sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

FALTA DE INSPIRAÇÃO.
Ultimamente tenho andado com uma enorme falta de inspiração. Eu bem me desculpo de que tenho pouco tempo, mas na verdade, tempo não é problema. Se estou inspirado, poucos minutos gasto a escrever um texto mínimamente aceitável, pelo menos pelo meu critério, que no que me respeita costuma ser mais exigente do que em relação a terceiros.
Assim, e porque acho que escrever por escrever não é o mais importante, vou deixar de impôr a mim próprio a quase obrigação de produzir algo diáriamente. Continuarei a cultivar o gôsto pela escrita, mas apenas quando a inspiração me tocar. Dizia Picasso que a inspiração é esquiva e que devemos estar muito atentos e aproveitá-la quando ela se digna visitar-nos.
Desta forma, e seguindo o conselho do grande mestre da pintura, vou estar atento e quando a inspiração se dignar a visitar-me, vou aproveitar ao máximo.
Desculpem-me o desabafo!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 30 de Janeiro de 2004
NEM DE PROPÓSITO...
Acerca do meu último post, que no fundo reflectia sobre o inevitável fim da vida, o Citador dá-nos hoje uma frase extremamente oportuna e que me faz pensar nos tantos "acasos" que comigo têm ocorrido. A citação é a seguinte:

"O fim da vida não é a felicidade, mas o aperfeiçoamento"
Madame de Stael

Ele há realmente coincidências que dão para pensar...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 30 de Janeiro de 2004

quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

CONSELHOS DEVERAS ÚTEIS.
Depois do verdadeiro trauma nacional causado pela morte do desafortunado Micki Fehér, o nosso Bisturi, homem da medicina e com a verdadeira vocação para a preservação e manutenção da vida humana (basta passar os olhos pelo seu magnífico blogue) e que diáriamente luta nos hospitais contra os avanços da Morte, pública no seu blogue um pequeno guia relativo ao suporte básico de vida. Pela sua actualidade, oportunidade e utilidade, a todos aconselho uma vista.
Espero nunca estar em semelhante situação (claro que não passa só de esperança, pois o acontecimento será inevitável, mais cêdo ou mais tarde), mas se, e quando acontecer, peço a Deus, que tanto me tem ouvido, que seja atendido pelo Bisturi ou por alguém da sua Raça.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 29 de Janeiro de 2004

segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

DOBRE A FINADOS.
Assisti ontem, estarrecido, à morte "em directo" do jovem jogador Miklos "Miki" Fehér.
A escassos segundos do fim do jogo, após uma advertência do árbitro, o jogador sorriu com "fair play" e caíu morto!
É certo de que o conseguiram reanimar duas vezes, mas o seu corpo recusou-se a viver, já que acredito que o seu espírito deve ter lutado árduamanete para se manter entre nós.
O drama de vêr um atleta de 24 anos, educado, esforçado e simpático, fenecer perante alguns milhões de espectadores, é um espectáculo aterrador e que nos faz entender que a vida, além de sêr um bem escasso, é também um bem extremamente frágil. Os rostos atónitos do público, o ar de desespêro dos colegas e a atitude denodada e esforçada do corpo clínico, ajudaram a dar um toque especialmente dramático a este infausto acontecimento que nos levou do convívio um jogador que ao longo de cerca de cinco anos nos habituáramos a ver lutar por aquilo que vulgarmente é apelidado de um "lugar ao sol".
Durante e após a ocorrência, foi particularmente penoso ouvir, e vêr, os vários jornalistas, básicamente telivisivos e radiofónicos, procurando frenéticamente saber se o estádio tinha meios de reanimação (tinha!), se os médicos tinham agido bem (tinham!), se a ambulância teria demorado tempo de mais (não tinha!) ou se o hospital estava habilitado a lidar com estes casos (estava!).
No fundo, para esta raça de abutres, o jovem que ali jazia sem vida, após os momentos iniciais deixara de ser a notícia, e esta era ávidamente procurada num eventual bode expiatório que daria alimento aos abutres por muitos e largos dias.
Infelizmente é esta a raça de jornalismo que alimentamos!
Quanto a Micki Fehér, que nos fique a imagem do jovem loiro, atlético, desportista combativo e leal, com a qual ele sempre nos brindou.
Paz a sua alma!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 26 de Janeiro de 2004

sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

UMA LENDA DE QUE EU GOSTO.
Conta uma velha lenda que num reino distante, havia uma encantadora princesa que foi tomada por uma grande melancolia.
O seu Pai, preocupado com a tristeza que ia mirrando o espirito e a alma da sua amada filha, procurou uma solução para o assunto. Mandou arautos pelo reino convocando bôbos, jograis, comediantes e toda a espécie de artistas, prometendo choruda recompensa a quem fizesse a sua amada filha sorrir.
Compareceram na côrte os mais virtuosos artistas, os mais dôces menestreis e os mais engraçados palhaços. A todo o custo exibiram as suas artes perante a bela e melancólica princesa, mas para desepêro do Pai, a triste rapariga não esboçou sequer um sorriso.
Cada vez mais preocupado, e esgotados os conhecimentos dos melhores Físicos e Médicos do reino, o soberano decidiu convocar um reputado Mago e pedir-lhe o seu sábio conselho.
Após uns dias observando e conversando com a princesa, que diáriamente definhava em virtude da tristeza misteriosa que lhe brotava da alma, o Mago informou o Rei de que havia apenas uma forma de curar a filha: Ela teria de vestir a camisa de um homem verdadeiramente feliz.
Arautos e mensageiros foram enviados pelo reino, oferecendo choruda recompensa pela camisa de um homem reconhecidamente feliz, mas todos regressaram acabrunhados, tristes e humilhados, pois na realidade não tinham conseguido encontrar em todo o reino um homem que se afirmasse totalmente feliz.
O Rei desesperava perante o vísivel definhamento da sua querida, mas melancólica filha.
Uma tarde, no regresso e uma viagem, pareceu-lhei ouvir alguém cantando alegremente.
Mandou parar a carruagem, e de facto, um canto alegre, vigoroso e cristalino, elevava-se no ar, oriundo de um pequeno bosque que cortava a monotonia plana da paisagem.
Seguindo a pé pelos campos e internando-se no bosque, o velho Rei deparou-se com um jovem camponês, em tronco nu, que manejando com vigôr o seu machado, entoava uma alegre canção, enquanto o suor lhe escorria pelo musculado corpo.
Acercando-se dele, o Rei perguntou-lhe: "Meu bom homem, responde-me apenas a uma pergunta: És uma pessoa feliz?". Com um largo sorriso na face, o camponês, limpando a transpiração da sua fronte trigueira, respondeu: "Mas claro, Senhor! Sou profundamente feliz! A floresta dá-me o que eu preciso e eu cuido dela da forma necessária. Eu dou-lhe o que ela necessita e ela dá-me o que preciso. De que mais necessito eu?"
O Rei, olhando aquele rosto saudável e tisnado do sol, acreditou de repente que estava perante o salvador da sua filha e assumindo uma pose circunspecta, propôs-lhe: "Meu rapaz, talvez não entendas as razões que me levam a fazer-te semelhante proposta, mas gostaria de sabêr se estarias disposto a vender-me a tua camisa. Dar-te-ei por ela aquilo que me pedires."
O homem olhou para o Rei com um ar, simultâneamente de assombro e embaraço, e murmurou: "A minha camisa, Senhor? Sabe... É que eu não tenho, nem uso camisa!"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Janeiro de 2004
APÊLO À BLOGOSFERA.
De há uns meses para cá, o jornal PÚBLICO, orgão de referência na imprensa nacional, iniciou a edição de um suplemento, pretensamente humorístico, chamado o "Inimigo Público" e tem como divisa "Não aconteceu, mas podia têr acontecido". Este suplemento é uma perfeita merda!
Não tem graça, não tem estilo e não tem classe!
No que respeita às políticas editoriais do PÚBLICO, a mim nada me diz respeito, a não sêr que, às Sexta-Feiras, dia em que o malfadado suplemento sai, sou "obrigado" a pagar mais 20 cêntimos pelo jornal, sem usufruir de qualquer vantagem adicional.
Nada tenho contra a publicação de suplementos, e o PÚBLCO tem-nos em profusão, desde que não tenha de pagar por eles, principalmente quando o suplemento não tem qualquer espécie de qualidade e nada acrescente à minha informação ou cultura.
Por outro lado, o jornal PÚBLICO tem a boa iniciativa de têr um provedor que se destina a colectar e tratar das queixas dos leitores, que aliás é o conhecido jornalista Joaquim Furtado.
Deste modo, envio a todos os blogonautas no seguinte apêlo:
Através de um simples processo de "copy" e "paste" enviar ao Provedor do PÚBLICO, cujo endereço é : provedor@publico.pt, a seguinte mensagem:

Exmo. Senhor,
Serve este e-mail para manifestar junto de V. Exa, Provedor dos leitores do PÚBLICO, o meu desagrado pelo facto de ser obrigado a pagar mais 20 cêntimos todas as Sexta-Feiras pela compra do jornal, a pretexto de um suplemento idiota, de má qualidade e sem nenhum conteúdo informativo e, que se saiba, nenhum leitor exigiu.
Aceito de bom grado todos os suplementos que me queiram impingir, desde que não tenha de pagar por eles, ou pelo menos que me seja dada a hipótese de os recusar, sem que para isso tenha de pagar mais.
Aproveito a oportunidade para mais uma vez exprimir o meu desagrado pela "imposição" de material de pouco interesse e má qualidade, pelo qual sou obrigado a pagar se quiser ter a oportunidade de lêr o jornal."


Dado que se trata de um apêlo, ou melhor dizendo, uma verdadeira "campanha", daqui lanço o pedido para que, com as alterações que julgem necessárias, além de enviarem o respectivo e-mail, tenham a maçada e a atenção de divulgar esta iniciativa no vosso blogue.
Desde já agradeço a colaboração, pois acredito que todos concordarão que se trata de uma forma torpe e soez de nos apanhar algum dinheiro a trôco... De nada!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Janeiro de 2004

terça-feira, 20 de janeiro de 2004

EU SOU UM PREGUIÇOSO!
Há já imenso tempo que tenho guardados escrupulosamente numa pasta do meu desktop uma série de endereços de blogues que eu costumo visitar e que me visitam com regularidade.
A função desta pasta é a de actualizar regularmente a minha lista de "links". Como sou um preguiçoso, não o tenho feito, correndo assim o risco de melindrar pessoas que têm sido de grande simpatia para comigo.
Durante a semana é-me impossível levar a cabo essa não tão simples tarefa, mas prometo fazê-lo durante o próximo fim-de-semana.
A todos que me têm acompanhado nesta aventura, e que não têm sido devidamente obsequiados pela minha boa educação, peço as minhas mais sinceras desculpas.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 20 de Janeiro de 2004
UMA CITAÇÃO QUE ME FEZ REFLECTIR.
O Citador selecionou hoje uma frase que me fez reflectir bastante:

"É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos"
Orson Welles


De facto, sendo uma frase aparentemente simples, encerra em si uma verdade retumbante que nem sempre é totalmente evidente.
Neste princípio de século, rodeado de uma multidão de "especialistas" em tudo e mais alguma coisa, de políticos cheios de "certezas absolutas", de gente que não hesita em proclamar a sua "verdade" como sendo a única, em que a "competência" é sinónimo da ausência de dúvida, só posso concluír que, salvo raras e honradas excepções, estou rodeado de gente estúpida.
Não que eu seja de uma rara inteligência (estúpido também não sou e a falsa modéstia não faz de todo o meu género), mas se soubessem o verdadeiro mar de dúvidas que a todos os momentos me assalta, se pudessem avaliar o quanto me interrogo se estou a agir bem ou mal a cada momento, então decerto entenderiam como me tocou fundo e reconfortou a citação de Orson Welles.
PS - Não se esqueçam que já tivemos um Primeiro Ministro que afirmava amiúde: "Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas!", lembram-se?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 20 de Janeiro de 2004

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

A RAZÃO DAS MINHAS RAZÕES.
Ao longo de vários posts tenho vindo aqui a afirmar que sou um monárquico convicto. Como costumo dizer, sou políticamente monárquico.
Embora de um modo geral este tipo de posição tenha o condão de atraír um conjunto de gente pouco informada e por vezes mal educada, também tem trazido ao meu convívio pessoas que considero esclarecidas e educadas, independentemente de concordarem ou não com a minhas posições.
Por estas e outras razões, decidi dar um pouco de asas à minha ideologia e tentar explicar de forma simples e sucinta as razões que me levam a defender tão vigorosamente a causa da monarquia.
Em primeiro lugar começo por achar inexplicável que um país como Portugal, que se arroga de livre e democrático, tenha um artigo constitucional que define a "república" como única forma possível de governo, impossibilitando constitucionalmente que o povo se possa sequer exprimir sobre o assunto. Só posso vêr isso como uma afronta e o mêdo que a cobarde minoria que implantou à força a república sempre teve da voz do pôvo.
Em segundo lugar, no limiar de uma europa castradora das tradições e culturas nacionais, o representante de uma "família nacional", tal como o hino e a bandeira, funcionaria como polo agregador de uma nacionalidade que tem vindo a ser paulatinamente vendida a trôco de uns tantos pratos de lentilhas, que no fundo só aproveitam a uns tantos. Temos uma história demasiado gloriosa e sacrificada para que possa sêr vista exclusivamente à luz do mercantilismo e o pragmatismo que grassam entre os modernos "vendilhões do templo".
Como terceira razão, tenho para mim que um Rei, que não depende de uma eleição, terá sempre uma maior capacidade de equidistância em relação às várias forças políticas do que um Presidente, fatalmente eleito com o apoio de um qualquer partido político, jamais conseguirá têr.
Sobre aquele estafadíssimo argumento: "E se o Rei fôr um tontinho?" nem vale a pena perder muito tempo a responder, pois durante milénios as monarquias evoluídas sempre tiveram os mecanismos necessários para prevenir essa eventual desgraça sem com isso comprometer a essencial linha sucessória.
Além disso, considerando que as despesas de representação são sensívelmente as mesmas e sabendo a fortuna que se gasta ao levar a cabo cada eleição (e são de cinco em cinco anos!), imaginem-se só as vantagens económicas da solução monárquica.
Por último, e em tom de graça, na minha qualidade de Avô, que história poderia eu contar para um neto meu? Normalmente as histórias começam assim: "Havia num país distante um rei e uma raínha, pais de uma linda princesa...."
Imaginem só a versão republicana da história: "Havia num país distante um presidente da república e uma primeira dama que tinham uma filha que estudava na universidade..." Digam-me lá que encanto teria o enrêdo?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 19 de Janeiro de 2004
AINDA A LIBERDADE RELIGIOSA.
Ontem de manhã, no remanso do acordar, vi na NTV um programa chamado, salvo êrro, "Revista da imprensa", no qual Joaquim Fidalgo, a quem eu costumo chamar um bom jornalista bom, tece comentários acerca das principis manchetes da nossa imprensa.
Dado que houve mais manifestações contra a rídicula proibição de utilização de símbolos religiosos nas escolas francesas, o nosso Joaquim Fidalgo, ao ser inquirido sobre o que achava, com a sa habitual lucidez, comentou o assunto de uma forma exemplar. "É preciso ensinar a tolerância nas escolas" afirmou ele " e isso não pode ser feito escamoteando o que diferencia as pessoas". De facto, de que serve proíbir as meninas de usar a cabeça coberta na escola se ao saírem para a rua, elas de imediato se cobrirem? Concordo com Joaquim Fidalgo: Só se pode promover a tolerância ensinando a aceitar e respeitar as diferenças e estas só podem ser aceites e respeitadas se estiverem à vista e não escondidas.
A presistirem estas atitudes, de cariz profundamente jacobino, não será de admirar que as comunidades árabes comecem a criar as suas próprias escolas, iniciando assim um pergosíssimo processo de auto-segregação, que poderá transformar rápidamente essas escolas em autênticas "madrassas", verdadeiros ninhos ideológicos onde se origina o caldo de cultura que dá corpo a todos os fundamentalismos.
Numa época em que o terrorismo paira sobre as nossas cabeças como uma espada de Damócles, seria bom termos a lucidez de pensar e pesar bem as nossas atitudes e decisões acerca de matérias tão sensíveis como esta.
Deus nos ajude!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 19 de Janeiro de 2004

terça-feira, 13 de janeiro de 2004

FALANDO DE MOLUSCOS.
Acerca do meu post Preplexidades (I), acabou por se gerar um pequeno duelo Portugal-Brasil acerca de política interna brasileira. A coisa foi complicada (será que já acabou?) metendo pelo meio uma pequena discussão de sistemática zoológica em que se discutiu se a lula seria um molusco ou um cefalópode (afinal é ambas as coisas!).
Confesso que tenho seguido de longe a política interna brasileira, mas não posso deixar de me lembrar de que quando saí de S. Paulo, de regresso à Mãe Pátria, após sete anos de trabalho e vivência, despontava Luis Inácio “Lula” da Silva como figura de prôa das primeiras greves dos metalúrgicos surgidas no ABC, zona industrial de S. Paulo.
Passados estes anos, Lula tornou-se na Cinderella da esquerda bem-pensante europeia. Imagine-se, um operário, sem formação académica, consegue chegar ao mais alto cargo da nação! Fantástico! A democracia a funcionar em pleno! Etc... Já o mesmo acontecera a Lech Walesa na Polónia, mas parece que ninguem se lembra do assunto pois o homem não era lá muito dado a socialismos...
Assim, temos então uma Cinderella (um pouco barbuda para meu gosto!), adulada pela elite políticamente correcta da nossa decrépita europa e em declínio de popularidade no seu próprio país, o que era inevitável. Cadê a “fome zero” e a defesa dos sem-terra e mais não sei quantas promessas?
De facto, como alguém sugeriu, Lula não é um êrro de casting! O verdadeiro êrro está no guião escrito pela esquerda brasileira, que como qualquer outra esquerda, é completamente ineficiente. Um mau actôr para um filme série B, seria como eu poderia definir Luis Inácio "Lula" da Silva no actual contexto.
Agora, como a qualquer Cinderella que se preza, pouco mais lhe parece restar do que aguardar que soem as doze badaladas da meia noite e o coche dourado onde ele pensou ter embarcado, vire uma abóbora e o pôvo brasileiro passe a ter a verdadeira consciência de quem colocou no poleiro.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 13 de Janeiro de 2004

sexta-feira, 9 de janeiro de 2004

PRISIONEIRO ENTRE DOIS UNIVERSOS.
Acabei de ver um excerto de uma entrevista dada por Michael Jackson, na sequência das acusações de pedofilia que sobre ele impendem.
A figura é patética!
Não é branco nem prêto, não é homem nem mulher, não é adulto nem criança, é tão somente uma aberração!
A forma inocente e ingénua com que se defende das acusações, ou é maquiavélicamente elaborada ou não passa de uma ingenuidade absoluta.
Afinal de que lhe serviu a fama e a fortuna? Apenas o tornou prisioneiro de uma espécie de terra de ninguém, que indelévelmente define a fronteira entre o mundo real e a "Neverland" que ele a todo o custo quis construir e manter, como se pudesse sêr um Peter Pan na terra dos Meninos Perdidos, onde o tempo não passa e a maldade se resume às pretensas patifarias do Capitão Gancho.
De um sêr como aquele que vi na televisão não se consegue têr raiva ou rancôr, apenas se pode têr pena, senão mesmo piedade.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Janeiro de 2004
PREPLEXIDADES (II)
O Procurador Geral da República, o Dr. Souto Moura (ou o Gato Constipado, como por vezes o apelidam), vem oficial e publicamente desejar que os operadores judiciais cumpram a lei em 2004.
Cá no meu fraco entender, a situação é completamente surrealista!
Já agora, o Comandante da Brigada de Transito da GNR também pode desejar que os seus agentes cumpram o código da estrada, o Director Geral de Impostos pode desejar que os seus funcionários cumpram as suas obrigações fiscais, o Suprintendente da Polícia poderá também desejar que os seus guardas não sejam gatunos, etc... etc...
O que sobra daqui é que parece normal que quem deve sêr o exemplo do cumprimento de determinada lei, na realidade não o é, e na sua qualidade de "aparatitch" não tem sequer a necessidade de o ser.
País fantástico, pôvo de merda! Mais nada me ocorre: Tenho orgulho de sêr Portugês mas tenho vergonha daquilo em que se tornou o "nobre pôvo, nação valente e imortal..."

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Janeiro de 2004
PREPLEXIDADES (I).
O nosso muito respeitado INE (Instituto Nacxional de Estaística) vem-nos informar da seguinte realidade nacional: Os portugueses gastam anualmente três vezes mais em comunicações do que em educação. É um dado oficial!
E agora?
Vamos continuar a discutir as propinas, ou vamos a começar a sêr finalmente honestos?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Janeiro de 2004

terça-feira, 6 de janeiro de 2004

FINALMENTE, UMA PERSONALIDADE DE ESQUERDA!
De facto começava a suspeitar que o repúdio da proibição da ostentação de símbolos religiosos nas escolas francesas, se tornara numa espécie de "bandeira" da direita sociológica portuguesa, á qual me orgulho de pertencer.
Finalmente, o Professor Vital Moreira vem-nos hoje demonstrar que assim não é. E ainda bem!
Acerca da posição possível da chamada "esquerda caviar", custava-me a crer que os seus oráculos habituais abordassem sequer a questão: Se por um lado este assunto prefigura um claro atentado aos direitos individuais de liberdade de expressão, o assunto "religião" é tão incómodo para essa gente, que na sua prespectiva mais vale dexá-lo morrer na praia.
Confesso não sêr um fã incondicional do Professor Vital Moreira. Lembro-me vagamente que em tempos se bandeou do Partido Comunista, tem uma prosa erudita e conhecedora, mas básicamente pesada e chata, como aliás é apanágio de certa classe político/intelectual deste país. No entanto, reconheço que neste particular, além de ter apreciado a prosa do Professor (básicamente por concordar com ela), penso que trouxe novas e corajosas ideias ao debate, com uma honestidade e clareza notáveis. Acerca do contributo de Vital Moreira sobre o assunto, destaco concretamente a seguinte pasagem:

Mas, bem vistas as coisas, ela tem menos a ver com o princípio laico do que com a tradição francesa, de origem tipicamente jacobina, que faz prevalecer a ideia de nação sobre as identidades comunitárias e a assimilação cultural das minorias sobre a diversidade. A raiz da medida é a mesma que leva a França a não reconhecer a existência de minorias étnicas, linguísticas ou outras que pudessem pôr em causa a identidade e homogeneidade do "peuple français". O que a motiva é menos a questão da religião em si mesma do que o receio da radicação e consolidação de identidades sectoriais subnacionais, com o seu potencial desagregador da coesão e identidade nacionais.

É claríssimo que concordo com Vital Moreira, e o facto de uma reconhecida personalidade da esquerda portuguesa, exprimir este tipo de posição, reconforta-me na certeza de que existem alguns valôres de carácter universal que nem as diferenças políticas conseguem apagar.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 6 de Janeiro de 2004

segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

MAIS UMA VEZ OS FRANCESES.
Hoje, o jornal “O Público” dá à estampa um artigo de opinião, assinado por Mário Pinto e que de certa forma vem corroborar o meu post denominado “Fundamentalismo laico”. Dado que os jornais on-line têm o mau hábito de apagar do ciberespaço os seus artigos após pouco tempo, tomo a liberdade de citar aqui algumas passagens do referido artigo, o qual versa sobre a abolição dos sinais exteriores de religiosidade em nome da neutralidade laica:

Porém, é mais do que discutível a neutralidade de soluções impostas. O Estado define a própria neutralidade. Em seu nome liberaliza umas coisas, como por exemplo o aborto, as drogas e a oferta gratuita de preservativos nas escolas; e também em seu nome procede exactamente ao contrário, proibindo o uso de certas peças de vestuário ou de sinais religiosos.

Mais à frente, refere Mário Pinto:

Enquanto na França se proíbe o uso do lenço na cabeça das meninas muçulmanas que frequentam as escolas públicas, nos Estados Unidos uma proibição dessas dá lugar a um processo de intolerável e inconstitucional discriminação. Esta é a diferença entre a democracia que nasceu e vive na América, e a cópia laicista e autoritária que a França fez e exportou para toda a Europa com os exércitos de Napoleão, e hoje difunde com o jacobinismo de Chirac e outros na União Europeia.

Dado que concordo e assino por baixo, sobre o assunto mais não digo!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 5 de Janeiro de 2004
PRIMEIRAS REFLEXÕES DE 2004.
Quando decidi iniciar o meu blogue, em Julho do ano passado, o nome de O Velho da Montanha foi o que logo me ocorreu.
Que me terá levado a essa escolha? De facto não sou novo e isso poderá ter condicionado a minha opção. A vontade de exteriorizar e partilhar alguns pensamentos, ter-me-á dado uma certa ilusão de sabedoria, que estou longe de ter, mas que no meu imaginário prefigurava a ideia de um Velho numa Montanha. A ideia da montanha deriva do presuposto, ou "cliché se quiserem, de que uma certa ascese, só um asceta vive numa montanha, figuraria certo pensamento fiosófico. Não foi por acaso que Zaratustra, desiludido com a humanidade, se retirou para uma montanha, acompanhado apenas de uma águia e de uma serpente.
Umberto Eco, primeiro no “Pendulo” e em seguida em “Baudolino”, refere que o velho da montanha era um perigoso manipulador, que após tornar os seus seguidores dependentes do haxixe, os obrigava a todo o tipo de pérfidos trabalhos, o que lhes valeu o nome de “haxixins”, que segundo Eco, poderia ser o étimo da palavra “assassinos”.
Longe de mim tal ideia!
A verdade é que o Velho da Montanha foi criando as suas regras, assumindo os seus comportamentos e compromissos, enfim, foi criando a sua verdadeira identidade e personalidade.
Para grande espanto meu, o Velho apoderou-se de parte da minha pessoa de tal forma, que ao relêr textos mais antigos, chego a duvidar se terão de facto sido escritos por mim ou por qualquer outra entidade que habita subreptíciamente a minha pessoa. Seja como fôr, parece que o Velho da Montanha veio para ficar e salvo qualquer impulso suicida bem sucedido, continuará a habitar nesta estranha, mas fascinante blogosfera, que tanto nos apraz a todos frequentar.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 5 de aneiro de 2004