domingo, 30 de novembro de 2014

COM PAPAS E BOLOS SE ENGANAM OS TOLOS

Para meu sossego pessoal, acabou finalmente o XX Congresso o PS, e com ele, o fim das exaustivas transmissões de directos, feitas pelos pouco imaginativos canais dedicados à informação.

Desse exercício de onanismo colectivo, feito à sombra da mãozinha masturbadora do símbolo do PS, pouca coisa sobrou, mais não sendo do que a aceitação da paternidade de António Costa por uma infinidade de órfãos do poder.

Para lá dos patéticos discursos do saudosista Manuel Alegre e do ultrapassado Ferro Rodrigues, resta-me pois falar um bocado sobre o discurso de António Costa.

De notar, dois tabús: O deliberado esconjuro do nome de José Sócrates e a omissão do nome de Hollande, aquando as elégias aos partidos socialistas Europeus, compreensível, mas no entanto, cobarde.

Costa falou, falou, mas disse muito pouca coisa.

Apresentou o habitual discurso estafado e carregado de "wishfull thinking" do costume, afirmando a necessidade de apostar no crescimento e na diminuição do desemprego, conservando o tradicional mistério de explicar  como o conseguir.

Insstiu no estafado slogan da Agenda para a Década, esquecendo que o PS não conseguiu sequer manter o compromisso sobre o IRC por mais de meia dúzia de meses. Insistiu numa Agenda Europeia irrealista, afirmando ser esse o seu futuro campo de batalha (exactamente o mesmo erro de Hollande cometeu!), martelando uma tecla que sabemos só poderá ser acionada, se e quando nos for permitido.

Insiste que o projecto Europeu tem de voltar ao seu figurino inicial, sem cuidar que esse figurino falhou pelo facto de ser irrealista e baseado em premissas de crescimento que já não são reais e de uma demografia que as não pode sustentar.

Resumindo: Costa oferece uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, ao som de um paroxismo primário e ululante de uma turba, que de punho erguido, grita "PS, PS, PS...", como se essa atitude fosse a sinecura de toda a incompetência e irresponsabilidade políticas que o seu Partido exibiu ao longo de quatro décadas.

De resto, o que sobrou foi um conjunto de lugares comuns, baseados em flagrantes da vida real, num assomo de demagogia e populismo, nos quais foram misturadas crianças com penhoras, famílias monoparentais com aumentos de IMI, numa insuportável mistura de problemas que só podem ser resolvidos com mais despesa e menos receita.

Alguém poderá conceber populismo maior do que, a meio de um discurso político, convocar Maria do Céu Guerra ao palanque, para que ela nomeasse as mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica? Uma verdadeira infâmia que usa como arma política o sofrimento e a desgraça alheias. É que isto, para lá de populismo desbragado, raia a fronteira do ultrajante...!

E em resumo, o que Costa oferece, espremido, espremidinho, resume-se... a nada!
E foi isto que o chamado "Povo Socialista" aplaudiu com entusiasmo, perante o olhar embevecido de velhos maçons "históricos", a cheirar a naftalina e a gemer com reumático.

São estas portanto, as promessas do "messiânico" Costa, que clama despudoradamente por uma maioria absoluta, sem sequer se dignar a dizer o "como", limitando-se a prometer o "quê".

Que alguma lucidez ilumine os Portugueses na hora do voto, pois de contrário, estaremos condenados à miséria e à subserviência por várias décadas, remetidos à condição de párias e incompetentes a que as políticas levadas a cabo pelo "detido nº 44", de quem Costa foi o lugar-tenente, e que objectivamente nos lançaram na 3ª bancarôta em 40 anos, sempre pela prestimosa e predulária mão do Partido Socialista.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

OS 7 CEGOS DE JAIPUR: UMA METÁFORA DA POLÍTICA PORTUGUESA.

Conta uma antiga e sábia lenda Indiana, que no Estado de Jaipur existiam 7 homens cegos, considerados sábios. De facto, a sua busca pela verdade atingira um tal extremo, que para não se distraírem com o mundo, os próprios se tinham feito cegar.

Certo dia, apareceu um elefante, que logo foi rodeado pelos 7 sábios cegos. No afã de saberem do que se tratava. Um deles estendeu a mão e tocou na tromba do elefante, e sentenciou: “O elefante é como uma cobra!”. Um dos outros, que estava junto à orelha, estendeu a mão, e retorquiu: “Estás enganado, o elefante é como uma bananeira!”. Outro encostou a mão na barriga do animal, e discordou: “Ambos estão enganados, o bicho é igual a uma parede”. O que que apalpou uma das presas, afiançou que era uma lança, já o que tocou no rabo, setenciou que era uma corda.

Enfim, donos das suas próprias verdades, o 7 sábios cegos engalfinharam-se numa grande discussão, cada um defendendo vigorosamente o seu ponto de vista.

Um rapaz que passava, desenhou então um elefante no chão, e só depois, por meio do tacto, os 7 sábios perceberam finalmente, que todos estavam certos, mas também estavam errados, já que cada um não conseguia ter uma visão de conjunto sobre a aparência do paquiderme e defendia furiosamente a sua visão parcelar.

Quem ontem tivesse assistido à sessão parlamentar sobre o “Estado da Nação”, fácilmente encontraria semelhanças com os cegos de Jaipur.

O Governo diz que o desemprego baixou, e é verdade, mas a oposição diz que isso se deve apenas a estatísticas e à emigração, o que também poderá ser verdade.
O Governo afirma que o país está económicamente melhor, o que é verdade, mas a oposição diz que os Portugueses continuam mal, o que também é verdade.

Poder-se-iam escrever milhares e milhares de caractéres sobre estas dicotomias, mas que na realidade a nenhuma solução conduzem. Portugal encontra-se numa encruzilhada, e de um modo geral parece que o mundo político se mostra incapaz de traçar uma linha de rumo.

O Mundo mudou, excepto o mundo político, que formatado com as ideias e doutrinas dos tempos de abundância dos idos 80’s, é incapaz de se reconfigurar, continuando a insistir nos mesmos slogans, nos mesmos chavões e na mesma argumentação.

Quando Constantinopla foi tomada pelos Otomanos, os teólogos bizantinos encontravam-se reunidos há tempos infinitos para averiguar uma questão vital: Qual era realmente o sexo dos anjos! E enquanto se entretiam com tão importante questão, Constantinopla foi tomada, eles degolados e a pergunta ainda hoje não tem resposta.

O que se passa no nosso mundo partidário tem grandes semelhanças com a magna questão do sexo dos anjos! Enquanto se discutem acérrimamente questões ideológicas e de princípio, o país anda à deriva.

Um Governo sem oposição, é um Governo que fatalmente governa mal e uma oposição autofágica, entretida em manobras de canibalismo político, jamais será capaz de fazer uma oposição séria e expedita, capaz de travar certas derivas delirantes que de tempos a tempos assaltam os nossos governantes.

Uma extrema esquerda que não se entende e nunca se entenderá, pois o entendimento fora dos seus pequenos feudos, é totalmente contrário à sua natureza. Um PCP super ortodoxo, que não se afasta nem um milímetro das suas raízes stalinistas, em que a única concessão que faz é participar no jogo democrático, embora a contra-gosto, pois sabe ser a única maneira de ir mantendo acêsa aquela bruxuleante e pequena chama, que promete os amanhãs que cantam. Sobre o PS, dispensam-se comentários. Basta ler os jornais ou ver a televisão para ter uma visão alargada da chacina que grassa nas suas fileiras. O PSD, embora suporte o Governo, vai alimentando anti-corpos que pululam nesse caldo de cultura, que elegantemente chamam de “sensibilidades”. O CDS, entalado entre o poder do PSD e o autoritarismo de Portas, tenta descortinar um caminho para saír o menos danificado possível, da alhada em que se meteu.

E assim vai Portugal, cantando e rindo, ou lamentando-se e chorando, o que é rigorosamente o mesmo, pois uma situação não passa da imagem no espelho da outra.

Falta alguém que desenhe o elefante no chão para que os nossos “sábios” e cegos políticos, consigam ter uma visão de conjunto que ajude Portugal, e não apenas a sua estreita visão que apenas leva em conta os interesses partidários dos “aparatitch” que estão sempre na primeira fila, prontos para abocanhar a sua, pequena ou grande, parcela de poder.

A pessoa indicada para o fazer, à luz da nossa organização institucional, seria o Presidente da República, mas infelizmente, este também é um dos sete cegos, e mais não consegue descortinar do que a sua vaidade pessoal, o seu ego mesquinho e a sua profunda incompetência política.

Enfim, não sendo demasiado pessimista, qualquer Português de média litracia, chega fácilmente à conclusão de que Portugal está, como se costuma dizer, “entregue à bicharada”.


Uma réstea de esperança ainda assoma ao limiar do futuro e que reside na dificuldade da Europa se afirmar como um bloco político/económico e não como uma pindérica confederação de países falidos e desavindos. Esta circunstância, bem demonstrada nos resultados das últimas eleições Europeias, lança um aviso estridente: Se a Europa não inverte radicalmente o seu rumo, ou a Europa acaba com os países, ou os países acabam de vez com a Europa.

terça-feira, 15 de abril de 2014

O 25 DE ABRIL E O REVISIONISMO HISTÓRICO.

Com o aproximar da data icónica do seu 40º aniversário e com a polémica estupidamente levantada por Assunção Esteves, acerca das comemorações do 25 de Abril, têm-se multiplicado as opiniões, mais ou menos apaixonadas sobre o dito 25 e os seus fautores, o famigerado Movimento dos Capitães.

Ainda Domingo passado, Marcelo Rebelo de Sousa invectivava a Presidente da Assembleia da República, afirmando que se ela ocupava o lugar que ocupa, devia-o aos Capitães de Abril e aliás não houve politólogo ou “bicho-carêta” que não se tenha pronunciado sobre o assunto nestes últimos dias.

Que Marcelo Rebelo de Sousa diga bacoradas, não espanta. A isso já toda a gente se habituou. No comentário semanal que faz na TVI, tem-se entretido a contar pequenos flagrantes, em tom de intimidade, dos bastidores da Revolução, como se dele tivesse sido uma peça importante. Ao que a vaidade leva...

Sendo Marcelo um distinto Professor, custa vê-lo passar para uma opinião pública cada vez mais desinformada, uma visão tão distorcida da realidade, juntando-se ao coro dos revisionistas que pretendem uma leitura histórica muito afastada da realidade.

De facto enganam-se as pessoas que afirmam que o Movimento dos Capitães deu aos Portugueses a Liberdade e a Democracia.

É uma mentira. Não deu!

O Movimento dos Capitães, motivado por questões de ordem corporativa e laboral, limitou-se a derrubar a Ditadura, aliás o único mérito que pode reclamar.

Depois disso sabe-se bem o que se passou: Uma série de militares sem preparação política fizeram o País desaguar num PREC dramático, que deve ter sido a pior catástrofe que houve em Portugal a seguir ao terramoto de 1755, Otelo Saraiva de Carvalho, promovido a General, chefiava um digno sucessor da PIDE, o Copcon, e andava sempre munido de vários mandatos de captura assinados em branco, podendo assim prender ou perseguir quem lhe aprouvesse (democrático, hein?). Incitaram-se os saneamentos políticos nas empresas, que passaram a ser geridas por mal preparados oficiais das forças armadas, através das célebres comissões “ad hoc”. Proliferaram nos quarteis os SUV (Soldados Unidos Vencerão), que desrespeitavam a hierarquia e chegavam a ameaçar os seus comandantes. Entretanto o Gonçalvismo, de matriz soviética, procedia à nacionalização de todos principais sectores da economia, acabando por destruír definitivamente o já fraco tecido industrial. No Alentejo, a Reforma Agrária incitou à ocupação de terras por esperançadas Uniões Colectivas de Produção, que em vez de terem disfrutado dos “amanhãs que cantam”, faliram quase todas ao fim de um ano.

Entretanto no Hotel Alvor, Soares, Almeida Santos e companhia, encenavam para o mundo um ridículo acordo político entre os movimentos de libertação, clamando estarem a proceder a uma “descolonização exemplar”, enquanto nomeavam para o Governo Geral de Angola um indiscritível Almirante Rosa Coutinho, conhecido cá por “Almirante Vermelho” e em Angola pelo “Lagosta” (Era vermelho, tinha a casca grossa e a merda toda na cabeça). Rosa Coutinho levou à letra as instruções de Cunhal e entregou de forma unilateral decidida e conscientemente o poder ao MPLA, lançando Angola numa sangrenta guerra civil que durante 20 anos ceifou milhares e milhares de vidas. 500.000 Portugueses, muitos nascidos em África e já sem ligações ao país, perderam todos os seus bens e haveres, e em fuga desordenada foram recebidos em Lisboa com sobranceria e desprezo, sendo apelidados depreciativamente de “retornados”.

Em suma, este é resumidamente o resultado do 25 de Abril, já para não falar nos cercos à Assembleia da República e nas coacções da “muralha de aço” que dizia proteger o Camarada Vasco, que discursava raivosamente cada vez que lhe aparecia pela frente um microfone.

Depois, no meio dos maiores receios de se estar a beira de uma guerra cívil, houve de facto um grupo de militares, esses sim, que a 25 de Novembro de 1975 travaram as investidas comunistas que empurravam o país para uma ditadura do proletariado, inspirada no modêlo Cubano.

Esses militares sim, a esses devemos realmente a Liberdade e a Democracia, e para que conste, não eram os mesmos que em Abril de 74 derrubaram a ditadura. Por respeito e merecimento, faça-se uma excepção a Salgueiro Maia, que fez o que tinha a fazer, aceitou a rendição de Marcelo Caetano, regressou ao seu quartel, recusou todo e qualquer cargo ou protagonismo político e entrou num quase anonimato, de onde o querem agora tirar sugerindo a sua ida para o Panteão, quando o próprio, em testamento, indicou querer ser enterrado numa campa rasa em Castelo de Vide, sua terra natal.

A geração que agora está a entrar na meia-idade, seria pouco mais do que criança no 25 de Abril de 74, os seus filhos já só ouviram falar e portanto, os nossos intelectuais, os politólogos, os jornalistas e a oligarquia política no seu geral, prestam um péssimo serviço ao futuro, distorcendo o passado, seguindo o modelo que George Orwell imaginou na sua icónica obra 1984. No livro, Winston Smith estava encarregado de perpetuar a propaganda, alterando diáriamente as notícias do único jornal que não se auto destruia e cujo único exemplar ficava arquivado na Biblioteca como único registo de um passado, que era alterado segundo as conviniencias políticas do Grande Irmão, caricatura de Josef Stalin.

Orwell no decorrer da obra, elabora o seguinte pensamento: “Quem controla o presente, controla o passado e quem controla o passado, controla o futuro”.

E assim, quase como sem dar por ela, o povo Português continua a ser vítima de um tremendo embuste que resulta deste revisionismo, destinado a branquear um passado pouco edificante, no qual a honra e a verdade não passam de meros incómodos que podem ser torneados pela facilidade da mentira, transformada em verdade oficial.

terça-feira, 25 de março de 2014

A ILUSÃO DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS

Os bons resultados da extrema-direita em França, tiveram o condão de acordar e lançar o alarme nas hostes, ditas democráticas, que laboriosamente militam na UE.
É difícil de entender semelhante surpresa, uma vez que a História está recheada destes exemplos e das suas consequências. A verdade é que como conceito, a Democracia é sedutora, mas na prática poucas vantagens tem trazido à maior parte das populações, a não ser quando exercida em contexto internacional não igualitário. 
Já sem falar no domínio do Império Britânico, a poderosa América, com os seus 250 anos de Democracia, não diminiu as assimetrias sociais, sonegou o Estado Social, considerando-o socializante, e após as tristes cenas do Mcarthismo e dos atentados de 11 de Setembro, aprovou uma lei infame e descriminatória, o “Patriot Act”, que perverte de forma definitiva todas as liberdades e garantias de que qualquer cidadão deveria benificiar.
Poderá parecer que neste texto transparece alguma ideologia anti-democrática, o que não é verdade. O que acontece é que a chamada Democracia Ocidental tornou-se num dos maiores logros da História, no qual uns acreditam, outros querem desesperadamente acreditar e ainda outros gostariam de ter razões para acreditar. No fundo, a crença na Democracia, no mundo que nos rodeia, pouco mais é do que um acto de Fé!
Quando se fala em Democracia, o que logo sobressai é o conceito de Liberdade Individual. Mas será que esta existe? No emaranhado jurídico que rege o funcionamento da Sociedade, o afã de derimir diferenças culturais, ideológicas, ou mesmo materiais, retiram ao indíviduo qualquer capacidade de usar a sua Liberdade Individual, de tal forma ela está tolhida pela Liberdade dos outros. Portanto, haja algum cuidado quando se içam as bandeiras da Liberdade! Ela está de tal forma condicionada, que pouco pode existir para além do reino do pensamento e da opinião.
Exemplificando com o surrealismo de um caso verídico: No tempo do Serviço Militar Obrigatório, e sendo à época Diogo Freitas do Amaral Ministro da Defesa, surgiu o movimento dos Objectores de Consciência, que invocando incompatibilidades religiosas ou morais, se furtavam ao ao SMO. Rápidamente o Governo da altura decidiu tipificar, e aceitar, os Objectores de Consciência, pelo que os ditos teriam de apresentar um atestado, assinado por um sacerdote do seu culto, atestando a sua qualidade de Objectores de Consciência (!). Numa entrevista dada à televisão, Freitas mostrava-se preocupado, não com os Objectores de Consciência, mas sim com os “falsos Objectores de Consciência” (!!). Alguém conseguirá definir um “falso Objector de Consciência”?
E enfim... Rodeados deste furor controlador e pseudo-igualitário, é fácil de perceber que espécie de  Liberdade os cidadãos poderão esperar desta nossa Democracia.
Simultâneamente à popularização dos conceitos de Democracia, a partir do Sec. XIX a alta finança descobriu a mina das dívidas soberanas, e assim, financiando guerras, revoluções e golpes de estado, foi prosperando. Dizia o velho patriarca, o Barão de Rotschild: “É-me indiferente quem governa, desde que eu tenha o controle da moeda...”
E assim correu o Sec. XIX. A entrada no Séc. XX foi estrondosa! Uma guerra mundial em 1914, uma crise financeira generalizada em 1929 e mais uma guerra mundial em 1939. Foram destruídas Nações, procederam-se a vários genocídios e cometeram-se enormes atrocidades no Holocausto, nos Gulags, na China, no Vietnam, no Laos e mais recentemente na Bósnia e no Kosovo. E quem não pestanejou? A alta finança!
A globalização veio acabar de dar o golpe final na independência do poder político, tornando-o definitivamente refém do poder financeiro. Assim, o capital desloca-se no Mundo, sem “rei nem roque”, ditando as suas regras, transformando de forma definitiva o dinheiro, de simples meio de pagamento, em uma mercadoria em si própria, criando uma teia impenetrável de negócios que aparentemente transformam em activos de alguém, produtos que na verdade são passivos de outro alguém, convertendo assim a moeda numa espécie de notas de “monopoly”, que mesmo não valendo nada, é-lhes atribuído como bom o valor facial impresso naqueles pedaços de papel.
Com o poder político totalmente capturado pelos grandes interesses financeiros e especulativos, rápidamente a Economia passou de ciência a jogo de azar, o que permitiu ganhos fabulosos a quem nada produz e aumentou a pobreza de quem realmente trabalha, o que na realidade é um paradoxo. Como entender que um especulador internacional como George Soros tenha conseguido em 1992 fazer um ataque, aliás bem sucedido, à toda-poderosa Libra Estrelina, obrigando o Reino Unido a proceder à sua desvalorização?
Criou-se pois uma élite mundial, sem pátria e sem escrúpulos que se dedicou, entre outras tropelias, ao ataque sistemático das dívidas soberanas. O aparecimento do Euro, mal estudado e mal arquitetado, já que apenas potencia as desigualdades entre estados, veio ao encontro da sanha e da gula dessa élite financeira, que lhe fincou o dente e jamais largou. Com uma Europa dependente do refinanciamento permanente e de uma dívida que aumenta na proporção directa da sua incapacidade de crescimento económico, esta acabou por se tornar numa carcaça moribunda e apodrecida, na qual  nenhum abutre resiste a dar uma bicada.
Neste contexto, Portugal, e não só, fará rigorosamente o que lhe mandarem!
Não há qualquer margem de discussão, já que basta fechar a torneira para que o País fique sem forma de pagar as suas obrigações, o seu Estado Social, os ordenados ou as pensões. Portanto, a pergunta que se impõe, é para que é que serve a Democracia? Ouvem-se imensos processos de intenção. Uns “exigem” a reestruturação da dívida, outros que básicamente esta não seja paga e outros ainda, admitindo que Portugal tem de honrar os seus compromissos, dizem que isso é impossível, os mais irrealistas advogam que os interesses do Povo estão antes dos interesses dos credores. Pena não terem pensado nisso enquanto iam alegremente endividando o país...!
Esta situação não é um duvidoso previlégio nacional, mas antes uma chaga que vai grassando e alastrando por essa Europa política, que agora atónita, se vê como uma espécie de Republica de Weimar, o que no fundo não deixa de ser um diagnóstico correcto.
Assim, deixando as decisões políticas ao sabôr dos ciclos eleitorais, os Europeus balançam na escolha entre “lume e a frigideira”, sem que outra perspectiva se lhes apresente, a não ser o regresso ao proteccionismo, o reafirmar de uma Europa-fortaleza, afundando desapiedadamente todos os esquifes que rumam a Lampedusa e protegendo descaradamente a sua agricultura e indústria, isolando-se assim de um mundo que alegremente deixou que fosse construído à sua volta, expendendo sempre grandes princípios de igualdade e liberdade, dos quais abdicou sorrateiramente a troco de alguns pratos de lentilhas encapuzadamente traficados no seu interior.
Perante este triste cenário, apenas restaria ter esperança que uma Nova Ordem Mundial mais justa, mais equitativa e menos cruel se instalasse no mundo. Como é uma completa utopia esperar que isto possa acontecer de motu-próprio, parece cada vez mais próximo e inevitável um cenário de conflito generalizado.
Não se procedendo a uma purificação pelo fogo, que tão útil se tem mostrado para a sobrevivência da espécie humana, restará dobrar de vez a cerviz e assumir que a geração actual, terá sido eventualmente a última geração a gozar de alguma liberdade. Daqui para a frente, com Governos a privatizarem lucros e a nacionalizarem prejuízos, a concederem a exploração de monopólios a troco de dinheiro e a dilapidarem despudoradamente os recursos nacionais, as gerações vindouras constituirão uma nova casta de escravos, que pouco mais poderão fazer do que trabalhar pela sua parca subsistência, ou tentar apanhar um difícil e escasso elevador social que os leve ao convívio da casta dominante, sendo que este elevador não tem andares intermédios e muitos pretendentes aos poucos lugares disponíveis.
Futuro negro?
Definitivamente!


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

AS INSEGURANÇAS DE SEGURO

Com um ar profundamente estarrecido, António José Seguro afirmava ontem numa qualquer reunião, largamente difundida pelos “media”, que os Portugueses estavam perante a maior operação de propaganda, levada a cabo em tempos de democracia, com o intuíto de os enganar e de mascarar o enorme fracasso do Governo.

A afirmação, já de si espantosa, parece querer branquear tudo o que foi a propaganda da era Sócrates e que trouxe Portugal ao actual estado de coisas. Por outro lado, provávelmente sem se aperceber, está a ofender e a minimizar o enorme esforço que a Sociedade Portuguesa tem feito no seu todo, para permitir ao Governo estabilizar e diminuir, tanto o déficit como a dívida pública.

É claro que o actual Governo cometeu imensos êrros, não só técnicos, como políticos, o que lhe granjeou uma enorme impopularidade, magistralmente orquestrada pelos partidos mais à esquerda, através das suas habituais correias de transmissão sindicais. No entanto, um enorme e estoico cívismo, aliados à compreensão da dimensão do problema, levaram a que o Povo Português, resmungando e refilando, tenha vindo a dar uma lição de inesquecível resiliência a todos o que olham do exterior, e nas mãos de quem, infelizmente se encontra a verdadeira resolução dos problemas.
E o que faz então Seguro? Com dados consistentes provenientes do INE, que ninguém de bom-senso ousa pôr em causa, entra em profundo estado de negação, e menospreza as melhorias económicas, os dados do desemprego, os índices de confiança, os de produção industrial, e grita aos quatro ventos que se trata de propaganda governamenta!

E o que propõe como alternativa? Nada!

Insiste na baixa do IVA da restauração, que apenas vem compensar as dezenas de anos que estes estabelecimentos, de modo generalizado, fugiram ao fisco, prejudicando os outros contribuintes. Apresenta uma ideia estapafúrdia que consistiria em criar um Tribunal especial para grandes investidores (os pequenos que se lixem!), à boa moda Portuguesa já foi afirmando que revogará uma parte considerável das medidas que este Governo tomou, e pasme-se, vitupera a Coligação Governamental por esta não ter capacidade de “bater o pé” no âmbito das instâncias Europeias.

Hollande foi a grande bandeira Socialista. Uma espécie de messias que viria salvar a Europa das crueis garras da águia Teutónica. À boa moda Francesa, meteu o rabo entre as pernas e foi o que se viu! Nem vale a pena falar dos inimagináveis indíces de impopularidade que esforçadamente se esmerou em conseguir.

Depois exultou com os resultados das eleições Alemãs, apregoando aos céus que a influência do SPD na coligação Alemã, iria de uma vez por todas temperar a insensibilidade de Frau Merckel. Nem foi preciso um mês. O SPD rápidamente vendeu os seus ideiais Europeístas a troco de um salário mínimo na Alemanha. De facto nunca mais o nosso Partido Socialista voltou a falar dos Sociais Democratas Alemães do SPD...

Sobraria então como grande paladino, António José Seguro. Não fossem os resultados económicos, que embora débeis, por aí despontam, e ele bem poderia continuar a perorar por aí. Não sendo assim, a vida começa a tornar-se-lhe difícil, e como tal, Seguro começa a enveredar pelo disparate, negando as evidências. Resta-lhe pois argumentar que estes resultados não foram obtidos pela Governação, mas sim pela conjuntura externa. Pois...

Basta estar com um pouco de atenção e ler os sinais de fumo!

António Costa, como é seu costume, lá vai fazendo a sua política sem se comprometer com nada, mas dando as suas ferroadas sempre que posível. Carlos César protagonizou um “convida/desconvida” como cabeça de lista às eleições Europeias, Ferro Rodrigues vai avisando que é exigível a Seguro, uma muito expressiva vitáoria nas Europeias, e ainda hoje Francisco de Assis dá à estampa um artigo, que básicamente se resume na principal conclusão, exigindo “opções claras e difíceis. Opções essas que se devem manifestar já nas próximas eleições Europeias. Ora isso é muito mais importante do que a questão da escolha de um conjunto de personalidades para a constituição de uma lista eleitoral”, escreve Assis.

Ora a posição de Seguro, nestas areias movediças partidárias, não é brilhante. É preciso lembrar de que ele ascendeu à sua actual posição de Secretário Geral do PS, após anos de eclipse, em que como uma formiguinha foi trabalhando junto das distritais e concelhias do PS, trabalho esse que lhe rendeu a vitória e o guindou a Secretário Geral. Sabendo bem como funcionam os aparelhos partidários, não será difícil imaginar o rôr de promessas e negociatas políticas levadas a efeito nessa altura. Agora, como fácilmente é fácil de prever, muita gente está a apresentar a factura, criando-lhe as maiores dificuldades, como se não bastassem as criadas por uma ala Socratista que não o pode nem ver...

De facto começa a ser difícil de entender que após dois anos e meio de um Governo trapalhão, pouco participativo e extremamente impopular, o PS não consiga realmente descolar nas sondagens, limitando-se a pairar sobre o PSD/CDS a escassos metros de altura, e arriscando-se mesmo a dar um trambolhão se os sinais de retoma se tornarem mais expressivos e robustos.

E assim vai a desdita de Seguro. Sem ideias, sem projectos e com um partido dividido, pouco mais lhe resta do que esbracejar de forma inconsequente, tentando a todo o custo manter-se à superficie. De facto, bem vistas as coisas, Seguro está na realidade muito inseguro!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A MISERANDA JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA

Já no Sec. III, Servius Sulpicius Galba reportava para Roma, que na Lusitânia, existia um povo que não se governava nem se deixava governar.
Dezoito séculos depois, há que admirar a capacidade de observação e lucidez deste General Romano, pois na realidade, durante este largo espaço de tempo, pouco ou nada mudou nas mentalidades e indiosicracias do povo Luso.

É realmente extraordinário, e há que reconhecer méritos, pensar que existe alguém neste jardim à beira-mar plantado que pense ser possível governar esta gente, que para além dos proverbiais níveis de ignorância e iletracia, acha-se sempre coberta de razão.

Como governar um País, no qual se supõe existir uma democracia representativa, quando as decisões políticas, tomadas na legitimidade dos mandatos populares, é semprte – ou quase sempre – contestada, e desagua numa torrente de providências cautelares, que em última análise irão ser apreciadas por juízes, ou juízas, de competência discutível e de imparcialidade duvidosa?

O último exemplo, e por sinal paridgmático, é a aprovação em Conselho de Ministros do novo mapa judiciário.

Há anos que é discutida a necessidade de ajustar o referido mapa às condições demográficas do País, mas no momento da decisão, logo se levanta um clamôr indignado sobre as decisões tomadas.

A federação das corporações em que estão inseridos os agentes judiciais, desde juízes, magistrados, advogados, sindicatos de oficiais de justiça – e desconhecemos a posição dos porteiros e das mulheres da limpeza – abespinham-se em relação a uma reforma, que o mais simples bom senso reputa de fundamental.
Ao que parece, serão encerrados 20 tribunais e outros 27 serão transformados em balcões de proximidade. Chega a ser penoso ouvir um Juíz Conselheiro, como Rui Rangel, referir que um balcão de proximidade não tem a diginidade suficiente para lidar com um processo. Será mais digno observar o penoso rastejar da justiça que se mostra incapaz de resolver de forma expedita e eficiente os casos mais mediáticos e que envolvem gente importante?

Depois surge aprumado o provincianismo autárquico!

Presidentes de Câmaras Municipais com comarcas que gerem pouquíssimos processos, acusam o Governo de desertificar o interior do país, quando o encerramento dos tribunais resulta dessa desertificação e não o contrário. Certos autarcas expendem por vezes justificações espantosas, tais como, por exemplo, afirmar de que a economia local sofrerá grandes danos, pois cafés e restaurantes da zona sobrevivem à custa do movimento judicial. A pergunta que se impõe, é saber se será obrigação dos contribuintes, a viabilização do pequeno comércio e a restauração nessas localidades, dando-lhes através de um tribunal, o movimento comercial que doutra forma não teriam.

Bem vistas as coisas, é completamente caricato!

A justiça, através dos seus agentes, deveria ser o garante da democracia e da equidade na Sociedade Portuguesa. Uma institução que a todos deveria proteger, ou punir, de forma expedita, rápida e equitativa. Infelizmente não é isso que se passa. Bem podem clamar juízes, magistrados e advogados, que a justiça é bem mais eficiente do que a percepção que dela têm os cidadãos, mas esquecem que essa percepção é muito mais importante para a sociedade do que aspectos técnicos, burocráticos e obscuros, atrás dos quais são exímios a se dissimularem.

Infelizmente para a nossa Sociedade, a justiça que temos, de cariz Napoleónico, estagnou em meados do Sec. XIX e assim se tem arrastado até princípios do Sec. XXI. Burocrática, cinzenta, estúpidamente formal, senhora de um jargão quase incompreensível para o comum dos mortais, esconde-se atrás de rituais anacrónicos para negar aos cidadãos a explicação lógica do seu funcionamento.
Bastou a lei ser aprovada em Conselho de Ministros, para logo choverem providências cautelares, intrepostas por autarcas despeitados. Estas providências cautelares irão ser apreciadas por juízes que inevitávelmente serão partes interessadas no assunto, quando não com inclinações ou ambições políticas não confessadas. Definitivamente Portugal caíu na grande armadilha que é a judicialização da política, fazendo desta uma mera leitura da lei e impedindo-a de fazer aquilo que à política está destinado: Escolhas e opções de políticas e modêlos.

E assim, a juntar à praga em que se tornou a funcionalização do pessoal político/partidário, que hoje em dia pouco difere de uma burocrática repartição pública, temos agora as decisões políticas observadas à luz de um código civil e administrativo que não foi elaborado para prrencher estas funções.

Ao cabo destes dezoito séculos, apenas nos resta prestar tributo a Servius Sulpicius Galba, que mercê a sua cultura e inteligência, definiu em duas penadas as características de um povo capaz da proeza de não ser capaz de evoluir, nem sequer depois de tantos séculos.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

OS MIRONES DE MIRÓ

Com inexcedível zêlo, Portugal e os Portugueses mais uma vez patentearam ao mundo o seu provincianismo e o paroquialismo que tolhe o país e de que enfermam as suas instituíções.
O momentoso caso da colecção dos quadros de Joan Miró, parte da massa falida do extinto BPN, teve o condão de trazer ao de cima todas as idiotices e incompetências nacionais.
Segundo notícia publicada hoje no jornal Público, à data de 2006 o BPN possuía uma colecção de cerca de duzentos quadros de Miró. Ora a ser assim, o que se impõe perguntar é o que terá acontecido aos restantes 115 quadros, se de facto estes 85 que estão na berlinda tão importantes são para a cultura nacional, o que terá sucedido aos outros de que nunca se ouviu falar. Por outro lado, se estes quadros passaram para a mão do Estado aquando a nacionalização do BPN, porque só agora, ao fim destes anos todos se levanta este clamôr de indignação e este clima de polémica, àquilo que aparentemente não passaria de um avisado acto de gestão.
Segundo nos é dado a saber, estes quadros transitaram para a propriedade da Parvalorem e Parups, empresas criadas com o único objectivo de recuperar créditos do BPN, que com a sua venda pretendiam assim minimizar os prejuízos, que mercê o atabalhoado e mal conduzido processo de nacionalização do banco, fatalmente recaírá sobre os contribuintes.
Em primeiro lugar há que interrogar os responsáveis pelo Ex-Ministério da Cultura do último Governo Socialista, porque é que a colecção, aparentemente tão vital à cultura dos Portugueses, esteve estes anos todos encerrada nos cofres da CGD. Se este património era tão valioso, inclusivamente para o turismo cultural, que fazia ele escondido na ecuridão das profundezas da caixa forte da CGD?
Como tem sido habitual, a oposição nacional, também ela serôdia e paroquial, começou por transformar um normal acto de boa gestão, num caso judicial – o que já vem sendo hábito – e finalmente tornou-o num enorme imbróglio político, lançando uma enorme questão na Sociedade Portuguesa, discutida nas redes sociais, jornais e programas de rádio e televisão, nos quais todos se sentem autorizados a dar uma opinião. Assim chegamos ao ridículo de ouvir naqueles programas de tv e de rádio, que têm a participação dos telespectadores ou ouvintes, motoristas de táxi, domésticas Alentejanas ou agricultores Minhotos, expenderem as mais doutas opiniões sobre o destino a dar à colecção do falecido BPN, sendo que provávelmente ignoram sobre o que está a falar, sem saber quem foi Joan Miró ou mesmo sem serem capazes de reconhecer uma obra do pintôr, nem que lha esfregassem na cara.
Realmente, toda esta situação não deixa de ser tão surrealista, que de longe abafa o surrealismo do pintor Catalão.
Uma empresa pública de direito privado, a Parvalorem, pretende abater um passivo monumental. Rápidamente é movida uma providencia cautelar para o impedir e que não é aceite pelo tribunal. Mas as juíza, como a maior parte dos nossos magistrados quis ir mais longe, e em vez de se ater à providência cautelar sobre a venda deste espólio, questionou a legalidade da saída das obras, algo que não lhe tinha sido perguntado. A partir daí, começou o pandemónio, com opiniões de tudo e de todos, incluíndo a “abalizada” opinião do Comendador Berardo, que muito gostaria de juntar esta colecção áquela que alugou ao Estado Português, num estranhíssimo contrato de comodato, que nos tem custado os olhos da cara.
Por outro lado, não estando classificada pela Direcção Geral do Património Cultural, custa muito entender este burburinho, já que o artigo 68º da Lei de Bases do Património Cultural diz que “salvo o acordo do proprietário, é vedada a classificação como de interesse nacional ou de interesse público do bem, nos dez anos seguintes à sua importação ou admissão”. Mediante isto, está bom de ver que nada impediria uma venda de legal dos quadros e tudo o que se tem dito e afirmado sobre o assunto, não passa de fogo de vista político e da habitual demagogia.
Enfim, nada poderia ser mais ridículo!
Aos tais taxistas, domésticas e outros intervenientes populares que acham criminoso vender a colecção Miró, seria bom perguntar-lhes se concordariam, na actual situação, em agravar os seus impostos se o Governo decidisse comprar, por exemplo, uma colecção de Picassos ou Dalis. É claro que não concordariam, e logo viria a lamúria dos sacrifícios impostos aos Portugueses e do seu empobrecimento colectivo, mas a verdade é que essa hipotética compra, teria rigorosamente o mesmo efeito do que terá a não venda da colecção Miró.
Após este espectáculo pouco dignificante, a Sociedade Portuguesa em geral e a classe política em particular, deram ao mundo uma imagem da sua verdadeira natureza: No fundo não passam todos de uns mirones de Miró, saloios, provincianos e ignorantes.