segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

PRIMEIRAS REFLEXÕES DE 2004.
Quando decidi iniciar o meu blogue, em Julho do ano passado, o nome de O Velho da Montanha foi o que logo me ocorreu.
Que me terá levado a essa escolha? De facto não sou novo e isso poderá ter condicionado a minha opção. A vontade de exteriorizar e partilhar alguns pensamentos, ter-me-á dado uma certa ilusão de sabedoria, que estou longe de ter, mas que no meu imaginário prefigurava a ideia de um Velho numa Montanha. A ideia da montanha deriva do presuposto, ou "cliché se quiserem, de que uma certa ascese, só um asceta vive numa montanha, figuraria certo pensamento fiosófico. Não foi por acaso que Zaratustra, desiludido com a humanidade, se retirou para uma montanha, acompanhado apenas de uma águia e de uma serpente.
Umberto Eco, primeiro no “Pendulo” e em seguida em “Baudolino”, refere que o velho da montanha era um perigoso manipulador, que após tornar os seus seguidores dependentes do haxixe, os obrigava a todo o tipo de pérfidos trabalhos, o que lhes valeu o nome de “haxixins”, que segundo Eco, poderia ser o étimo da palavra “assassinos”.
Longe de mim tal ideia!
A verdade é que o Velho da Montanha foi criando as suas regras, assumindo os seus comportamentos e compromissos, enfim, foi criando a sua verdadeira identidade e personalidade.
Para grande espanto meu, o Velho apoderou-se de parte da minha pessoa de tal forma, que ao relêr textos mais antigos, chego a duvidar se terão de facto sido escritos por mim ou por qualquer outra entidade que habita subreptíciamente a minha pessoa. Seja como fôr, parece que o Velho da Montanha veio para ficar e salvo qualquer impulso suicida bem sucedido, continuará a habitar nesta estranha, mas fascinante blogosfera, que tanto nos apraz a todos frequentar.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 5 de aneiro de 2004

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