DOBRE A FINADOS.
Assisti ontem, estarrecido, à morte "em directo" do jovem jogador Miklos "Miki" Fehér.
A escassos segundos do fim do jogo, após uma advertência do árbitro, o jogador sorriu com "fair play" e caíu morto!
É certo de que o conseguiram reanimar duas vezes, mas o seu corpo recusou-se a viver, já que acredito que o seu espírito deve ter lutado árduamanete para se manter entre nós.
O drama de vêr um atleta de 24 anos, educado, esforçado e simpático, fenecer perante alguns milhões de espectadores, é um espectáculo aterrador e que nos faz entender que a vida, além de sêr um bem escasso, é também um bem extremamente frágil. Os rostos atónitos do público, o ar de desespêro dos colegas e a atitude denodada e esforçada do corpo clínico, ajudaram a dar um toque especialmente dramático a este infausto acontecimento que nos levou do convívio um jogador que ao longo de cerca de cinco anos nos habituáramos a ver lutar por aquilo que vulgarmente é apelidado de um "lugar ao sol".
Durante e após a ocorrência, foi particularmente penoso ouvir, e vêr, os vários jornalistas, básicamente telivisivos e radiofónicos, procurando frenéticamente saber se o estádio tinha meios de reanimação (tinha!), se os médicos tinham agido bem (tinham!), se a ambulância teria demorado tempo de mais (não tinha!) ou se o hospital estava habilitado a lidar com estes casos (estava!).
No fundo, para esta raça de abutres, o jovem que ali jazia sem vida, após os momentos iniciais deixara de ser a notícia, e esta era ávidamente procurada num eventual bode expiatório que daria alimento aos abutres por muitos e largos dias.
Infelizmente é esta a raça de jornalismo que alimentamos!
Quanto a Micki Fehér, que nos fique a imagem do jovem loiro, atlético, desportista combativo e leal, com a qual ele sempre nos brindou.
Paz a sua alma!
Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 26 de Janeiro de 2004
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