? Se não são para o nosso bem estar,
hão-de ser com toda a certeza para o bem estar de alguém.
A verdade é que o nosso déficit
tem uma correspondência directa e efectiva no superavit de outros países
Europeus. Na realidade, o nosso desemprego, representa postos de trabalho na Alemanha e o prejuízo
derivado dos juros que pagamos pela nossa dívida, são lucros directos na dívida
Alemã e de outros países do Norte, que chegam a pagar(?) juros negativos (?).
Já vemos pois por que são eles tão pressurosos em afirmar ao mundo que Portugal
“está no bom caminho”! E está de facto, mas no bom caminho deles, não no nosso.
E assim, enquanto não nos
libertarmos deste jugo, mais não seremos do que múltiplos Sisífos arrastando
pedregulhos pela encosta acima, sabendo de antemão da fatalidade de ter de
repetir essa tarefa, vezes e vezes sem conta sem nenhum objectivo alcançável.
É pena! Políticos que se tinham
como brilhantes, enterraram-nos num dos maiores logros da História, fazendo-nos
acreditar de que alcançaríamos com facilidade a terra onde corre o leite e o
mel, esquecendo que Moisés teve de penar quarenta anos no deserto, para apenas
a vislumbrar.
Se tivéssemos um Governo
corajoso, estaria na altura de bater o pé e dizer: “Ou vocês mudam, ou nós
saímos do Euro...”, pois por muitas vozes que afirmem que isso teria um
altíssimo e desastroso preço, ainda ninguém teve a coragem de indicar o
verdadeiro prêço da nossa teimosa permanência nesta moeda mal parida, mal
gerida e que se arrisca a acordar definitivamente os fantasmas que ciclícamente
lançaram a Europa em várias guerras suicidárias.
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Eis como se poderia ilustrar bem a situação dos Portugueses, face à Europa e ao Euro:
1 comentário:
Eu não sabia disso. Acho que é uma coisa muito interessante. No outro dia eu estava comendo em um dos restaurantes em higienópolis e na próxima mesa havia pessoas falando sobre este assunto.
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