terça-feira, 30 de setembro de 2003

QUE ANEDOTAS!
Já viram a piroseira do blogue do Partido Socialista? É completamente rídiculo. Parece daqueles pasquins em papel couché, editados pelas Juntas de Freguesia.
Eu cá por mim, embora não gostasse do estilo, preferia o "Muito Mentiroso", por esse ao menos avisasa:"Não acreditem em mim! Sou muito mentiroso!", agora estes caramelos vão dizer o que lhes apetecer, as mentiras que lhes vierem à cabeça e jamais o admitirão.
Já viram bem que não à merda mais chata que um blogue institucional? Isto sim, isto devia ser proíbido e se o mau gosto pagasse imposto, a nossa Manuela estava safa, bem como o famigerado déficit.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 30 de Setembro de 2003
MAIS POESIA

Invente-moi toujours,
crée moi pour la prière,
d'un sauvage,
fais-toi un témoin pour ton peuple,
d'un rêveur dans sa nuit,
ton releveur d'étoiles.
Puisque touchés par toi,
les froids battent d'amour,
les tristes font des bonds
plus hauts que les heureux,
et les sceptiques crient :
Béni soit tout en Dieu !

Patrice de la Tour du Pin

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 30 de Setembro de 2003

segunda-feira, 29 de setembro de 2003

POESIA TRANSCENDENTE.
Não posso deixar de partilhar um dos textos mais bonitos e abrangentes que conheço. Talvez o devesse reproduzir na sua forma original, ou seja, em lingua francesa. No entanto, a sua dimensão aconselhou a tradução, que não estando perfeita, pelo menos transmite as grandes linhas de força que o autor lhe imprimiu:

Aquele que aborda o coração dos outros pelo canto cumpre a posse da carne para a criação: É um mistério de amôr e como todos os mistério de amôr, vai em direcção a um certo conhecimento de um polo do Homem, mas de um polo orientado para o canto. Se não entrais nas almas pelos caminhos que levam ao canto, os que vivem de vós, quando vos encontram, e os que vos oferecem parte de si próprios para viver, serão os únicos eleitos da consciência do canto? Sê-lo-ão primeiro porque estão mais próximos, seguem o Outono, são sensíveis às ressonâncias e atingem convosco os limites. Estão lado a lado no leito do rio que abristeis, partilham e comungam. Mas os outros, os que nunca estão do lado da poesia, será preciso pô-los à margem de qualquer conhecimento, se o desejo de aventura vos leva a procurá-los? Se a caridade vos pede para não os pôr à margem do amôr?Estais limitados por isso?
Há Seres que não têm o sentido do canto e outros que o perderam. Há incompreensões naturais e defesas voluntárias escolhidas pela razão, numa aparência de equílibrio, por desprezo daquilo que eles chamam o imaginário. São terras difíceis, onde os ventos não passam, que perderam o sentido dos jogos, da frescura da infância, dos prolongamentos que ultrapassam o quadro. Mas será conhecê-los defini-los com palavras? Podereis julgá-los de fora como eles vos julgaram? A posse da carne é impossível e não entreis neles se eles não entrarem em vós.
Lembremo-nos do tempo em que íamos à descoberta de nós próprios.
Lembro-me dos polos que se orientavam diferentemente, dos caminhos que levavam a sentidos diferentes, das vozes que não se podiam conciliar. Encontro-me hesitante entre dois prazeres, em que um é a ausência do outro. Dobrámos nós à poesia os polos que a desprezavam? Fizémos nós realmente cantar todo o Homem, esse pequeno filósofo absurdo que queria conhecer tudo do alto da montanha, esse irónico passante que não sentia a sua esterilidade entre as coisas que nasciam? Vivemos a experiência desses o bastante para sofrer com ela. De nada serve impôr a poesia. É por admiração que vós os chamais? Por desejo de domínio que tentais conhecê-los?
Não sois levados por um amôr de dilecção, mas por comunhão do mistério. Ouço-vos dizer que pensais englobar o desconhecido nesta palavra. Que a aplicais a todas as coisas estranhas, todos os acasos e todas as noites. Justamente era o termo que não se devia aplicar diante deles porque longínquo, vago e fácil demais, e no entanto é bem aquele que impusestes aos polos interiores que não o queriam admitir. Não pertenceis aos raros Seres que vivem de mistérios particulares, os mistérios originais do Homem, tão comuns a todos os homens, o estado da criatura, a paragem do conhecimento, a morte. E também outros que pertencem aos seu sofrimento e ao amôr, à alma fechadas e suas fronteiras, ao estremecimento do espiritual sobre a terra. Já não tendes necessidade do seu estado de poesia para conhecer os homens. Conheceis o seu mistério porque sois homens e tentais exprimi-lo pelo canto. Que vosso canto não ressoe nalguns deles,que baste para vossa satisfação; estabelecereis a sua base de outra forma, talvez de coração a coração, talvez pela inteligencia ou pela oração. Assim não estarão fora dos vossos caminhos embora não vos compreendam quando cantais, estarão ligados a vós pelo mistério da criatura e se nunca o sentiram vivo, será preciso dar-lhe tudo o que o anima.
Tudo isto acontece porque eles escolheram um polo para dominar os outros, para julgar os outros.
Não se trata de inteligência, de vontade, de essência e faculdade do amôr. O Homem não é divisível nessas partes. Tratam-se de polos que formam um feixe com mais ou menos destes elementos. O mais alto não é o mais puro segundo um julgamento humano, mas aquele que conhece a existência das coisas sem julgar por si o que é bem ou mal e talvez este julgamento se alargue sobre os outros, infelizmente sem ter necessidade de poesia.
Porque há tantos desesperados, eles dizem: Se conhecesses um pouco melhor o sofrimento, se estivesses no coração do sofrimento não terias tomado este tom nem escrito este livro, porque nós não somos senhores do lugar em que nos colocamos, as nossas impotências e fadigas gastaram-nos. Se pudesses viver as horas de cada dia sobre a Terra...
Esses, amai-os mais loucamente do que aos outros, não os compreendais e dizei-lhes para erguerem os sofrimentos como se tivessem um pouco de esperança.
O mistério do amôr de tal maneira foi dado ao homem, que ele próprio o pode dar.

Patrice de La Tour du Pin


Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 29 de Setembro de 2003
EXULTANTE!!!
Hoje nasceu a Maria! A Maria é minha neta. O neto nº 6 na incontornável hierarquia das idades, e eu estou particularmente exultante! Por mim, por ela e pela Mãe e minha filha.
Quando nasceu a minha primeira neta, já lá vão 11 anos (vêm porque é que eu sou o Velho da Montanha?), vários amigos meus perguntavam qual era a sensação de sêr avô. Na altura o que me ocorreu, e ainda hoje o tenho como certo, foi que, tão fantástico como ter um neto, é sentirmos que somos o pai de uma Mãe.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 29 de Setembro de 2003

domingo, 28 de setembro de 2003

UM UNIVERSO ALUCINANTE E ALUCINADO.
Muito provávelmente, as obras mais conhecidas de Philip K. Dick, são as que foram adaptadas ao cinema. "Blade Runner", razoávelmente adulterado, "Total Recall", completamente irreconhecível, e mais recentemente "Minority Report", este de facto mais consentâneo com a obra original.
A obra de Dick é profícua, irregular e muitas das vezes alucinada.
Anos de LSD, de cocaína, de heroína e toda a sorte de drogas, fritaram-lhe literalmente os neurónios, fazendo dele um autor desconcertante.
Confesso que há livros que quase não entendi! Que quando cheguei ao fim, tinha os retalhos de uma manta, mas nem sequer manta tinha. "Ubik" e "Os três estigmas de Palmer Eldritch", são exemplos típicos. São livros fantásticos, com pedaços clarividentes misturados com trechos incompreensíveis. Bom, para ele provávelmente fariam todo o sentido.
Por outro lado, "Valis", ficção de cariz autobiográfico, embora alucinante, é um livro extraordinário e do melhor que tenho lido!
Hoje em dia, quando precorro as livrarias, não descrutino livros de Philip K. Dick nos escaparates e é uma pena, pois são excelentes e alucinantes livros, escritos por um autor genialmente alucinado.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 28 de Setembro de 2003
PRAZER REDOBRADO.
Ler livros de que gosto e que foram oferecidos, dá-me um prazer redobrado, ou seja, um prazer maior do que se tivesse sido eu a comprá-los.
Há pouco tempo, a minha filha mais velha deu-me o "Baudolino", de Umberto Eco. Li-o de uma assentada e como estava previsto, gostei imenso do livro. Mas além disso apercebi-me, que para lá da leitura, naquele livro havia o amôr de uma pessoa que me queria agradar e ver feliz, proporcionando-me evidentes momentos de prazer. Esta constatação, aparentemente evidente, nem sempre é entendida com clareza.
A minha mulher já me havia oferecido "O Pêndulo" e o meu irmão, "O Nome da Rosa" e a "Ilha do dia antes". Apercebo-me agora de quanto gostei desses livros, para além da magnífica, estética e erudita prosa de Umberto Eco.É que estes livros traziam em si a aura da ternura e do amôr, tornando-os assim objectos únicos e insubstituíveis.
O acto de receber só é valorizado, se percebermos que por traz dele está realmente o amôr e o carinho do ofertante.
Tentarei não ser mal agradecido.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 28 de Setembro de 2003

sábado, 27 de setembro de 2003

A RAZÃO DAS MINHAS RAZÕES.
Há coisas que difícilmente podemos atribuir ao acaso, se tomado como acontecimento totalmente casuístico e sem conexão com outras coisas.
Parece chinês, mas passo a explicar:
Acabei de reler o "post" que escrevi acerca da revelação de Giles Châtelet, e do seu livro "Vivermos e pensarmos como porcos", que por ínvios caminhos me foi trazida por Eduardo Prado Coelho. Eu, que tantas vezes o tenho chateado, me penitencio e juro que só volto a morder-lhe as canelas se for estritamente necessário.
A releitura do "post" trouxe-me outra revelação, esta mais subtil. No excertos da prosa de Châtelet, entrevi uma tradução interventiva e revolucionária, da mesma revolta, esta mais suave e poética, de Ray Bradbury em Fahrenheit 451. A génese do pensamento é rigorosamente a mesma. Bradbury cêdo se apercebeu que era a singularidade que nos podia salvar e dar um certo sentido à Vida. Em Farenheit 451, numa lógica profundamente equalitária, os homens tinham casas iguais, vestiam roupa igual, tinham carros iguais... Enfim, tudo era igual e portanto a inveja, mãe de todas as tensões sociais, poderia ser banida. Havia apenas uma coisa que não era possível equalizar: A cultura! Por isso os livros eram banidos, e como as casas eram ignífuas, o trabalho do bombeiro Montag era precisamente o de queimar os ilegais livros.
No momento em que, em plena actuação profissional, Montag se apodera de um livro e o começa a lêr, opera-se uma transformação que no fim o irá tornar num proscrito.
Entrevi aqui exactamente o processo cultural que transforma Montag de "homem médio" em "homem qualquer", para utilizar os termos de Châtelet.
Percebem agora o meu já tão antigo entusiasmo pela obra de Bradbury e a minha tremenda expectativa em relação a Giles Chatelêt.
Curioso ter feito há tão pouco tempo duas referências fortes a Bradbury e tão pouco tempo depois deparar-me com alguém que pensa (ou pensou) de forma tão particularmente próxima.
De facto não deve haver acasos.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 27 de Setembro de 2003

sexta-feira, 26 de setembro de 2003

NÃO ME RI NADA.
Pode ser que sejam só defeitos de juventude, mas a promessa que foi sendo feita ao longo das últimas semanas acerca do suplemento humorístico de O Publico, o Inimigo Publico, saíu completamente gorada.
"Ri-te, ri-te!" diziam eles. E eu não me ri nada porque aquele aspirante a pasquim, para alem de uma caricatura de Eduardo Prado Coelho na pele de Tim-Tim, não tem qualquer graça. É pena que o Gato Fedorento se tenha metido em semelhante projecto.
Cá para mim, o primeiro numero foi um "flop" e não lhe auguro vida longa.
Pode ser que me engane...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 26 de Setembro de 2003
VIVERMOS E PENSARMOS COMO PORCOS.
Eduardo Prado Coelho publica hoje no Publico um notável texto que me fascinou. Não tanto pela forma, ou mero conteúdo, mas pelo assunto que aborda.
"Vivermos e pensarmos como porcos" é o título de um livro de Gilles Châtelet agora publicado entre nós. O autor, de sólida formação académica, aborda conceitos fascinantes, e nas quais, a julgar pelas citações, me revejo de forma perturbante. O link para o artigo está disponível e aconselho vivamente a sua leitura. Mas há citações de tal forma fortes e realistas, que não resisto a reproduzi-las:
"O homem médio é aquele que aceita viver "como os porcos" - sem sentido da singularidade, sem um ideal que o apaixone, sem o valor da heroicidade. A formação do "homem médio" cria o individualismo metodológico e a teoria dos jogos aplicada às ciências sociais. Mas cria sobretudo a obsessão do consenso. O homem médio articula três realidades: "Foi ao articular essas três entidade temíveis - o Número Ventríloquo da 'opinião', o Número pestanejante dos 'grandes equilíbrios socioeconómicos', e finalmente o Número-Cifra da estatística matemática - que ele se tornou a peça principal da cretinização".
E segue mais à frente:
"Ao homem médio contrapõe-se o "homem qualquer", aquele é igual a qualquer um, mas igual pela singularidade absoluta de que cada um é capaz. O homem qualquer está no campo dos heróis, anónimo e singular: é ele apenas porque é ele, mas nesta diferença absoluta está tudo aquilo que faz que certos homens continuem a ser, no meio do estupidificante individualismo de massas, "florestas que caminham".
Bom, EPC acha que o livro é panfletário e consequentemente um pouco eivado de demagogia. Eu cá não quero saber disso para nada! Estou doidinho para ler o livro.
Não se esqueçam que faço anos em Novembro, está bem?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 26 de Setembro de 2003.

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

PENSAMENTO PROFUNDO.
Afirmava Dean Martin, e com grande conhecimento de causa, que se alguem conseguisse estar deitado no chão sem se agarrar a nada, então é porque não estava bêbado.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 25 de Setembro de 2003
ENTÃO, COMO É???
Parece que é amanhã que o jornal O Publico lança uma separata humoristíca chamada O Inimigo Publico, se eu bem entedi.
Esta publicação, nasce da parceria de vários jornalistas com as Produções Fictícias, que tantas noites nos alegram com o humor criativo e bem disposto do "Contra Informação".
A publicidade no jornal não podia ser mais expressiva: Vários 1/4 de páginas distribuídos por toda a publicação, com caras de políticos e a exclamação: "Ri-te, ri-te!"
Parece aliciante e estou desejoso de me rir um bocado.
Hoje no Publico, em artigo de opinião, Luis Costa faz a apologia da nova publicação e afirma a certa altura, referindo-se ao seu Estatuto Editorial: "todas as notícias são objectivamente falsas mas equilibradas, pois buscam sempre ouvir os testemunhos falsos de ambas as partes, seguindo as regras de ouro do jornalismo".
Não é por nada, mas parece exactamente a linha de apresentação do "Muito Mentiroso" (deliberadamente omito o link).
Bom, parece que estamos conversados! Agora não nos venham chatear com os Blogues, OK?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 25 de Setembro de 2003
SURPRESA!
Foi com alguma surpresa que constatei hoje que a bloguitica nacional tinha adicionado O Velho da Montanha à sua lista de links.
Por mim fico muito agradado pela gentileza. Para quem não saiba, a Bloguitica é uma espécie de "Vademecum" (escrever-se-à assim?) dos Blogues nacionais.
O Velho da Montanha é um Blog de cariz muito pessoal, funciona como um verdadeiro diário para o qual verto sentimentos, ideias, conceitos e enunciados, uns mais íntimos e outros menos, outros mais parvos e outros menos . O desejo de não-protagonismo está patente no reduzido numero de visitantes apresentados pelo "counter" e sempre pensei que reflexões tão dispares, por vezes desconexas e de carácter tão pessoal, pouco poderiam interessar a outros que não a meia dúzia de amigos e familiares a quem divulguei o endereço. Pelo vistos enganei-me e pelo facto, talvez com alguma ponta de presunção, fico um tanto ou quanto vaidoso.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 25 de Setembro de 2003
GENÉRICAMENTE FALANDO.
Após uma luta titânica, lá consegui que o meu médico de família me receitasse o genérico do "valium". Foi uma luta sem quartel, com avanços e recuos, cuja vitória finalmente me sorriu.
Poupei meia dúzia de Euros, mas fiquei com a sensação do dever cumprido. O Patriotismo também se manifesta nas pequenas coisas!
Afinal por que raio é que o meu médico insistia em me receitar uma droga, que é a mesma, que custa o dôbro e que só aproveita a um qualquer milionário laboratório? Acham a pergunta difícil? Eu, por mim acho é a resposta fácil de mais.
Vou insistir genéricamente nos genéricos. Será a minha próxima cruzada.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 25 de Setembro de 2003

quarta-feira, 24 de setembro de 2003

COM NOME PARA QUÊ?
Não há de ser hoje que me vou zangar com Joaquim Fidalgo, que tanto tenho elogiado. Em primeiro lugar, por que não teria razão e em segundo, porque foi a pessoa que abordou a questão dos "Blogs" com a maior cautela e bom senso, de todas as que ultimamente têm falado e exigido uma verdadeira "censura" à Blogosfera.
No entanto há algo que penso que JF não se terá apercebido: A questão de ter o nome escarrapachado no Blog não adianta coisíssima nenhuma, senão vejamos: Eu assino como JM, mas se assinasse como João Martins, o que é que isso adiantava? Nada! Deve haver na lista telefónica mais de uma centena de "João Martins".
Por outro lado, os dados que constam no servidor do Blogger, algures lá para a Califórnia, são exactamente os mesmos que qualquer leitor tem, ou seja JM e o E-mail que pode ser utilizado na coluna da direita.
Repare Joaquim, que a única forma de não haver anonimato, real ou virtual, era na introdução escrever algo como isto:
Fulano de tal, morador em tal sitio, telefone nº qualquer coisa, etc... E como convirá, assim não haveria Blogosfera, até porque consistiria numa enorme violação à privacidade que nos é garantida constitucionalmente.
Já agora remeto-o para um post anterior, nesta mesma página, sob o título de "Mas afinal, em que espaço orbitamos nós?" que de certa forma tenta abordar este fenómeno. Não caiamos no êrro de considerarmos a Blogosfera como um simples meio de comunicação. Não é! Os Bloggers poderão ser, e são-no a mais das vezes, verdadeiros anónimos, mesmo com o nome lá escrito em letras garrafais, pois o nome deles nada significa para ninguem, excepto eventualmente para os familiares próximos.
Entretanto lembro também que só lê um blog quem vai à procura dele. Não é como a TV que nos entra pela casa dentro ou como a manchete de jornal exposta numa qualquer banca. É preciso o acto deliberado de clicar ou escrever um endereço na barra do "browser".
Entretanto, tanto quanto consegui descobrir, pelo menos o bisturi faz um comentário ao seu artigo.
Cá por mim continuo a gostar muito dos seus textos!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Setembro de 2003
QUEM FALA ASSIM...
Há uma frase popular que diz que "Quem fala assim, sabe o que diz e não merece ser gago!"
Ao visitar o pintainho pelo menos tenho uma garantia: A falar desta maneira, não sei se ele terá dúvidas, mas de certeza que nunca se engana!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Setembro de 2003
REGRESSO AO (FUTURO) PASSADO.
Há coisas que me confundem, principalmente quando elas parecem colidir com princípios de modernidade e de abertura de espírito, em questões que deviam aproximar as pessoas em vez de as afastar.
Ao que parece, a Curia Romana, através das Congregações para a Doutrina da Fé e para o Culto Divino, organismo dependente da mão férrea e ultra-conservadora do Cardeal Ratzinger, pretende proíbir algumas práticas que se começam a tornar comuns no seio da Igreja Católica (consultar link). Assim, entre outras, ficam proíbidas danças, palmas, a presença de mulheres no altar, celebrações conjuntas com sacerdotes de outras confissões, etc... E o documento de trabalho termina, incitando os fieis à denúncia destas práticas.
Particularmente, sendo católico, mas não fervoroso praticante, estas disposições não me incomodam, até por que acho algumas delas um tanto rídiculas, no entanto não posso ficar indiferente à mentalidade retrógrada, já tantas vezes manifestadas por Ratzinger.
Caso não saibam, a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, embora há muito tempo tivesse abandonado as práticas torcionárias e as perseguições religiosas, continuou formalmente a existir como instituição, a ocupar pessoas, em suma, a funcionar, até meados do Sec. XX, tendo sido então substituída exactamente pela Congregação para a Doutrina da Fé. Assim não espanta que permaneçam neste organismo alguns dos tiques de purismo espiritual (até a denúncia que era tão querida da Inquisição!) que sempre caracterizaram essa instituição de má memória, reflectindo nítidamente a personalidade do Cardeal Ratzinger, fazendo dele uma das figuras mais sinistras da Igreja moderna.
Hoje, num "forum" promovido pela TSF sobre o assunto, escutei um indefectível crente afirmar que não era a Igreja que tinha de se adaptar às pessoas, mas sim as pessoas à Igreja e quem não estivesse bem, que se mudasse (sic)!
Com atitudes destas não há fé que resista. Depois queixam-se do sucesso das IURD's e outras seitas que fácilmente se aproveitam do descontentamento das pessoas face a posturas tão fossilizadas e bafientas.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Setembro de 2003

terça-feira, 23 de setembro de 2003

MAS AFINAL, EM QUE ESPAÇO ORBITAMOS NÓS?
Pode ser que eu esteja muito enganado, mas o que mais me seduziu na chamada “Blogosfera” foi o seu carácter profundamente libertário, digamos mesmo, anarquista!
Como rezam as mais ortodoxas filosofias anarquistas, a anarquia por si própria constitui a mais alta expressão da ordem. Houvesse o cívismo e o respeito pelo próximo levados à sua mais alta instância e de facto as instituições tornar-se-iam inúteis.
Esta pequena reflexão filosófica prende-se com uma profunda perturbação que se apossou da Blogosfera!
A propósito de um Blogue, de facto miserável, o “muito mentiroso”, transformado posteriormente em “mais ou menos mentiroso” (não forneço deliberadamente os “links”) foram ditas coisas inimagináveis, dentro e fora da Blogosfera, com grande relevância para o oráculo dos Blogues nacionais, José Pacheco Pereira.
O mais espantoso deste assunto foi de que se chegou a falar em polícia, processos, queixas no tribunal contra desconhecidos, etc... Uma ridicularia!
Em relação ao que se produz na rede, cada um faz o que quer: Escreve o que lhe apetece e lê o que lhe apetece. Como qualquer comunidade, a comunidade dos Bloggers tem os seus próprios mecanismos de controle e é capaz de gerar os seus anti-corpos. A verdade é que vários jornais nacionais noticiam hoje o auto-encerramento do dito Blogue, acabando de vez com esta estupidez colectiva. Resta-me ainda acrescentar que os textos que foram entretanto publicados na Blogosfera, foram anteriormente enviados a várias personalidades, pelo que, no fundo apenas nos deu a (des)informação que a maior parte dos políticamente priveligiados já possuiam.
Estamos em presença do último espaço realmente livre do Universo conhecido! Por favor não dêm cabo dele com tentativas de imposição de regras externas, redutoramente castradoras.
De um modo geral, a Sociedade, cobarde e subniveladora, tem a incontrolável vontade de colocar um redíl em volta de qualquer ovelha que aparente estar tresmalhada. Sempre foi assim com os rídiculos que se lhe conhecem: Lembram-se da história dos Objectores de Consciência? Bom, significava que quem o fôsse estava isento da tropa, mas para garantir o não-abuso da lei, obrigava-se o mancêbo (na altura não havia mancêbas!) a apresentar um documento assinado e carimbado pelo padre da paróquia a atestar a sua objecção de consciência. Vêm bem a estupidez? Que validade pode ter um documento destes, a não ser aparentar um inexistente domínio sobre um fenómeno?
Deixem-nos em paz! Deixem-nos criar e activar os nosso próprios mecanismos. Não se choquem com o anonimato: Ele é útil! Se não o fosse porque é que o voto, em democracia (que não no PCP), haveria de sêr secreto?
Como já disse algures, em outro “post”, noutro Blogue, não é por acaso que o Homem Aranha, o Batman, o Super-Homem, a Cat-woman e o próprio Capitão Marvel, tinham identidades secretas. Nós não precisamos de gritar “Shazam!” para operar a mágica transformação. Basta-nos digitar uma “password”.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Setembro de 2003

domingo, 21 de setembro de 2003

ESTUPIDEZ ABRUPTA.
Apesar de não ser esta a linha de rumo do VELHO DA MONTANHA, a irritação foi de tal ordem, que aqui se recomenda a leitura de um post intititulado "Abruptamente... No fim do verão!", inserida no Blogue gémeo ABUTRE.
Nenhuma animosidade pessoal me move contra José Pachêco Pereira, que até admiro.
Agora, há uma coisa que eu não lhe admito: É que JPP, respaldado pelos mais ou menos très mil contos de ordenado de deputado europeu, faça de mim ( e dos outros) parvo(s), contribuínte acéfalo ou mero nº de eleitor!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 21 de Setembro de 2003

sexta-feira, 19 de setembro de 2003

OS MALEFÍCIOS DO TABACO.
Se bem se lembram do original de Anton Tchekov, um personagem ia perorando sobre as misérias da vida a pretexto de uma conferência sobre os malefícios do tabaco.
Este texto inspirou-me de uma forma verticalmente oposta, ou seja, a propósito das misérias da vida decidi perorar sobre os malefícios do tabaco. Um pouco "fundamentalista", não é?
Fumei mais ou menos durante 45 anos, sempre convicto, inveterado e por vezes furioso.
Após vários períodos de mal-estar, tal como cansaço exagerado, tosse convulsiva, sono inquieto e sucessivas e preocupantes faltas de ar, achei que estava na altura de parar.
Estava avisado das qualidades aditivas da nicotina, da forma insidiosa como os neuro-transmissores nos tentavam enganar ao primeiro esboço de vontade própria, de modo que decidi não arriscar e procurei na medicina uma ajuda especializada.
A verdade é que resultou!
Deixei de fumar e neste momento, segundo a minha simpática médica, sou considerado clínicamente um não-fumador. Em boa verdade devo acrescentar que me custou muito menos do que eu achava possível, no entanto há aspectos que convém resalvar.
Em primeiro lugar há que referir que ganhei uma "senhora" barriga, que me era totalmente estranha e que ainda hoje me incomoda bastante, concretamente de manhã, quando pretendo amarrar os atacadores dos sapatos. Fora isso, as coisas melhoraram: Passei a dormir, e a deixar dormir, deixei de ter a terrível tosse que me assombrava as madrugadas, deixei de ser uma pessoa permanente ofegante, etc....
Uma das coisas que mais me confundiu, foi o conceito que o Poder tem sobre a noção de vício. É certo que me deram consultas gratuítas no Hospital de Santa Maria, mas quando fui comprar os adesivos "nicotinados" que me iam ajudar a controlar o vício, fui confrontado com embalagens de 28 unidades (1 por dia), a cerca de 12 contos cada caixa, sem comparticipação.
Ora bem, durante 45 anos contribuí indirectamente, de forma substancial para os cofres do Estado, que ao que parece arrecada mais de 50% em cada cigarrinho consumido cá na terrinha. Na hora do retorno: Népia! Ao que parece, faz fé a máxima de quem não tem dinheiro, não tem vícios! Fosse eu um agarrado ao "pó", a assaltar velhinhas de esticão e a gamar auto-rádios, sem nunca ter contribuído com um "tuste" para o Tesouro, aí já era um doente, com direito à minha metadona à borla e um tratamento de comiseração e compreensão que como fumador nunca tive.
De facto, um fumador é um viciado! Tem de pagar pelos vícios, para se livrar deles e ainda por cima é mal tratado na praça pública. Já o "agarrado" é um doente, sujeito à maior das compreensões e dos cuidados.
Cá para mim está tudo maluco!
Em relação à nova lei que obriga a mensagens de choque nos maços de tabaco, em verdade vos digo: Fumar faz mal à saúde, é certo, muito mal mesmo, mas lá causar a impotência e a diminuição da quantidade de esparmatozoides, como vem anunciado, já tenho grandes dúvidas: É que na altura em que mais fumava fiz quatro filhas de seguida enquanto o diabo esfrega um olho e não senti qualquer dificuldade na execução da tarefa.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 19 de Setembro de 2003

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

PENSAMENTOS.
A Saudade não mata, mas moi e corroi!
A Lembrança não cura, mas ajuda e alivia!
O Reencontro sara, cicratiza e recompensa!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Setembro de 2003
CARTA ABERTA A JOAQUIM FIDALGO.
Caro Quim,
Em primeiro lugar espero que me desculpes a intimidade do tratamento, até porque não te conheço pessoalmente, mas se isso acontecer um dia, penso ser essa a forma como te vou tratar.
Conheço-te de vista da NTV, mas principalmente, conheço-te do Publico, onde não perco nenhuma das tuas magistrais crónicas, como, por exemplo, a de hoje.
Admiro a tua finura de espírito, mas acima de tudo admiro a forma como escolhes e abordas os vários temas das crónicas. Normalmente, quando acabo de as lêr, instala-se-me no espírito uma pontinha de inveja por não ter sido eu a escrever esse texto. Se calhar é por isso que não sou jornalista!
Quero acima de tudo agradecer-te os bons momentos de leitura séria, sobre temas tão quotidianos que me tens proporcionado.
Se tiveres ocasião, avisa o "Don" Belmiro, que se deixares de escrever no Publico, eu mudo de jornal sem hesitações.
Continua, pois, a presentear os teus leitores com a tua prosa limpa, da qual inevitávelmente resalta um conjunto de valôres que começa a ser pouco habitual encontrar nos teus colegas de profissão.
Um abraço do Velho da Montanha e até à próxima.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Setembro de 2003

terça-feira, 16 de setembro de 2003

DESILUSÕES E ILUSÕES.
O meu falecido Pai tinha uma máxima, um pouco à moda de Monsieur de La Palisse, a qual rezava que só sofríamos uma desilusão, se primeiro nos tivéssemos iludido. Não parece lá grande coisa, mas é bastante útil e ao longo dos anos poupou-me um rôr de desilusões. Terá feito de mim um sêr um tanto ou quanto misantropo e egoísta, mas a verdade é que me deu um jeitão!
Vem isto a propósito da recente polémica que estalou entre José Pacheco Pereira e o CDS-PP, mais concretamente, Paulo Portas.
Sou indubitável e indefectívelmente um homem de direita, mas seguindo a máxima do meu Pai, nunca me iludi com Portas. É trabalhador, é certo, mas também um narciso, tôrto, populista e demagogo q.b. Quanto a Pachêco Pereira, apesar do seu passado esquerdista (faz-me sempre confusão!), foi-me ganhando a confiança ao longo dos anos, com posições coerentes, sérias, inteligentes e suficientemente não-alinhadas para inspirar um módico de confiança e admiração.
Lá está! Desiludi-me!
Não que as afirmações de JPP em reacção ao discurso de Portas não tenham razão de sêr, só que a maneira e o tom em que foram formuladas, revelam um tal ódio, destilam tanto fel, que só podem ser interpretadas como uma vingança privada, carregada com as piores côres do espectro do "revanchismo" político e pessoal.
Pela parte que me toca, fico com pena.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Setembro de 2003

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

CRISE DE IDENTIDADE.
Uma velha e querida amiga, culta e com sentido de humor, mantém de vez em quando comigo longas conversas/discussões de carácter filosófico.
Aqui há uns anos, após um aceso debate ela chegou à espantosa conclusão de que eu era um anarquista de direita! Bizarra combinação, é certo, mas no fundo não tão descabida quanto possa parecer. Na altura deu para a risota e ficou-se por aí. Algum tempo passado, após novo debate, este de cariz mais religioso e teológico, apelidou-me de nihilista... místico, imagine-se! Depois o assunto virou mesmo brincadeira e ainda há poucas semanas fui apodado de jovem avôzinho!
Enfim... As circunstâncias nas quais tudo isto se passou foram divertidas, agradáveis e profundamente sãs, mas no entanto deram-me que pensar.
De facto, todos os adjectivos, aparentemente inconciliáveis, que me têm sido atribuídos ao longo desta brincadeira, acabam por se aplicar, em maior ou menor grau, o que me leva a interrogar se de facto eles são bem aplicados, se são realmente tão antagónicos como aparentam ou se sou eu que tenho uma parcimoniosa dose de esquizofrenia ainda não detectada.
Parece-me que nenhuma das hipóteses é correcta! A minha teoria acerca desta crise de identidade filosófica, reside numa espécie de omelete entre o meu ego e o meu alter-ego.
Que raio de receita! Será assim tão estranha e insólita?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Setembro de 2003

sexta-feira, 12 de setembro de 2003

REFLEXÕES SOBRE RAY BRADBURY (II).
Hoje estou muito "Bradburiano".
Estive a ver na RTP 2 um magnífico documentário, já em repetição, em torno da figura de El-Rei D. Manuel II, através das recordações de uma antiga secretária. A senhora terá alguns 100 anos para aí, e contava com indízivel rigôr, graça e charme, pequenos episódios da sua vivência com El-Rei D. Manuel II e Sua Majestade, a Raínha Senhora Dona Amélia.
Eram episódios simples, muito do dia-a-dia, narrados de forma suave e descritiva.
Vem isto a propósito de um delicioso conto de Ray Bradbury, incluído nalguma colectânea e do qual já não me lembro do título.
O conto retratava uma América rural, lá para os anos 50 ou 60 em que um grupo de pré-adolescentes se aventurava nos montes, em brincadeiras e explorações tão próprios dessa espécie de idade da inocência. A dado passo, o mais novo dos rapazes confidenciou ao pequeno grupo que havia descoberto uma máquina do tempo. A incredulidade foi geral e a chacota generalizada. Ele insistiu e foi instado a mostrá-la. Caminharam por montes e vales até um casebre miserável, onde, à soleira da porta, um homem de idade muito avançada, fumava o seu cachimbo de sabugo de milho. Aproximaram-se cuidadosamente e a um sinal do jovem guia sentaram-se à sua volta. O Velho mirou-os interrogativamente e o rapazinho perguntou com os olhos brilhantes: "Conte-nos lá como foi a batalha de Little Big Horn?". O Velho semicerrou os olhos, avivando velhas recordações, e começou: "O dia amanhecera enevoado. O General Custer, montado no seu cavalo branco, mirava a planicie enquanto saboreava uma enorme caneca de café fumegante e aromático..." E assim continuou a sua narrativa, rica, pitoresca e descritiva, testemunho credível de uma vivência real, transportando de forma quase física aquele punhado de jovens para o passado, numa verdadeira viajem no tempo.
Foi assim que me senti ao ouvir hoje as histórias da senhora que em tempos foi a secretária de El-Rei D. Manuel II e de Sua Majestade, a Raínha Senhora Dona Amélia.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 12 de Setembro de 2003
REFLEXÕES SOBRE RAY BRADBURY.
Teria eu aí uns catorze anos quando a obra prima de Ray Bradbury, Farenheit 451, foi publicada, penso que pela primeira vez em Portugal, na conhecida Colecção Argonauta, especializada em ficção científica, de que eu era, e sou, um adepto incondicional.
Farenheit 451 - Temperatura a partir da qual se inflama e consome um livro, rezava o livro na sua página de apresentação.
Lógicamente devorei-o numa noite e fiquei fascinado. Como tinha lido, havia pouco tempo, o 1984 de Orwell e achei que ambos os livros partilhavam uma linha comum, comentei-o entusiasticamente entre adolescentes da minha idade, com algumas pretensões intelectuais. Ray quê? Farenheit quantos? Bom... Decididamente não valia a pena. Tentei partilhar o meu entusiasmo com os poucos adultos que me davam alguma atenção mas a reacção foi idêntica.
Passaram-se alguns anos e François Truffaut realizou o filme, com Richard Burton no papel do bombeiro Montag sendo Julie Christie a sua mulher.
Aí tudo mudou: A Livros do Brasil editou o livro em edição dita "séria", toda a gente leu, toda a gente comentou e toda a gente elogiou.
Agora, tantos anos depois, vejo a obra reeditada na colecção Mil Folhas, que em boa hora o jornal Publico lançou, a par de nomes como Kerouack, Hemingway, Eça de Queiroz e tantos outros escritores de renome mundial e dá-me um certo gozo ter aquela pequena soberba, estúpida é certo, de achar que fui um dos primeiros a reparar nele cá no nosso "jardim à beira-mar plantado".
Tem piada, não tem?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 12 de Setembro de 2003

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

A EXALTAÇÃO DO MAU GOSTO.
Para mal dos nossos pecados, lá começou outra série do horrendo "Big Brother". Mesmo sem querer, no meio do mais inocente "zapping" lá damos com esse monumento ao mau gosto e ao nacional-voyeurismo.
Gente bera, num programa bera e com apresentadores beras. Enfim... Não podia ser mais bem escolhido... Boa, TVI!
Quanto ao programa, trata-se de um formato idiota, destinado a ser visto por idiotas. Os "moradores" são gente boçal e pirosa em busca de uma fama que o nosso "jet set" da cagalhota por vezes lhe dá e depois rápidamente tira, não vá lá haver confusões... Pobres coitados a fazer figuras tristes perante um país, com pais igualmente coitados, possívelmente tristes pelas figuras que os filhos fazem.
Quanto aos apresentadores, aí não há palavras! Primeiro temos aquele possidónio do Pedro Miguel Ramos, que a unica coisa de jeito que fez, ao que dizem, foi ter dado porrada em Manuel Maria Carrilho quando descobriu que a sua querida "Barbie" Guimarães lhe andava a pôr os cornos com ele. Por fim temos a inominável Teresa Guilherme: A mulher é um coirão, falta-lhe a posta do meio, tem uma voz irritantíssima e uma postura de estalo. Há tempos, a dita senhora afirmava à revista Vip(?) que gostava de ter um homem nú em casa. Pudera! Também eu gostava de ter um Porsche na garagem!
Tenham dó da ignorância nacional. Acabem lá com essa verdadeira merda e ajudem o nosso pobre povinho a evoluir.
Agora pergunto eu, para além de ter acesso a um controle remoto, que fizemos nós para merecer isto???

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 11 de Setembro de 2003
PREVISÍVEL.
Como não podia deixar de ser, nada de importante se resolveu durante as curtíssimas féras a que todos temos direito.
O caso da Casa Pia complicou-se, tanto com as habilidades dos advogados, como com revelações acerca da RTP, que a meu ver, lançaram mais confusão ainda. Dos tais médicos sobreprescritores, nada se sabe. Na Moderna, ao que parece, a montanha pariu um rato. Enfim... Nada que surpreenda!.
Vá lá... Sempre caiu uma ponte no IC19 (felizmente sem vítimas mortais). Sempre é qualquer coisa!!!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 11 de Setembro de 2003