segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

A RAZÃO DAS MINHAS RAZÕES.
Ao longo de vários posts tenho vindo aqui a afirmar que sou um monárquico convicto. Como costumo dizer, sou políticamente monárquico.
Embora de um modo geral este tipo de posição tenha o condão de atraír um conjunto de gente pouco informada e por vezes mal educada, também tem trazido ao meu convívio pessoas que considero esclarecidas e educadas, independentemente de concordarem ou não com a minhas posições.
Por estas e outras razões, decidi dar um pouco de asas à minha ideologia e tentar explicar de forma simples e sucinta as razões que me levam a defender tão vigorosamente a causa da monarquia.
Em primeiro lugar começo por achar inexplicável que um país como Portugal, que se arroga de livre e democrático, tenha um artigo constitucional que define a "república" como única forma possível de governo, impossibilitando constitucionalmente que o povo se possa sequer exprimir sobre o assunto. Só posso vêr isso como uma afronta e o mêdo que a cobarde minoria que implantou à força a república sempre teve da voz do pôvo.
Em segundo lugar, no limiar de uma europa castradora das tradições e culturas nacionais, o representante de uma "família nacional", tal como o hino e a bandeira, funcionaria como polo agregador de uma nacionalidade que tem vindo a ser paulatinamente vendida a trôco de uns tantos pratos de lentilhas, que no fundo só aproveitam a uns tantos. Temos uma história demasiado gloriosa e sacrificada para que possa sêr vista exclusivamente à luz do mercantilismo e o pragmatismo que grassam entre os modernos "vendilhões do templo".
Como terceira razão, tenho para mim que um Rei, que não depende de uma eleição, terá sempre uma maior capacidade de equidistância em relação às várias forças políticas do que um Presidente, fatalmente eleito com o apoio de um qualquer partido político, jamais conseguirá têr.
Sobre aquele estafadíssimo argumento: "E se o Rei fôr um tontinho?" nem vale a pena perder muito tempo a responder, pois durante milénios as monarquias evoluídas sempre tiveram os mecanismos necessários para prevenir essa eventual desgraça sem com isso comprometer a essencial linha sucessória.
Além disso, considerando que as despesas de representação são sensívelmente as mesmas e sabendo a fortuna que se gasta ao levar a cabo cada eleição (e são de cinco em cinco anos!), imaginem-se só as vantagens económicas da solução monárquica.
Por último, e em tom de graça, na minha qualidade de Avô, que história poderia eu contar para um neto meu? Normalmente as histórias começam assim: "Havia num país distante um rei e uma raínha, pais de uma linda princesa...."
Imaginem só a versão republicana da história: "Havia num país distante um presidente da república e uma primeira dama que tinham uma filha que estudava na universidade..." Digam-me lá que encanto teria o enrêdo?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 19 de Janeiro de 2004

Sem comentários: