quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A QUESTÃO CATALÃ.

Instalou-se na opinião pública e publicada (provávelmente de forma deliberada), que o Referendo na Catalunha, corresponderia inevitávelmente a uma declaração unilateral da independência Catalã, a qual tem sido um desejo centenário das gentes da Catalunha.

A verdade é que, o referendo limita-se a fazer uma pergunta tão simples, como a de perguntar aos Catalães se gostariam ou não de ser independentes.

Pelo que tenho lido e ouvido na imprensa e televisão Espanholas, fonte oficiais afirmam que apenas uma minoria ruidosa deseja a independência, ao contrário de alguns intelectuais e uma tradicional “maioria silenciosa”.
Se é realmente assim, sendo o referendo declarado ilegal, e portanto as suas consequências nulas, não entendo a enorme ofensiva do Governo de Madrid, pois se, como eles proclamam, ganhasse o NÃO, o assunto morria ali, é tão cedo não voltaria à baila.

Portanto só me resta à conclusão de que Rajoy teme que ganhe o SIM, o que embora não tivesse consequências a nível imediato, obrigaria a uma revisão profunda do regime autonómico Espanhol, o que levaria a demoradas e exigentes negociações. O próprio Pablo Iglesias, líder do Podemos, afirmou na televisão que considerava impensável uma declaração unilateral de independência por parte da Catalunha.

E Rajoy, presa dos seus temores, e evidenciando os ancestrais tiques hegemónicos do reino de Castela tomou a pior das decisões, que foi a deslocação de um tremendo aparelho repressivo para a Catalunha, prendendo responsáveis políticos, apreendendo material eleitoral em nome de uma legalidade conferida pela Constituição de 1978, esquecendo um princípio fundamental que demonstra que a repressão violenta é o melhor cimento para uma rebelião e uma fábrica de Nacionalistas entre as hordas, aparentemente numerosas, dos que se declararam indecisos.

Parece difícil que este braço-de-ferro não acabe muito mal, e definitivamente, parece-me impossível que acabe com o Nacionalismo Catalão.

Interessa aqui referir, algo que tem sido escamoteado: é verdade que a Constitição de 1978 foi referendada pelos Catalães por uns expressivos 90%. O que é omitido, é que após esse referendo, a Constituição voltou ao Tribunal Constitucional, que procedeu a várias alterações que vieram desvirtuar considerávelmente o texto referendado, situação que só um ingénuo acreditaria não ter sido premeditada.

Mais tarde ou mais cedo, o assunto vai voltar a ensombrar a política Castelhana, e será inevitável que um dia o SIM ganhe inequívocamente, a bem ou a mal.
O medo, justificado, de que o País Basco e a Galiza tenham as mesmas tentações da Catalunha, poderia, na mão de políticos inteligentes e corajosos, transformar a Espanha numa Confederação, mudança que terminaria com os conflitos internos, e possibilitaria uma paz política que, aí sim, até poderia tornar possível uma União Ibérica, dando mais força à Península e tornando-a mais homogénea, através de um Governo Confederado, em moldes a negociar com muita cautela e habilidade.

Enquanto o Governo Central de Espanha não perder os seus tiques hegemónicos de superioridade política e social, a Espanha será sempre um foco de instabilidade, que arrasta consigo toda uma impossibilidade de progredir para soluções modernas e inteligentes, tanto a nível Peninsular, como Internacional.

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