quarta-feira, 10 de abril de 2013

POLÍTICOS PLAYSATION.

Recorrentemente ocorre uma discussão sobre os cada vez mais realistas jogos de vídeo.
Uma criança de seis ou sete anos, dedilhando com maestria e precisão o comando da sua consola de jogos, pode fantasiar com facilidade a melhor forma de matar zombies ou erradicar vampiros, no meio de realistas gritos de dôr e espalhafatosos esguichos de sangue. Por vezes o inimigo é mais rápido, e num indicador do écran vai-se esvaíndo a saúde do jogador, a qual ele pode recuperar se atingir certos objectivos.
Ao que dizem os psicólogos, isto não é grave, pois de um modo geral não passa de uma catárse em que a criança esgota ali o seu potencial de agressividade, etc... etc...
É evidente que neste tipo de jogo o jogador não corre qualquer tipo de risco, para além da remota possibilidade de um ego ligeiramente abalado, estando totalmente a salvo de uma paulada ou uma mordidela no pescoço.
     
A  profusão de figuras políticas de primeiro plano, que súbitamente invadiram a quase totalidade do nosso espaço televisivo, faz lembrar um pouco os meninos e os seus jogos de vídeo.
         
Com o comentário político, feito ao longo da semana pelas várias “vedetas” contratadas, e apresentadas em regime de contra-programação, os pontos obtidos nos tradicionais jogos de vídeo, são substituídos pela guerra das audiências, que exploram um “voyeurismo” político da mesma natureza da que leva o Povo a regozijar-se com eventuais cenas de sexo ou violência nos “reality shows”, tais como o Big Brother ou a Casa dos Segredos. O prémio, em vez de ser um “score” de créditos no fim do jogo, resume-se áquilo que chamam de “share” televisivo.
Ele são ex-Primeiros Ministros, ex-Ministros, ex-Lideres Partidários, ex-Deputados, e em tal profusão, que nem um honesto “zapping” permite que um sossegado cidadão se livre desta praga, sendo obrigado a levar com maus concursos, novelas ou séries profusamente repetidas nos canais do cabo. Parece uma maldição!
Tal como o jogador de consola não corre nunca o risco de ser mordido pelo vampiro que pretende aniquilar, estas “figuras públicas” também assim evitam todo e qualquer risco político. Fazem a apologia das políticas que levaram a efeito, e que em última análise nos conduziram à desgraça actual, sem o mínimo pudor ou a mais leve assumpção de culpas. Quem os ouvir poderá ficar a matutar sobre quem foram de facto os verdadeiros responsáveis pela situação económico/financeira que lançou Portugal nas garras dos chamados “mercados”, que mais não são do que os bancos e instituições financeiras daqueles países que era suposto serem nossos aliados, no âmbito de uma falhada União Europeia, actualmente moribunda, vítima do seu próprio cancro: O Euro!
Entretanto, nas pantalhas das nossas televisões, os verdadeiros obreiros da catástrofe vão perorando, sugerindo políticas que nunca puseram em prática, acusando os adversáriois e justificando as suas próprias actuações.
E isto sem risco nenhum, pois não estão a assumir nenhum compromisso eleitoral, nem  mesmo cívico. Estão para ali, a dizer baboseiras e formulando elocubrações de carácter teórico ou irrealista, na esperança de fazer uma prova de vida, não vá o destino meter-lhes o poder ao alcance da mão através de um qualquer acto eleitoral!
São políticos que estão a jogar playsation, jogo no qual os zombies ou os vampiros somos nós, cidadãos eleitores, torturados pelos resultados das más políticas e falta de seriedade, praticados nos Governos em que participaram e o prémio, para além do que de pecuniário possa ter, é a enérgica masturbação intelectual que tanto prazer lhes parece dar ao se inteirarem do seu famoso “share”.
José Sócrates, Santana Lopes, Marques Mendes, Santos Silva, Manuela Ferreira Leite, Jorge Coelho, Manuel Cravinho, Marcelo Rebêlo de Sousa, Francisco Louçã, Bagão Félix, Nuno Morais Sarmento, Paulo Rangel e mais uma legião de deputados-comentadores, vão desfilando no pequeno ecran, a uma velocidade quase supersónica, em programas semanais de “comentário” político, levando ao extremo o exercício do auto-elogio e da vaidade desmedida, praticando com naturalidade o tradicional jogo da demagogia e do mal-dizer.
      
Enfim... Política Portuguesa do Sec. XXI, uma verdadeira política levada a efeito por políticos Playsation!

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