sexta-feira, 6 de julho de 2012

RESTAURANDO A CIDADANIA


Aqui há uns tempos, desiludido com o rumo desta desgraçada Europa, mas principalmente com o do nosso pobre Portugal, publiquei um pequeno texto em que declarava, com uma certa pompa é certo, que decidira suspender a minha Cidadania.  Citando uma parte do texto, explanava eu assim as minhas razões:


“Pela parte que me toca, na qualidade de Natural e Habitante deste País tão maltratado, prefiro suspender a minha Cidadania!
Não que ela valha muito, aliás, tanto lhe gastaram o nome que passou a valer muito pouco mais do que o gélido "zero absoluto".
Assim, e porque a Cidadania, no actual contexto, não vale mais que uma acção de uma empresa falida ou do que um "depósito a prazo" no extinto BPN, declino das propaladas vantagens do seu usofruto.
Dantes eu tinha uma Pátria!
Dantes eu tinha um País!
Dantes eu pertencia a um Povo!
Agora, a Pátria tornou-se um conceito nebuloso e até despristigiante(?).
O País foi diluído numa espécie de creme de legumes, diligentemente atomizado por uma "varinha mágica" política, pomposamente apelidada de "Ideal Europeu", que eu, de todo em todo desconheço.
O Povo diz-se Europeu, por muito que a Europa regularmente o faça sentir uma espécie de "pária".
Definitivamente, suspendi a minha Cidadania!”

Este desabafo pretendia resumir tudo o que me doía em relação à pobre condição que este nosso Portugal atravessava, e ainda atravessa.
Hoje reverto a minha decisão e decidi-me pela restauração da minha Cidadania.
Não que as circunstâncias tenham mudado, mas entendi que refugiar-me atrás deste tipo de solução, não passava de um acto de pouca coragem, no fim de contas, apenas um acto de desistência.
Assistindo ao que assisto hoje em dia, às desconsiderações que vêm de Países tão insignificantes como a Finlândia, para não falar dos chacais dos Holandeses que criaram um Império à nossa custa, aproveitando o  pusilânime período Filipino para nos pilharem as rotas do Oriente e as suas Praças Fortes.
Nesses tempos quinhentistas, também Portugal atravessava um período extremamente difícil de domínio estrangeiro, que tal como hoje era apadrinhado por élites de reconhecida mediocridade e enorme interesseirismo.
Assim como nesses tempos idos , estamos a assistir à desagregação de uma pretensa unidade política, desrespeitosa, insultuosa mesmo, e que se arroga o direito de nos chantagear, aproveitando a dramática situação de pré-bancarrota.
Costuma-se dizer que quem não deve não teme, mas o nosso problema é que devemos, e devemos muito!
Assim só nos resta pagar, e quanto mais depressa melhor. Temos de enfrentar de uma vez por todas os vendilhões da Pátria e pô-los no seu lugar, que é na estrabaria.
Vou lendo e ouvindo as opiniões dos economistas, alcandorados à posição de novas pitonisas e chego à conclusão de que nenhum deles acerta. Desde os liberais que defendem as teorias de Milton Friedman até aos mais empedernidos Keynesianos, chego à conclusão de que realmente não sabem do que falam. Todas as suas teorias se desmoronam perante factos do Sec. XXI, aos quais não se aplicam essas já velhas teorias, agora tornadas objecto de arquelogia intelectual. Nem os modernos Krugman ou Roubini, acertam uma.
Ninguém previu ou estudou uma economia totalmente globalizada em que o dinheiro se move à velocidade da luz, capturada por um poder financeiro selvagem e desregulado, e por isso nada mais lhes resta do que andar às apalpadelas. Uma economia que vai mudando o seu centro de gravidade para leste e para sul, retirando qualquer eficácia aos tradicionais mecanismos de controle e debilitando inexoravelmente o poder Ocidental.
Dizem-nos que o fim do Euro, e consequente desagregação da Europa, seria uma catástrofe inimaginável, mas as justificações que são dadas sobre o assunto, são tudo menos convincentes, escondendo diligentemente o facto de ninguém poder assegurar nada sobre coisa nenhuma.
Livremo-nos pois, Portugueses, deste jugo estrangeiro asfixiante e castrador. Recuperemos a nossa soberania e o controle da nossa moeda. Depois... Depois encetemos o nosso mpróprio caminho, sem a ajuda de muletas defeituosas deliberadamente fornecidas por gente que não gosta de nós.
Possuímos uma posição geo-estratégica invejável sobre o mais importante dos Oceanos. Sejamos mais activos numa sub-aproveitada CPLP. Façamos pois valer esses trunfos e não andemos miserávelmente de mão estendida, pedindo dinheiro a uma Europa, que além de o não ter, não está minimamente interessada em ajudar.
Acreditemos em nós como Povo e não estejamos sempre melancólicamente à espera de um D. Sebastião qualquer.
São os povos que fazem os herois e não os herois que fazem os povos.
Para esse objectivo então, acho que vale a pena restaurar a minha Cidadania.



Sem comentários: