quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

THE "LAST CHANCE" POSTS OF 2003 (IV).

O Senhor dos aneis.
Ainda não tinha feito qualquer comentário ao "Senhor dos aneis", versão Peter Jackson, pois ainda não fui ver o ultimo episódio da trilogia. Curiosamente, desde que surgiu o primeiro dos filmes, eu ia comentando que já tinha visto uma magnífica versão animada nos anos 80. Ninguém parecia saber do assunto. Espantosamente, através de um comentário feito a um post de Manuel Azinhal, acabámos por descobrir, com 20 anos de dilacção, que deveríamos ter sido dos poucos a ver e gostar do filme, para alem de um detalhe importantíssimo: Lembrávamo-nos ambos do facto!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 31 de Dezembro de 2003
THE "LAST CHANCE" POSTS OF 2003 (III).

Acerca da nossa lingua.
De facto nunca tinha tido uma consciência concreta do "sarcasmo Peninsular", conforme o classifica o excelente blogue de Alexandre Soares da Silva.
Acerca da lingua Lusa, diz Alexandre o seguinte:

O desprezo é a distinção dos portugueses. Não há língua tão boa para desprezar. A bílis lusitana, o asco, o sarcasmo peninsular - esse sentimento que arqueou o lábio superior de Nicolau Tolentino, encaneceu Camilo Castelo Branco e esverdeou o rosto de Eça de Queiroz - aparece gloriosamente, de armadura completa e penacho por cima, nas cantigas de escárnio e mal-dizer. Está na língua toda. Em Portugal a peste negra era chamada de dor de levadigas, Deus meu. Talvez a intenção não fosse ridicularizar a doença, mas o efeito é o mesmo; e no mínimo mostra um certo desrespeito... Parolo, pascácio, lorpa, badameco, bucha - todas as línguas são cheias de xingamentos, mas em português os xingamentos são mais ridículos e doem mais.
Os personagens de Eça de Queiroz, se fossem engenheiros da NASA, não seriam capazes de mandar gente à lua. Um deles seria mostrado arrotando champanhe vagabundo na casa da amante gordinha. Um outro recebendo massagem no couro cabeludo com um emplastro anticaspa fedido e amarelo. Seriam ruins em matemática, e jogariam (mal) xadrez nos cafés enquanto falam idiotices sobre política. Se levantariam todos às pressas para puxar uma cadeira para o “excelentíssimo senhor comendador”... Ah, acho estranho que o livro central da literatura portuguesa tenha sido escrito por um homem incapaz de desprezar, que foi Camões. Que, mesmo quando desprezava, desprezava nobremente, antilusitanamente. O pendor para a antigrandiosidade, para o enxovalho e o ridículo, já estava nítido n’ A Demanda do Santo Graal, quando Mordred virou Morderete e disse: “Ai, por quem sois?” A nossa língua não é pra ter saudades, é pra dar bengaladas - com a panache e o sotaque de uma varina brigando na rua.


Pois é, amigo Alexandre, graças a Deus que os personagens de Eça não eram engenheiros da NASA, pois se o fossem, jamais seriam personagens de Eça. A língua é como uma arma (salvo seja!): É utilizada com a bondade ou maldade que cada um quer, portanto, se na sua opinião, o nosso "xingamento" é superior ao dos outros, só poderá significar que temos uma lingua mais evoluída e mais rica, pois decerto terá uma latitude de adjectivos e de descrição superior às outras.
Nesta prespectiva, para mim isso é bom, e já agora, ainda bem que desse lado do Atlântico aprenderam bem a lição. Sorte a vossa!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 31 de Dezembro de 2003
THE "LAST CHANCE" POSTS OF 2003 (II).

Questões que eu evitei abordar.
A discussão, acêsa e politizada sobre a questão da eventual legalização (ou despenalização) do abôrto, ocupou grande parte da intelectualidade política de Portugal. Sobre o assunto, deveras complicado e fratcurante, tentei não opinar. O meu "eu" moral muitas vezes se opôs ao me "eu" racional. A minha pessoa "espiritual" imensas vezes interrogou a minha pessoa "material" acerca de tão delicado assunto.
No entanto, lendo o que se vai escrevendo cá na "terrinha", pasmo em ver que o assunto se começou a pautar em bases meramente científicas, ou seja, quando é que o feto é de facto considerado "gente", quando é que poderá ser tido como uma "pessoa jurídica"?
Continuo sem ter respostas ou convicções que eu considere justas, mas se de facto passarmos a entender que este terrível problema não passa de uma questão científica, tomo a liberdade de citar Fabio Ulanin em relação ao seu post "Pandora":

"Não percebem, mas o império da ciência é o império do mesmo. E, onde tudo se repete com insistência e sofreguidão, quando tudo que temos é o modelo vago de um sentimento que chamam amor – mas que está absolutamente distante do Amor – e que se revela apenas um uso pessoal e egoísta, quando tudo é previsível e previsto por normas falsas – temos não o ceticismo, uma doença do nosso tempo, mas curável com doses maciças de cristianismo, mas o niilismo. O niilismo é a completa falta de perspectivas. Nós abrimos a caixa, mas retemos em seu interior a Esperança. O niilista não só a abriu: arrancou sua tampa e se viu mergulhado no horror profundo e, para suprir sua carência, inventou esquizofrenicamente um mundo materialista no qual todas as coisas obedecem ao padrão laboratorial previsto. Se os fatos não correspondem à experiência, pior para os fatos."

Continuo com as minhas dúvidas, que decerto não terão carácter científico, mas básicamente moral. Se em consciência me perguntarem o penso do assunto, com a maior honestidade e embora quisesse dar uma outra resposta, responderei: Não sei!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 31 de Dezembro de 2003
THE "LAST CHANCE" POSTS OF 2003 (I).
Nestas ultimas horas do ano de 2003, senti uma enorme vontade de abordar alguns assuntos que me estavam atravessados na garganta, e nada pior que iniciar um novo ano com assuntos por resolver. Assim decidi postar os "last chance posts of 2003".

O ano que passou, na minha prespectiva.
O ano que passou, ou seja, 2003, foi um ano bom. Se eu fosse viticultor, diria que tinha sido uma boa colheita! E porquê? Foi tudo fantástico? Não! Nem pensar. Houve dezenas, senão centenas de coisas péssimas que de bom grado eu teria recusado. No entanto, e seguindo a lógica da minha Mãe, senhora de oitenta e bastantes anos, diria que foi bom. De facto, quando pergunto à minha Mãe como lhe vai correndo a vida, que lhe não foi fácil nem tão pouco agradável, ela responde-me invariávelmente o seguinte: "Sabe, quando as coisas não me correm mal, já acho óptimo!"
Pois é. Há muito que aprender ainda e nem temos consciencia disso.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 31 de Dezembro de 2003

segunda-feira, 29 de dezembro de 2003

...E LÁ VAI MAIS UM!
Preparamo-nos para abandonar 2003 e entrar em 2004. Mais um ano, dirão os conformistas, menos um ano, afirmarão os fatalistas.
O ritual da passagem do ano foi coisa que nunca me entusiasmou. Raramente fui a reveillons e normalmente, como a filharada há muitos anos abalou, o meu ritual resume-se a uma breve saúde conjugal, telefonemas para as filhotas e por aqui me fico.
2003 foi um ano como os outros, execepto num pequeno detalhe: A minha descoberta da blogosfera e consequente chegada a este vozear ordenado, no qual reina a sonhada e utópica anarquia ordeira. Este facto de alguma forma alterou muitas das minhas prespectivas e permitiu-me voltar a reflexões há muito enquistadas no meu cortex cerebral e que aparentemente tinham perdido o seu prazo de validade, tal qual essas porcarias que vendem nos supermercados e que eufemísticamente chamam de iogurtes.
Pois bem, com grande surpresa minha, um espaço que se destinava a uma reflexão de restrita partilha, por manifesta falta de interesse pensava eu, começou a ser visitado por um inusitado numero de leitores que de forma muito activa, através dos seus comentários, me incitaram a continuar.
A todos os que me ajudaram nesta espécie de ressureição intelectual envio o meu sincero "bem hajam!"
Para todos vocês, amigos e amigas sem rosto, que fazem do espírito o principal objectivo, que dialogam pelo prazer do diálogo, que me respeitam e se respeitam, a todos sem uma única excepção, desejo um bom 2004.
Feliz Ano Novo para todos!!!!!!!!!!!!!!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 29 de Dezembro de 2003

sábado, 27 de dezembro de 2003

NINE O'CLOCK NEWS.
Passei um Natal calmo e sossegado. Mesmo aquele stress pré-natalício que por vezes impera cá no Lar, foi bem mais "soft" do que o costume. Enfim... Tive a ilusão de que o Ntal se cumpria na sua verdadeira essência.
Entre os dias 25 e 26 não prescindi de ouvir os noticiários e não tardei a caír na real: Atentados em Bagdad, números alarmantes da nossa "guerra cívil" rodoviária, terramoto devastador no Irão, homens-bomba em Tel Aviv, catástofre aérea no Benim...
Nessa altura só me veio à cabeça uma música, datada do fim dos anos 60, de Simon & Garfunkel, com o título de "Nine o'Clock News". Era uma simplicíssima versão do clássico "silent nigth". A música começava de forma normalíssima, ouvindo-se em fundo o noticiário das 9 da noite do dia 25 de Dezembro, emitido pela CBS, este noticiário ia subindo de volume à medida que a música se ia diluindo, acabando com o noticiário em verdadeiro destaque. As notícias, como calculam, eram tão desoladoras e violentas como as de hoje, o que me leva tristemente a concluir que em quarenta anos não aprendemos a ponta de um côrno!
Continuemos pois, ano após ano, a cantar a "silent nigth" e a ouvir as "nine o'clock news". Embora sem qualquer ilusão, podemos sempre viver na esperança de que um dia possamos ouvir algo diferente.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 27 de Dezembro de 2003

segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

FUNDAMENTALISMO LAICO.
Para lá do conhecido "chauvinismo", prosápia e arrogância, os nossos conhecidos franceses continuam com o habitual, e quase irremediável, rol de estupidezes.
Agora, argumentando com a laicidade do estado, decidiram legislar sobre os "sinais exteriores de religiosidade". Como representantes de um proclamado estado laico, governantes franceses reuniram com líderes religiosos das respectivas comunidades residentes em França (Imaginem lá a idiotice e falta de coerência!), para depois legislarem sobre a proibição de símbolos religiosos nas escolas: O véu islâmico, aquela espécie de capachinho que os judeus usam, o crucifixo católico e não sei se mais algum.
E isto porquê? Porque se consideram um estado laico, civilizado, ocidental e convencido da sua suposta superioridade moral.
Agora reparem no contrasenso: Um "punk" com o cabêlo cortado em crista, pintado com as côres do arco-iris, todo prefurado de "piercings" e com ar de quem não toma banho há um mês, pode ir à escola nas calmas sem sêr chateado por ninguém, em nome dos superiores valôres da liberdade. Por outro lado, uma menina educada, bem vestida, limpa e perfumada, se tiver a cabêça coberta por um véu, está impedida de entrar na escola.
Isto é rídiculo! É a imagem no espelho de um fundamentalismo bacôco.
É gente insegura, assustada e mal formada, que mandou vir os emigrantes para lhes limpar os esgotos e agora não lhes aceita a herança cultural.
Por mim, preferia que cada um ficasse na sua terra, mas já que os mandam vir, ao menos tenham a decência de os respeitar e não se comportem desta forma vergonhosa, própria de verdadeiros colonialistas culturais.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 22 de Dezembro de 2003

quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

MENSAGEM DE NATAL.



Para todos que me visitam e também para os outros, para quem gosta de mim e também para quem não gosta, para quem me elogia e também para os meus detractores, embuído do que penso ser ainda a remeniscência de algum espirito de Natal, envio a seguinte mensagem:

Para nós, que nos educamos no culto do respeito pelo homem, têm muito valôr os simples encontros que se transformam, por vezes, em festas maravilhosas.

Antoine de Saint-Exupery


Para todos um santo Natal e que os sagrados valôres da família, da amizade, da solidariedade e do amôr desinteressado, se sobreponham à orgia consumista e interesseira que infelizmente se tem tornado sinónimo desta quadra festiva.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 18 de Dezembro de 2003

quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

ESPÍRITO LATINO...
Não resisto a partilhar convosco esta divertídissima crítica, que se arroga de sêr italiana, mas para mim é igualzinha à portuguesa.
Daqui endereço os meus agradecimentos ao bisturi, que no seu blogue me indicou tão divertido e caricatural endereço.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Dezembro de 2003
BIZARRO ESPÍRITO DE NATAL.



No outro dia, uma notícia do telejornal sobre o elevado prêço dos brinquedos, suscitou-me a maior das preplexidades. Não pela notícia em si, pois todos sabemos bem como está o custo de vida. O que me abismou foi a abordagem da dita notícia.
Tendo como fundo uma loja de brinquedos, a locutora, de forma bem objectiva, iniciou em "off" o seu texto da seguinte forma: "Neste Natal, é em lugares como este que os pais vivem o seu maior pesadêlo..." e a reportagem continuava, entrevistando pais frustrados porque os presentes que os filhos desejavam eram muito dispendiosos. As consolas de jogos electrónicos, caríssimas! E as Barbies? Uma loucura! E o Action Man?...
Que disparate!
Quem educou meninos com tamanha exigência? Quem é que jamais teve a coragem de dizer não? Quem não conseguiu explicar às crianças o que deveria ser o espírito de Natal? Que é feito da mensagem de amôr e boa vontade?
Na minha prespectiva, acho bizarro que o Natal se torne o maior pesadêlo dos pais. É a negação de tudo o que aprendi e é a negação de tudo em que acredito.
Assim, como que sendo uma maldição lançada por Satanás, a celebração do nascimento do Deus-Menino tornou-se para o homem-consumidor um verdadeiro pesadêlo, como bem notava a jornalista do telejornal.
Se calhar até é merecido.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Dezembro de 2003

terça-feira, 16 de dezembro de 2003

O FRACASSO DA UNIÃO EUROPEIA.
Só posso dizer que fiquei contente com o fracasso da Conferencia Intergovernamental da UE, que se preparava para nos enfiar pela goela abaixo uma pretensa Constituição que ninguém pediu e que ninguém votou.
Para expressar a minha posição em relação a esses cinzentões, que nós pagamos a prêço de ouro para definirem regras idiotas, tais como a curvatura dos pepinos, constituições europeias e outras estupidezes, redefini um velho auto-colante distribuido pelo jornal "O Independente", aquando o tratado de Maastritch.
Eis o que penso desta idiotice toda:



Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Dezembro de 2003
O AZAR DE SADDAM.
O verdadeiro azar de Saddam Hussein é ser um iraquiano e não um português. Se neste momento ele estivesse prêso em Portugal, começava já por apelar para o Tribunal da Relação, caso a coisa não resultasse, então apelaria certamente para o Supremo Tribunal de Justiça.
Conforme eu aprendi em pequenino, supremo significa o que é máximo, ou seja, aquilo que não se pode ir mais além.
Em Portugal não é assim!
Portanto Saddam apelaria certamente ao Tribunal Constitucional, no qual os juízes são nomeados pelo poder político, o qual encontraria inevitávelmente uma inconstitucionalidade e faria tudo voltar à 1ª Instância. Deste modo o processo ir-se-ia repetindo, repetindo, até chegar à almejada prescrição do processo.
Assim aconteceu com muitos criminosos, tais como Otelo Saraiva de Carvalho e o resto das criminosas FP-25.
Azar o de Saddam! Bem podia estar em Portugal em vez do Iraque.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Dezembro de 2003

segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

WE GOT HIM!
Foi com esta frase singela que Paul Bremer anunciou oficialmente ao mundo a captura de Saddam Hussein. Tinha sido capturado o ditador que decerto ombreará com Hitler, Staline e Pol Pot como um dos grandes assassinos do século XX.
Fiquei espantado com a reacção de muitas pessoas, que acharam indigna a forma de como as imagens de Saddam capturado foram apresentadas ao mundo. Concordo com incómodo provocado pela visão humilhante de um homem apavorado, pouco asseado e desorientado, sendo observado por um médico da mesma forma de como um veterinário observa um cão sarnento, aparentemente indicando que lhe doía um dente. De facto não foi bonito de se vêr!
No entanto é pena que em paralelo não possamos observar as caras de desespero e sofrimento dos milhões de homens, mulheres e crianças que morreram às mãos deste monstro, sem o mínimo dos direitos que pelo menos lhe vão ser assegurados. Se isso fosse possível, penso que ninguém se chocaria com a triste exibição de tamanho animal.
O homem que pediu, exigiu mesmo, ao seu pôvo que lutasse até à morte, entregou-se sem resistência, sem luta e declarando patéticamente que queria negociar as condições da sua rendição.
Foi apanhado como um rato na sua toca, mais nada sendo do que um rato, nem merecendo mais respeito do que um rato.
Nada me chocam as imagens divulgadas: Um médico avaliando as condições sanitárias de um animal.
Afinal, esta imagem vem de alguma forma atestar uma suspeita que sempre tive: Por trás de qualquer tirano sanguinário, esconde-se sempre um pequeno covarde, capaz de se borrar nas calças sempre que que deixa de deter o poder de infundir o terror.
Como já mais de que uma vez afirmei, não tenho qualquer dúvida de que a violência é a arma dos fracos.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Dezembro de 2003

quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

IT IS ANYBODY HERE?
Lembro-me de ter visto o filme "The Wall", baseado no disco dos Pink Floyd e realizado por Alan Parker, pelo menos umas quinze vezes.
Considero o filme uma obra importante, bem conseguida e que de alguma forma sintetiza algumas das angústias mais típicas e vulgares da minha geração.
Em deteminada altura, numa das estupendas sequências de animação, diante de um muro branco, uniforme e interminável, um desenho impreciso, angustiado e solitário, grita para o outro lado: "It is anybody here?"
É exacatamente assim que eu me sinto quando escrevo um post: "It is anybody here?"
Por vezes sim, por vezes não, mas a possibilidade da resposta a esta pergunta fundamental vai me impelindo a colocar os meus posts, carregados de intimidade e cumplicidade, sentindo-me um pouco perdido quando não escrevo nada.
Lembra-me a história do homem que acorda totalmente só na Cidade Grande. Procura alguem, mas não encontra nada nem ninguem, tenta vários contactos até que se convence que realmente está completamente sózinho e então, de forma lógica, decide suicidar-se. Sobe a um prédio alto e atira-se no vazio. A meio da queda, ouve o seu telemóvel a tocar!
"It is anybody here?"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 11 de Dezembro de 2003

sábado, 6 de dezembro de 2003

PARÁBOLA SOBRE A NATUREZA HUMANA.
Mewenge era um homem muito pobre. Habitava numa clareira, perto das margens do rio Cubango, sabendo que era Quiôco, mas não sabendo se seria Zairense ou Angolano.
Os seus parcos haveres - um catre e alguns utensílios - permaneciam dentro da cubata de adobe e colmo, pousados sobre um chão de terra batida que se transformava em lama sempre que a chuva era mais forte.
Mewenge trabalhava árduamente uma terra de ninguém, da qual extraía um pouco de mandioca e algumas raquíticas espigas de milho.
Na realidade Mewenge era presa de uma imensa miséria!
Por vezes comentava com o vizinho, que vivia em idênticas condições, as hipóteses de escapar daquela espiral de fome e dôr que a ambos assolava, mas sempre obstáculos de toda a ordem lhe toldavam o vago e inatíngivel horizonte dos seus sonhos.
Perto do lugar onde habitava, sobre um monte de pedras seguras por uma argamassa de terra, o pôvo vinha adorar uma estatueta sinistra de uma divindade a que chamavam de Kuba. Era uma estatueta informe, feita num minério, que de oxidado se tornara castanho, de feições grosseiras, olhos vazios e com a bôca ornada grotescamente com dois dentes humanos, grandes como favas e amarelados pelo tempo.
Um dia, em desespero de causa, Mewenge pegou nuns tubérculos de mandioca que suara para tirar da terra, e seguindo o ritual, foi junto do Kuba fazer uma oferenda. Depositou a mandioca aos pés da grotêsca divindade, encheu um pequeno cachimbo com “boi-cola” e enquanto tragava largas baforadas daquela excelente Canabis, pediu melhor sorte para si.
No tropôr que se seguiu, Mewenge ouviu o Kuba falar-lhe dentro da cabeça e o Kuba disse-lhe: “Meu bom Mewenge, és um desgraçado de um homem e ninguém merece tal desgraça. Assim vou te conceder o que me pedires, mas fica sabendo que aquilo que eu te conceder, concederei em dôbro ao teu vizinho. Agora vai! Pensa no que queres que te seja concedido e volta amanhã com a resposta."
Mewenge acordou em sobresalto. Já não estava junto do ídolo, mas deitado no seu catre. Não tinha a certeza de nada do que se passara, mas pelo sim e pelo não, começou a meditar no que deveria pedir.
Um boi... Dava-lhe jeito para arar o solo... Talvez uma vaca, que sempre poderia dar um pouco de leite...
De repente, a visão do seu vizinho com dois bois, ou duas vacas, desanimou-o: Que diabo! Porque é que o vizinho havia de ter o dôbro se a oferenda fora toda sua? Não! Não queria nem bois nem vacas!
Talvez dinheiro... Porque não? Com dinheiro poderia comprar alimentos, ferramentas e utensílios. Mas porque é que o vizinho havia de receber o dôbro? Não, isso ele não queria!
Passou a noite em branco, remexendo-se no catre, tentando imaginar o que haveria de pedir. O dia passou-se de igual modo, com Mewenge tentando imaginar algo que pudesse pedir sem que a anunciada melhor sorte do vizinho não lhe causase tanto mal estar. Remexeu nos seus pretences e agarrou uma cabaça de vinho de palma que ele destilara para consumir numa ocasião especial, e começou lenta mas deliberadamente a bebê-la, não tardando a ficar embriagado.
No entanto, o tremendo dilema em que o Kuba o lançara parecia não ter solução.
No fim da tarde dirigiu-se lentamente para o santuário. Os seus passos não eram firmes, mas conseguiu chegar lá com alguma facilidade. Sentou-se em frente da horrível estatueta, acendeu o cachimbo de “boi-cola” e aguardou o prometido contacto com a divindade.
Passado algum tempo, na confusão que imperava na sua cabêça, Mewenge ouviu o Kuba inquirir: “Então, já escolheste a dádiva que queres receber e que será dada em dobro ao teu vizinho?”. Mewenge, toldado pela droga e pelo alcool, pensou uma última vez e de forma decidida respondeu: “Já escolhi! Quero que me cegues um olho!”

Nota: Como não quero ser acusado de plágio, desde já aviso que a base da história já era conhecida por mim. Limitei-me a romanceá-la um pouco.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 6 de Dezembro de 2003

quinta-feira, 4 de dezembro de 2003

REFLEXÕES SOBRE A VIDA (III)
De um modo geral toda a gente espera da vida milagres. Milagres no sentido em que espera que as coisas possam acontecer em seu benefício, sem que para isso haja uma verdadeira razão. Esperam herdar daquela tia velha, esperam que lhes saia a lotaria (muitas das vezes mesmo sem comprar o bilhete), esperam no fundo encontrar um pote de ouro no lado de lá do arco-íris ou qualquer outra coisa desse tipo.
Eu por mim acho que estou servido!
Com onze anos surripiei uma pistola que o meu Avô imprevidentemente guardava na mesa de cabeceira e fui mostrar à minha irmã, que teria aí uns nove anos, como funcionava a arma. Coloquei e tirei várias vezes o carregador, meti e extraí várias vezes uma bala na câmara e efectuei alguns disparos em falso para o ar, pequenos “click’s” que me encheram de confiança. Tanta era a confiança, que após novas demonstrações, encostei a arma à cabeça da minha irmã e preparava-me para mais um “click”. Lembro-me como se fosse hoje: Comecei a premir o gatilho e nesse momento tive a noção de uma voz na minha cabeça que indistintamente me tentava avisar. Parei, e por descargo de consciência, puxei a culatra atrás. Como que em câmara lenta vi a bala saltar da câmara, voltear no ar e caír no chão.
Mais tarde, já com trinta e cinco anos, lembrei-me de limpar uma espingarda de caça submarina. Estava sentado na sala enquanto a minha filha mais nova, então com dois anos, corria de um lado para o outro, naquelas brincadeiras de natureza insondável que se têm nessa idade. Desmontei a arma, limpei-a e armei-a para ver se estava tudo em ordem. Repentinamente, e sem nenhuma razão aparente, o arpão soltou-se a enorme velocidade, atravessou o vestido da criança, sem lhe tocar, e varou as costas de um cadeirão de madeira que lhe travou a trajectória. Fiquei sem fala por mais de meia hora!
Se somar a estas histórias, outras de somenos importância em que muitas coisas “quase” aconteceram, como ultimamente com o meu neto, sou obrigado a concluír que esgotei, e provávelmente ultrapassei mesmo, a minha quota de milagres, portanto já não peço mais nada. A Vida já olhou muito por mim!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 4 de Dezembro de 2003
REFLEXÕES SOBRE A VIDA (II).
Aqui há uns anos atrás cheguei a uma perturbante conclusão: Nada há de mais frustrante do que um sonho realizado!
Um sonho realizado deixa de sêr sonho, passa a mera realidade com o consequente desinteresse que a costuma acompanhar. Assim temos de sêr criteriosos na escolha dos nossos sonhos. Ao escolher o sonho específico de determinado momento da nossa Vida, devemos levar em conta vários parâmetros: Tem de sêr potencialmente realizável, mas simultâneamente suficientemente difícil para que possa ascender à categoria de sonho. Deverá estar no limite do horizonte da nossa esperança de Vida, mas não tão longe que o torne numa simples miragem. Enfim, um sonho tem de sêr... Um sonho!
Se acaso tivermos a sorte, ou o azar, de o conseguir realizar, então rápidamente temos de imaginar um outro sonho qualquer que nos permita ter uma visão optimista e romântica da Vida em si mesma.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 4 de Dezembro de 2003
REFLEXÕES SOBRE A VIDA.
De um modo geral oiço as pessoas a queixarem-se da vida. Queixam-se dos políticos, queixam-se dos patrões, queixam-se dos empregados e queixam-se mesmo delas próprias.
Quando encontro alguém e lhe pergunto como vai, a resposta é invariávelmente a mesma: “Cá vou andando...”, isto dito com ar contristado e sofredor. Eu acho mau viver assim.
Se eu fizer um balanço da minha vida chego a conclusões que acho animadoras: Nunca fiz parte de minorias reprimidas, como e bebo razoávelmente todos os dias, vivo numa casa razoável que me proporciona uma boa dose de conforto, tenho um carro confortável e que me transporta com economia até onde me apetece, ando vestido, agasalhado e calçado, enfim... Usufruo daquilo que grande parte dos portugueses usufruem e que geralmente acham que é pouco.
Pergunto-me como se queixariam eles se tivessem nascido no seio dos 80% da humanidade mais miserável, aquela que não come, não bebe, tem frio e vê os filhos morrerem de fome e doenças. Como se queixariam nestas terríveis circunstâncias?
Estou longíssimo de sêr rico, estou a anos luz de ter o meu breve futuro garantido, tive uma vida complicada q.b. ( nem vos passa pela cabeça!) e no entanto acho que seria um perfeito idiota mal agradecido se não estivesse profundamente grato ao que a vida me tem proporcionado.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 4 de Dezembro de 2003

terça-feira, 2 de dezembro de 2003

ACERCA DE EFEMÉRIDES.
Passaram ontem 363 anos sobre a Restauração do Reino de Portugal e consequente expulsão de terras Lusas dos castelhanos e seus sicários.
De entre todos é sobejamente conhecida a sorte que coube a Miguel de Vasconcelos, português e mandatário do rei de Castela: Foi pura e simplesmente arremessado de uma varanda para a rua, tendo morrido em virtude da queda.
Felizmente para muitos portugueses, o hábito caíu em desuso, pois de outra maneira, as ruas deste nosso país iriam certamente ficar pejadas de cadáveres de putativos "Migueis de Vasconcelos" que andam a vender a Pátria a Espanha a trôco de um prato de lentilhas, ou vá lá, de um punhado de Euros.
A tradição já não é o que era!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 2 de Dezembro de 2003
A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA VIDA.
Durante estes dias de ausência, passei por uma provação terrível: Um dos meus netos mais pequenos foi brutalmente atropelado!
Felizmente o perigo passou, e apesar das fracturas e dos pontos, recupera com a surpreendente rapidez de uma criança de seis anos.
Recebi o telefonema desesperado da minha filha ao fim da tarde, saltei para o carro e fiz trezentos e tal kilómetros de enfiada, direito ao hospital.
Quando vi aquele corpinho pequeno, magrinho e frágil, dilacerado pelo metal e com uma expressão de perfeito pavôr nos olhos, mais do que qualquer outro sentimento, apercebi-me de quanto a Vida é um bem frágil e efémero, podendo apagar-se de um corpo da mesma forma como se sopra a chama de uma lamparina.
Dada a brutalidade do acidente e considerando que as consequências foram quase irrisórias, em função da tragédia que se chegou a prever, arrependi-me dos posts que arrogantemente me atrevi a escrever acerca da eventual natureza de Deus.
De facto, com a minha idade e experiência, já deveria sabêr que há coisas que não devem ser desafiadas.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 2 de Dezembro de 2003
BACK'N BUSINESS!
Bem, cá estou de volta outra vez. Devo dizer que fiquei surpreendido com a quantidade de mensagens que recebi durante este tão breve intervalo na minha actividade "blogueira".
Por falar em actividade "blogueira", esta vai indubitávelmente continuar, mas provávelmente com uma frequência um pouco mais espaçada. Eu explico: A Família começou a reclamar, e com razão, que nas poucas horas possíveis de convívio doméstico, eu passava grande parte delas agarrado ao computador.
É verdade! Por isso, vou organizar o meu tempo de forma diversa, de forma a poder atender ambas as coisas. Portanto, se eu estiver "calado" um ou dois dias, não se espantem, ok?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 2 de Dezembro de 2003

quarta-feira, 26 de novembro de 2003

INTERRUPÇÃO INVOLUNTÁRIA.
Por razões que me são alheias, vou ter bde interromper durante algum tempo o meu "bloganço".
Na realidade, a actualização do meu sistema informático assim mo obriga. Entre os orçamentos de reparação e a decisão de nova aquisição e sua eventual instalação, ainda vai mediar algum tempo.
No entanto, e para não perder o contacto, sempre que apanhar um computador à mão, publicarei um post até à regularização definitiva do meu equipamento.
"Keep in touch!"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 26 de Novembro de 2003

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

REFLEXÕES SOBRE DEUS (II).
Sem grande surpresa minha, confesso, o post anterior suscitou um grande numero de "bengaladas", todas elas pretinentes e respeitáveis. Seria díficil responder a cada uma, de forma personalizada e individual, por isso resolvi voltar ao assunto.
Reconheço que a minha soberba díficilmente me permite assimilar o maravilhoso mistério da fé. Ao ler o post anterior, a minha mulher, bafejada por esse dom, apenas replicou:" Tu complicas as coisas. É tudo muito mais fácil." e deve sêr.
As reflexões feitas anteriormente não pretendiam questionar as intrepertações que cada um faz do Criador e dos seus desígnios.
Como muito bem afirma Fabio Ulanin, cada vez que a ciência tenta explicar Deus, parece alguém que esqueceu a "password" e recebe de volta a clássica resposta:"Password incorrecta. Tente outra vez."
No fundo, a ideia que eu quis exprimir estava profundamente associada à complexidade do conceito de Deus, na sua vertente filosófica e científica para quem não tem a felicidade de ser suficientemente humilde para aceitar a simplicidade de uma verdade dogmática.
Na realidade, de que serve têr um moderníssimo emissor de FM se para o escutar só existirem velhos rádios de AM? Há que alterar os circuítos, as antenas, os transistores e todos os seus componentes para que se possa escutar a magnífica emissão em FM.
Por isso, insisto, que para quem não tem a ventura de ser bafejado pelo dom da fé, acreditando que há qualquer coisa de transcendente acima da nossa breve existência, díficil será não especular no sentido de encontrar respostas.
Como na parábola do Filho Pródigo, Deus criou-nos, lançou-nos na vida e espera agora que de alguma forma retornemos de modo a que possa matar o vitelo mais gordo para festejar o nosso regresso.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Novembro de 2003

domingo, 23 de novembro de 2003

REFLEXÕES SOBRE DEUS.
Eu não sei bem o que sou. Serei um crente? Definitivanmente não sou nem ateu, nem tão pouco agnóstico.
Citando o meu Pai pela enésima vez, recordo-me que ele se intitulava de místico, e por vezes, um pouco a contragosto, admitia sêr cristão. No meio dos delírios que lhe eram peculiares, e tão importantes para mim, costumava afirmar que a probabilidade do universo, e da Vida, se terem formado de maneira espontânea, eram as mesmas que fazer explodir um pacote de "sôpa de letras" e aparecer um dicionário perfeitamente organizado.
Inclino-me a concordar com ele, embora com menos simplicidade. Para mim, a Deus bastou-lhe engendrar, congeminar e criar o ADN inicial. Depois deixou funcionar a evolução natural. Desta forma, nem negamos o Criador nem a ciência que o tenta explicar (ou desmistificar) e aceitamos aquilo que realmente credibiliza qualquer Religião ou Mistícismo: O principio do livre arbítrio!
Ao contrário de muitos cristãos devotos, eu tenho uma ideia específica: Não é Deus que tem de se preocupar conosco, somos nós que temos de nos preocupar em estar de acordo com a sua Essência e Natureza.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Novembro de 2003
PACIÊNCIA...
Que se há-de fazer? O meu Boavista perdeu com o Porto e foi eliminado da Taça de Portugal!
Perdeu por 1-0 e perdeu muito bem, pois não jogou a ponto de um côrno.
Pelo menos tive uma certa alegria com a compustura de jogadores (apesar de faltosos), treinadores e dirigentes. Do árbitro não poderei dizer o mesmo, pois o homem apitava por tudo e por nada, acabando por prejudicar o espectáculo.
Ver que os dois Clubes reataram as suas relações e vêr José Mourinho a elogiar Erwin Sanchez, para mim é uma novidade, e confesso que prefiro o futebol assim.
Vamos lá a vêr quanto tempo vão durar estas tréguas, pois com o nosso dirigismo desportivo, francamente, não acredito em paz duradoura.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Novembro de 2003
AGRADECIMENTO SINCERO.
Quero agradecer públicamente, mas do fundo do coração, os magníficos "banners" que me foram enviados do Brasil (Tanto mar... Tanto mar...) pela Assunção Medeiros, da Asa de Borboleta.
Os "banners" de que falo são os que estão à cabeça da coluna da direita, logo por baixo do contador.
Por graça, informei a Sue de que era monárquico e que por isso pedi que mencionasse a borboleta Monarca de vez em quando. Pois a nossa amiga levou o pedido à letra à letra e vejam a maravilha com que me presenteou.
Muito obrigado Sue.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 23 de Novembro de 2003

sábado, 22 de novembro de 2003

BOM PARA MEDITAR.
Acabei de ler o VALIS e já estou a meter o dente noutro livro, mas há uma pequena reflexão que gostaria de partilhar.
A leitura é um prazer muito especial. É algo que nunca cansa, desde que estejamos a lêr o que gostamos. Ler um bom livro várias vezes, é um exercício fascinante, pois de cada vez que o relemos vamos tendo uma leitura diferente e mais refinada. É como passar areia por uma peneira várias vezes e ir diminuindo o crivo de cada vez que o fazemos, de modo a reter sómente a que é realmente mais fina. Jamais me cansarei de ler várias vezes os livros de que gosto!
Em VALIS, livro bastante complicado mas sublime, Philip K Dick conta que em determinada altura dava aulas de literatura numa universidade e um aluno pediu-lhe uma definição curta e sintéctica do conceito de realidade. Após uns momentos, Dick respondeu:" É o que sobra de alguma coisa quando deixamos de acredital nela."
Sublime!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 22 de Novembro de 2003
INTERVALO SANITÁRIO.
Como já repararam, e não se coíbiram de me chamar a atenção, fiz um pequeno intervalo nas minhas actividades blogueiras.
Chamemos-lhe um intervalo sanitário.
Em primeiro lugar, porque por vezes é necessário parar um pouco para recentrar a nossa prespectiva de vida. Em segundo, porque uma neurasteniazinha de poucos dias, nunca fez mal a ninguém. Chega mesmo a ser higiénica.
Está explicada a minha ausência durante estes dias. Ok?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 22 de Novembro de 2003
MEMÓRIA DE UM HOMEM.
Fazem hoje quarenta anos que John Fitzgerald Kennedy foi assassinado em Dallas. A sua morte, quase sempre atribuída a uma conspiração, e a meu vêr com razão, deverá permanecer por explicar. Mais um daqueles mistérios, que tal como Camarate, ninguém quer ver resolvido.
Foi pena que o tivessem matado. Era um homem ainda jovem que muito poderia ter feito pelo seu país, e consequentemente pelo mundo.
Foi duro quando foi necessário e o seu braço-de-ferro com Nikita Krutchev, sobre a questão cubana, ia-nos custando uma guerra nuclear. Provou que estava certo e por isso ainda estou aqui e a escrever no meu blogue. Anunciou no principio do seu mandato que durante a década de 60 poria um homem na lua. Não o fez porque já estava morto, mas fê-lo o seu legado e Neil Armstrong deixou a sua pégada indelével na poeira do nosso satélite.
Haverá muitas razões para homenagear este homem, mas na fase de baixa auto-estima em que os portugueses se encontram, gostaria de relembrar aqui uma das suas mais célebres frases. Durante o discurso da tomada de posse, JFK fez o seguinte reparo aos americanos: "Não perguntem o que é que o vosso país pode fazer por vocês. Perguntem antes, o que é que vocês podem fazer pelo vosso país!"
Em memória dos 40 anos da morte de um grande homem, gostaria que os portugueses interiorizassem esta frase e fossem à luta, em vez de andarem aí pelos cantos a queixar-se da crise e à espera que alguem resolva os problemas por eles!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 22 de Novembro de 2003

terça-feira, 18 de novembro de 2003

COINCIDÊNCIA... OU TALVEZ NÃO.
Faz mais ou menos uma semana que escrevi o post "Recordações do meu Pai (II)", numa sequência de lembranças que foram realmente importantes e marcantes para mim.
Ontem, ao folhear um livro, deparei-me com a seguinte citação de Schopenhauer:

Portanto tudo paira por um momento e apressa-se a encontrar a morte. A planta e o insecto morrem no fim do Verão, o bruto e o homem ao fim de alguns anos. A morte fere sem se fatigar. Mas apesar disso, ou antes como se isso não existisse de maneira alguma, tal como se tudo fosse imperecível... É uma imortalidade temporal. Consequentemente, e apesar de milhares de anos de morte e decomposição, nada foi perdido, nem um átomo da matéria, e ainda menos do sêr interior que se exibe a si próprio como a natureza. Portanto em cada momento podemos gritar com satisfação: "Apesar do tempo, da morte e da decomposição, estamos ainda todos juntos!"

Fiquei profundamente perturbado!
Provávelmente o meu Pai lera Schopenhauer e retirara desta leitura as suas noções de eternidade, no entanto, como é que eu encontro, de forma casual, uma citação de tão reputado filósofo corroborando uma recordação com mais de cinquenta anos?
Não tenho explicações, teorias ou ideias. Eu até acredito nas coincidências, mas concordarão que há coincidências um pouco para além do extraordinário.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 18 de Novembro de 2003
O SERVIÇO DE LOUÇA CHINESA.
Wong Li era um respeitado ancião, que toda a vida tinha pintado fínissimos serviços de louça. Pelas suas mãos carcomidas, haviam passado muitos milhares, senão centenas de milhar de peças de delicada porcelana, que ele, com traços certeiros, quase automáticos, pintava com os tradicionais motivos da louça de Cantão. Os desenhos eram tão parecidos que passavam por iguais, dando assim uma identidade própria a cada serviço, mas simultâneamente com pequeníssimas e subtis diferenças que faziam de cada peça um objecto único e precioso.
Entretanto os anos foram passando, novos artesãos surgiram, apregoando novas técnicas e novos motivos. O trabalho começou a escassear para Wong Li, que todos os dias, impreterívelmente, cumpria o ritual de atiçar o fogo que há tantas dezenas de anos habitava no seu forno de cozedura. Os amigos perguntavam-lhe para que se dava ele a esse trabalho e Wong Li, pensativo, respondia invariávelmente que não poderia adivinhar quando teria uma nova encomenda e portanto tinha de têr o forno sempre preparado.
O tempo foi passando e Wong Li tornou-se alvo da chacota dos mais novos, que viam nele um velho excêntrico e já com pouco juízo, alvo perfeito para partidas e pequenas maldades.
Um dia, inusitadamente, chegou uma encomenda. Uma enorme encomenda! Os carros transportando a fina porcelana branca começaram a parar à porta de Wong Li e a retirar do interior do fêno macio as várias peças que constituiam o serviço. Eram ao todo oitocentas e cinquenta peças, entre pratos, tigelas, terrinas, travessas, chávenas e outras peças. Wong Li correu a atiçar o forno, a preparar os pinceis e pigmentos, e rápidamente começou a trabalhar.
Escolheu um desenho elaborado, trabalhoso e demorado.
Um amigo veio-o visitar e ao ver a pilha de loiça que esperava pintura e cozedura e a lentidão com que o trabalho se processava, perguntou a Wong Li por que aceitara o trabalho. De facto, tendo já o velho artesão mais de oitenta e cinco anos e não sendo senhor de uma saúde famosa, provávelmente não iria conseguir acabar o trabalho e por consequência, não receber o justo pagamento pela sua arte.
Enquanto o pincel deslizava com maestria e fluidez pela porcelana branca, dando corpo a maravilhosos pássaros, longinquas montanhas e paisagens campestres, Wong Li, sem levantar os olhos do que estava a fazer, respondeu numa voz muito calma: "Sabes, como em tudo na vida, o essencial é começar..."

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 18 de Novembro de 2003

segunda-feira, 17 de novembro de 2003

A LIBELINHA.

Aqui já há muitos anos li um conto fascinante, que se chamava exacatamente "A Libelinha". Já não me lembro de quem era o autor (teria sido Robert Heinlein? Talvez...), mas foi um conto que me marcou profundamente.

Num qualquer hipotético futuro, no qual as viagens no tempo eram já possíveis, existia uma empresa especializada em "safaris", nos quais os caçadores, a trôco de enormes fortunas, tinham a hipótese de matar um dinosauro.
De molde a não alterar o presente, experimentados guias exploravam o jurássico em busca de animais condenados, fosse por serem inevitáveis presas de predadores, fosse por doença, catástofre, etc... Esses animais eram marcados e apenas esses poderiam ser abatidos, num pequeno espaço de tempo anterior à sua já constatada morte. Assim se conseguia fazer um chorudo negócio, evitando cuidadosamente alterar o precário equilibrio do presente.
Os caçadores eram separados em pequenos grupos e seguiam com os guias, sobre umas placas antigravitacionais, de modo a não tocar em nada, e a única coisa que lhes era permitido, era disparar o tiro fatal sobre a bêsta pré-histórica préviamente selecionada.
Em certa expedição um dos caçadores entrou em pânico à vista de um enorme Tyranausauro, caíu da placa e pôs o pés naquele lamacento chão do jurássico. Foi instantâneamente apanhado por um dos guias, a expedição foi logo cancelada e voltaram rápidamente ao presente. O guia, irritadíssimo, explicava ao timorato caçador as tremendas consequências que podiam advir do seu gesto de pânico, enquanto avançavam pelo corredor. No fim deste havia uma placa. Ao olhar para ela, o guia estacou, e incrédulo, tentou ler o que lá estava: Onde se deveria lêr "Por Favôr, seguir pela direita", estava escrito "For lavôr, cegir pale deraita".
Atarantado, o homem parou, olhou para o seu cliente e agarrrando-lhe num pé observou-lhe a sola da bota: Esborrachada nas saliências da sola, jazia uma pequena libelinha.
A morte de tão insignificante animal, há tantos milhões de anos, modificara de forma subtil o presente.

A partir dessa altura passei a olhar para as pessoas como se fossem a libelinha do conto, e como consequência para mim próprio nessa mesma prespectiva: A existência de cada sêr humano, aparentemente importante ou não, marca de forma subtil, mas indelével, o futuro, pelo que parece fazermos todos parte de um enorme e complexo "puzzle" divino e num "puzzle", se nos faltar a mais insignificante das peças, jamais o conseguiremos terminar.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Novembro de 2003

domingo, 16 de novembro de 2003

CARAGO...
...Como Boavisteiro de gêma, odeio admitir isto, mas a verdade é que na minha óptica, o Estádio do Dragão é o mais bonito e mais conseguido estádio desta nova geração de estádios (basta tirarem o Taveira do circuito e...). Aquilo é realmente uma obra sublime, e continuando no registro anterior, a contragôsto, sou obrigado a dar os meus sinceros parabéns à comunidade dos "Andrades". Já agora, felicidades! Mas não ganhem tudo, pôrra! Que isso até parece mal.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Novembro de 2003
POR UMA CAUSA IMPERIOSA!



Por empenhada e profundamente louvável iniciativa do Bisturi, que diáriamente dá o seu melhor para salvar estes inglórios "combatentes" desta inútil "guerra civil".

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Novembro de 2003

quinta-feira, 13 de novembro de 2003

EU SOU COMPLETAMENTE FASCISTA...
...afirma o dedo acusador de Pedro Sá, do blogue Descrédito (bom nome...), e sabem porquê? Porque me atrevi a dizer que as crianças deveriam ser mais bem educados pelos pais. Nem mais!
Num post anterior, com o título de "Geração Blédine", citando dois artigos dados à estampa no Público, um de Helena Matos com o mesmo tìtulo e um outro publicado na véspera e que citava o pedopsiquiatra João Beirão, alonguei-me um pouco sobre uma geração demasiado protegida e mal preparada para as contrariedades.
Resultado: Violento ataque (via feedback) do esquerdalho! Será já campanha eleitoral para o caso dos putos poderem votar aos 16 anos?
Por curiosidade, como quem entra comprometido onde não deve, fui visitar o Descrédito e dei com o meu link, felizmente em muito boa companhia, como fazendo parte de um grupo apelidado de extrema-direita.
Não conheço o Pedro Sá, nem faço questão disso. Não sei a idade dele, não sei se tem filhos ou não. Se os tem, coitado dele e coitados deles! Se não os tem, espere pela pancada. Se não os pensa ter, abstenha-se de comentar o que não sabe.
Eu tenho quatro filhas e seis netos, felizmente muito bem educados, conhecedores das suas obrigações, senhores dos seus direitos. Portanto, nesta circunstância, pela lógica de Pedro Sá, sou completamente fascista!
Parafraseando o falecido Fernando Pessa: E esta, hein?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 13 de Novembro de 2003
RECORDAÇÕES DO MEU PAI (III).
Desde que tenho memória de mim, o estatuto profissional do meu Pai foi sempre algo de misterioso.
Lembro-me, muito puto, de ele trabalhar numa companhia de aviação comercial, depois trabalhou numa agência de viagens. Chateou-se com tudo isto e lembrou-se de criar, publicar, distribuir e vender uma revista. Isto granjeou-lhe alguns conhecimentos importantes e a partir daí começou a viajar. Quando regressava das longas viajens, fechava-se num quarto, forrado de enciclopédias, dormia de dia, trabalhava de noite e escrevia, publicava, distribuía e vendia os livros produzidos pela experiência das suas viagens (pequenas edições que valem hoje um balúrdio!).
Lógicamente, vivíamos sempre à "rasquinha de massas", mas na verdade isso nunca foi grande preocupação lá em casa. Como quando estava em processo criativo, mal saía do seu quarto, adoptou como "farda" um tipo de fato-de-macaco à Mao Tse Tung, que entendia ser mais confortável, fácil de lavar e incomensurávelmente mais barato. No entanto, sempre que alguém referia a indumentária, apressava-se a esclarecer: "Nada de confusões! Eu sou Salazarista convicto!" e era-o!
Uma vez tive de preencher um qualquer formulário para uma qualquer finalidade. Ao sêr-me perguntada a profissão da Mãe, não hesitei e escrevi "doméstica", à pergunta correspondente, relativa à profissão do Pai, hesitei um pouco e perguntei-lhe o que haveria de escrever. Após uns segundos de reflexão, olhando para as enciclopédias que repousavam nas estantes, esclareceu-me com alguma desplicência: "Pode escrever aí que sou Técnico de Cultura Geral."
Nunca mais tive dúvidas acerca da sua profissão.
E era assim o meu Pai...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 13 de Novembro de 2003

quarta-feira, 12 de novembro de 2003

RECORDAÇÕES DO MEU PAI (II).
Era eu ainda menino e moço, quando uma vez acompanhei o meu Pai que ia tratar de qualquer assunto à junta de freguesia. Esta ficava junto à igreja, que por sua vez confinava com o cemitério. Inusitadamente, com algum desconforto meu, decidiu entrar no cemitério. Era um cemitério de aldeia, pequenino, que para além dos inevitáveis ciprestes, era dominado por uma enorme tília.
Deambulámos no meio das campas até que parámos perto do tronco da tília. O meu Pai olhou-lhe para a copa e setenciou: "Quero ser enterrado aqui, num caixão de madeira". Atrapalhado, perguntei-lhe porquê e ele então explicou-me que não queria abandonar o ciclo da vida. Assim se fosse enterrado naquele local, o seu corpo entraria em decomposição, seria devorado pelos vermes que por sua vez iriam fertilizar a terra, entrando posteriormente na seiva da árvore. "Assim, daqui mais ou menos uns 20 anos estarei a ressuscitar na forma de um rebentinho, que mais tarde alimentará um animal, etc..." Fiquei compreensivelmente horrorizado com a ideia, o que me pareceu ter-lhe dado um certo gôzo.
Acontece que morreu cêdo, vítima de um prematuro enfarte do miocárdio. Foi enterrado naquele mesmo cemitério e ao pé da grande tília.
Quase nunca lá vou, mas quando isso acontece, já não sei bem em que sítio está enterrado, mas fico por algum tempo a olhar para os ramos frondosos da tília na esperança infantil de descortinar algum rebento que me pareça diferente dos outros.
Sem me ter apercebido, foi naquela tarde, naquele pequeno cemitério, que tive a primeira noção do que poderia sêr um conceito de eternidade.
Era assim o meu Pai...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 12 de Novembro de 2003
RECORDAÇÕES DO MEU PAI (I).
O meu Pai era uma pessoa com imensa graça. Era um pouco louco, penso eu, e um dia comentei-o com ele. "A loucura é um estado de graça, que nem todos conseguem voluntáriamente atingir." respondeu-me cortando-me o pio. Era um homem neurótico, mas de certa forma exuberante e adorava as grandes tiradas como a que acabei de citar.
Em certa altura, quando falava com ele sobre as hipóteses futuras da minha vida, coisa que na altura envolvia estudos e tudo o mais, ele observou: "Nos tempos que correm, o que interessa é a especialização. A especialização consiste em saber cada vez mais sobre cada vez menos. Nesta prespectiva, a lógica indica-me que um homem com futuro, será alguem que saiba tudo sobre nada,"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 12 de Novembro de 2003

terça-feira, 11 de novembro de 2003

AS ARMAS DOS FRACOS.
Confesso que estou a ficar um bocado "cheio" das atitudes dos estudantes universitários, básicamente em Coimbra. Estes lídimos representantes da geração "Bledine", carregados de direitos e aparentemente sem quaisquer deveres, parecem ter mêdo que os colegas queiram ir às aulas, esvaziando deste modo aquilo que apelidam de a sua "luta". De facto, para quem está na posição dos dirigentes académicos, isso seria uma merda.
Assim, vai daí, e aproveitando a tibieza de um Reitor acobardado, vá de fechar as portas a cadeado, e para não haver dúvidas, bloquear o portão com um autocarro.
Pois é, quem tem cú tem mêdo, não vão os colegas de repente querer ir às aulas.
É esta a arma dos fracos: Obrigar os outros a fazerem o que eles querem e depois afirmar que têm o apoio inequívoco da maioria.
Que raça de "doutores" sairá daqui?...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 11 de Novembro de 2003

segunda-feira, 10 de novembro de 2003

UPDATE.
Hoje, com pouca vontade (ou assunto) para blogar, decidi actualizar os meus links, pelo que deverão consultar a coluna da direita.
Poderão reparar que uns "foram à vida" pois estavam a ficar muito chatos para mim. Pelo contrário, há outros, que pelo seu conteúdo, mereceram, na minha prespectiva, fazer parte da minha lista de eleitos.
Como decerto já entenderam as minhas várias orientações (políticas, sexuais, culturais, etc...), aceito de bom grado sugestões para a minha lista de links, de modo a poder enriquecê-la com pessoal da minha igualha.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 10 de Novembro de 2003

domingo, 9 de novembro de 2003

UNPLUGED
Acabei, há cerca de meia hora, de ver o terceiro episódio da trilogia Matrix, o Revolutions.
A sensação que tive quando o filme acabou, foi a de ter ficado "unpluged", completamente desligado. Para dizer a verdade, penso que necessito de uns dias, e eventualmente de outra ida ao cinema, para absorver tudo aquilo que vi.
Na minha opinião (que está longe de ser modesta), dos três filmes da série, o Revolutions é de longe o mais conseguido. O ritmo narrativo e os efeitos especiais transportam-nos durante todo o filme, numa autêntica cavalgada de inusitada e sempre imaginativa acção.
Por estranho que pareça, por difícil que se torne descortiná-lo, trata-se, na minha opinião, de uma obra com grande carga filosófica, concretamente metafísica.
Enfim, trata-se de um filme para vêr com "olhos de vêr", passe a redundância. Há que recordar cuidadosamente os dois episódios anteriores, montar o respectivo "puzzle" e meditar em tudo isto. Ao encontrar um amigo que também foi ver o filme, é recomendável limitar-se a um "é pá... filme porreiríssimo!", pois se calha começar a tentativa de entrar por intrepertações, dá-me ideia que acaba tudo zangado.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Novembro de 2003.
DIGA LÁ OUTRA VEZ...(?)
Segui hoje com alguma indiferença as notícias acerca do Congresso que deu ínicio ao novo partido de Manuel Monteiro, a Nova Democracia.
Como ainda não entendi bem a base ideológica do novo partido e os seus objectivos programáticos, fui escutando o que iam dizendo os vários participantes que a TV se entretinha a entrevistar.
A dada altura, um senhor entusiasmado explicava: "Sabe, isto é um partido de ruptura e que pretende acolher quem não se revê no actual sistema. Dou-lhe um exemplo: Uma pessoa que não goste de Fidel de Castro nem do Pinochet, é de esquerda ou de direita?".
Confesso que fiquei preplexo. Se isto são as bases da Nova Democracia, mal por mal, prefiro a velha.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Novembro de 2003

sábado, 8 de novembro de 2003

VALIS (I)
O romance de Philip K. Dick, VALIS, trata-se de uma obra autobiográfica, em que Dick se descreve a ele próprio como um personagem, semi-alienado, típico "junkie" dos idos anos 60, chamado Horselover (o étimo grego de Filipe, significa "o que ama os cavalos"). Horselover acredita que o Universo é constituído por informação e que ele próprio foi alvo de uma teofania (vulgo: Prova da existência de Deus), sob a forma de um raio laser que lhe deu um conhecimento aprofundado do que o rodeia. A partir dessa altura ele enceta um diário (poderia fácilmente ser um blogue), que ele intitula de exagese. Desse diário passarei a transcrever, de forma aleatória, algumas passagens:

#36. Devemos poder ouvir esta informação, ou antes narrativa, como uma voz neutra dentro de nós. Mas qualquer coisa saíu mal. Toda a criação é linguagem e nada mais que uma linguagem, que por qualquer razão inexplicável não podemos ler exteriormente e não podemos ouvir interiormente. Portanto digo que nos tornámos idiotas. Aconteceu qualquer coisa à nossa inteligência. O meu raciocínio é este: o arranjo de partes do Cérebro é uma linguagem. Portanto, porque não sabemos disto? Nem sequer sabemos o que somos, quanto mais o que é a outra realidade de que somos partes. A origem da palavra "idiota" é a palavra "privado". Cada um de nós tornou-se privado, e já não compartilha o pensamento comum com o Cérebro, excepto num nível subliminal. Portanto a nossa vida real e o nosso objectivo são conduzidos abaixo do nosso limiar de consciência.

Ai o LSD! Abençoados anos 60... que como Nietchze, estavam "para além do bem e do mal".

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Novembro de 2003
GERAÇÃO "BLEDINE".
Por qualquer razão que me escapa, não consigo fazer o link para um magnífico artigo, assinado por Helena Matos, no Público de hoje.
De um modo geral o artigo aborda a atitude da geração a que pretencem os actuais estudantes contestatários, explicando os comportamentos à luz da educação que tiveram. Assim, passo a citar:

Esta é a geração "Bledine". Aquela a quem tudo chegou devidamente triturado em menus cheios de vitaminas e sais minerais. A geração cuja educação foi organizada sob o terror do trauma. Se dormiam sózinhos, tinham traumas. Se dormiam na cama dos pais, traumas tinham. Se iam para o jardim de infância, tinham o trauma de deixar de estar em casa. Se ficavam em casa, tinham o trauma de ver os outros partir para o infantário e eles não. A escola então era uma sucessão de traumas. Eram os colegas que riam deles ou não lhes ligavam nenhuma. O próprio acto de aprender se tornou numa "traumomania": As crianças não aprendem porque ficam traumatizadas com as más notas. (...) Agora cresceram e acham que devem permanecer nesse previligiado estatuto. Querem continuar a andar ao colo mesmo fora de casa.

Eu achei o artigo muito bem observado e muito bem escrito. Já ontem, no mesmo Público, a jornalista Paula Torres de Carvalho, citando o pedopsiquiatra João Beirão, afirmava o seguinte:

"Lá em casa, eles são o centro de todas as atenções. Não pedem, exigem. Não obedecem, mandam. Dormem quando lhes apetece, comem o que bem entendem, choram, gritam, fazem birras quando os contrariam. São pequenos "ditadores" de seis, oito, onze anos, que não têm a noção dos limites nem da diferença entre gerações. Os pais, derrotados, dizem que "não têm mão" neles. Em muitos casos, cedem à prepotência das crianças e deixam-nas dominar. Em muitos casos, procuram apoio psicológico para resolver o problema que os especialistas designam por omnipotência infantil".

Não posso deixar de me lembrar de um "ganapo", aí dos seus oito anos, que no estacionamento do Carrefour sinalizava o seu pai, de modo a que este conseguisse arrumar um "jeep" junto a uma coluna. Num pequeno descuido, o homem raspou a porta na coluna. Com um ar furibundo, o garôto, aos gritos, exclamou:"Era para o outro lado, bêsta!", ao que o pai, envergonhado, apenas conseguiu responder: "Desculpa, filho."
Isto vi eu, com estes olhos que a terra hà-de comêr! Agora espantam-se que eles andem aí a gritar "Não pagamos!" e a fechar as portas das faculdades a cadeado, como se de alguma forma imaginassem que o mundo tem de girar à sua volta.
De facto se calhar não têm culpa: São a geração "Bledine"!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 9 de Novembro de 2003

sexta-feira, 7 de novembro de 2003

VÍRUS NA BLOGOSFERA.
Suponho que seria mais ou menos inevitável! Já outros Bloggers me tinham dado conta da existência de um vírus na Blogosfera: Um vírus que ataca através do mecanismo de "feedback" disponibilizado aos visitantes.
Não é um vírus perigoso, pelo contrátrio, é completamente inofensivo. É apenas chato por que nos confronta com a falta de educação dos outros.
Dsponibilizo um "feedback" para todos, mesmo para os malcriadões que se entretêm com insultos rascas. A estes mando um singelo recado: Continuem com o insulto, pois eu, parafraseando o putatitvo candidato a "Nosso Primeiro", estou-me realmente cagando para isso!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 7 de Novembro de 2003

quarta-feira, 5 de novembro de 2003

ESTADOS DE ALMA.



Hoje estou particularmente contente! A encomenda da Mediabooks que eu esperava já há uns dias finalmente chegou e lá dentro vinham os dois volume de VALIS, de Philip K. Dick. Há anos que não lhes punha a vista em cima. Os vários exemplares que fui comprando ao longo da vida, foram-se esfumando em empréstimos e ofertas. O último foi consumido num violento incêndio que aqui há uma dúzia de anos me levou os poucos haveres que me haviam restado de um divórcio. Pensava ter desistido, mas há uns dias em Barcelona dei comigo a discutir convictamente com um amigo a obra de Dick e por isso, logo que cheguei, iniciei a minha pesquisa e cá tenho os dois preciosos livrinhos, que orgulhosamente ostentam os nºs 300 e 301 da mítica colecção Argonauta. Por qualquer razão que me escapa, o tradutor chamou-lhe "O Mistério de Valis", mas que se há de fazer...
De momento já encomendei uma outra preciosidade do mesmo autor: "A penultima verdade", também há muito perdida.
Hoje vou abandonar a Blogosfera mais cêdo e vou mergulhar pela enésima vez na fantástica leitura de VALIS, para mim o melhor livro de Dick.
Não se espantem quando começarem a aparecer as citações...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 5 de Novembro de 2003

segunda-feira, 3 de novembro de 2003

DISLEXIAS POLÍTICAS.
Fico fascinado com algumas incongruências, que aqui e ali, vão pontuando alguma da actualidade, da qual somos actores, ou figurantes, involuntários.
Numa altura em que resurge uma certa discussão entre as virtudes políticas, ou do sistema monárquico ou do sistema republicano, conforme as crenças, e porque não, a cultura de cada um, tem lugar na sociedade um dálogo mais ou menos surrealista: Por um lado a aparente aceitação da, plebeia, divorciada e gírissima, noiva do Principe das Astúrias e por outro lado o escândalo provocado na "intelectualidade" francesa pela escolha dos autarcas da nova face da "Republique Française", uma apresentadora de um programa vespertino de televisão, do tipo da nossa Julia Pinheiro ou Fátima Lopes.
Se por um lado, num sistema tão repudiado pelo esquerdalho, temos gente satisfeita, que de alguma forma se revê numa espécie de "Cinderella" e adere a todo o "glamour" do ideal de uma verdadeira família (real) espanhola, por outro lado temos todo o cinzentismo pseudo igualitário dos autarcas franceses que votam numa figura popular, de baixa qualidade, na qual se parecem rever, ou básicamente através da qual pensam catar alguns votos.
Uma reflexão sobre estas duas situações demonstram bem o risco e a estupidez de pensar que os símbolos nacionias podem ser votados ou plebiscitados. Em Portugal, felizmente estamos só a meio caminho e o único símbolo nacional que votamos por cá, é o Presidente da Republica, que infelizmente bem o sabemos, trata a malta por "pá", e por confissão do próprio, diz os piores palavrões ao telefone. Se enveredássemos pelo caminho dos franceses e votássemos outros símbolos, não seria de admirar que o nosso Hino passasse a sêr uma qualquer canção "pimba" da autoria de Marco Paulo ou do Emanuel.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 3 de Novembro de 2003
DEPOIS DA TEMPESTADE...
Cumprido o meu doloroso aniversário, rodeado de toda a compreensão, e paciência, dos que realmente me amam, estou de volta ao activo.
Este exercício de auto-comiseração, repetido ritualmente durante os ultimos anos, para além de cruelmente pôr à prova o amôr dos que me rodeiam e me são queridos, tem o efeito terapêutico de um tradicional clíster: Tira-me a merda toda da cabeça, pelo menos por um prazo de tempo razoável e funciona como uma autêntica revalidação de um prazo de validade, que no meu entender, não é já suficientemente alargado.
A todos os que não têm nada com isso, e são certamente uma esmagadora e ciclópica maioria, peço as minhas desculpas, que não posso qualificar de "humildes" porque na realidade não sou uma pessoa humilde.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 3 de Novembro de 2003

sexta-feira, 31 de outubro de 2003

NÃO HÁ VERGONHA NA CARA?
Gajos destes também me dão uma neura do caraças. Principalmente por ter poucas probabilidades de lhe ir aos "fagotes".



...E daí, quem sabe se o homem não tem telhados de vidro?

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 31 de Outubro de 2003

quinta-feira, 30 de outubro de 2003

A NEURA DO COSTUME.
Nesta altura do ano, bem próximo do meu aniversário, costuma instalar-se na minha "tola" uma valente neura. Para ser mais correcto, uma neura de merda.
Toda a gente que me rodeia e que gosta de mim exorta-me a combatê-la, mas se isso fosse possível, então eu não estaria com a neura.
Não será muito fácil de explicar o que se passa comigo nesta altura, mas é facílimo de compreender.
Trata-se de uma neura doentia, com uma componente vincadamente andropausica e que eu já assumi como inevitável, e no fundo, quase imprescíndivel.
Há um certo período da nossa vida em que já não somos novos, mais ainda não somos velhos. É assim uma sensação de não ser nem carne nem peixe: É demasiado tarde para encarar com seriedade os projectos que foram permanentemente adiados, e é demasiado cêdo para desistir liminarmente deles.
É um tempo difícil! Trata-se de um tempo de inseguranças negadas e de seguranças afirmadas, qualquer das situações desprovida de verdadeira convicção.
Nestas alturas, costumo fechar-me na minha casca, implicar com o maior numero de pessoas que me é possível e lutar desesperadamente contra a auto-comiseração que me tolda o horizonte, tão nêgra como uma frente meteorológica, daquelas que põe os cabêlos em pé à nossa protecção cívil e decretam o estado de emergência.
Enfim... Crise da meia idade? Medo de sêr incluído, estatísticamente, nos insípidos programas de turismo sénior? Espanto por me aperceber que qualquer dia os meus netos têm a idade que eu penso ser ainda a das minhas filhas?
Não sei! A única coisa que sei é que é um estado de espírito muito "filho da puta" e que me moi o juízo e o juízo dos que me rodeiam.
Relembrando o inesquecível Bob Hope, começo a ter a consciência de que já vou começando a ter mais despesa com as velas do que própriamente com o bôlo de aniversário.
Desculpem-me lá o desabafo, mas na realidade é uma merda de estado de espírito, que, como em todos os anos, acaba por passar.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 30 de Outubro de 2003

quarta-feira, 29 de outubro de 2003

A PODRIDÃO.



Mais uma vez Joaquim Fidalgo, com a sua habitual acutilância, põe o dêdo na ferida, que como verdadeira lepra, alastra na sociedade portuguesa.
Com o título de "Sistema", o texto aborda o escândalo da Casa Pia, o escândalo que rodeia esse escândalo, para escândalo de todos nós, que a bem da memória futura, tão profusamente tem sido relatado por todos os meios de comunicação.
A dado ponto, e com a maior pretinência, diz JF "Discute-se se o "sistema" funcionou ou não. Por mim, acho que funcionou às mil maravilhas. Este sistema em que vivemos, em que os ricos têm mais oportunidades que os pobres, os poderosos mais influência que os desvalidos, os respeitáveis mais crédito que os marginais, os cultos mais voz que os analfabetos, os fortes mais alternativas que os fracos..."
No fundo, este pequeno parágrafo, mesmo retirado do contexto do artigo, resume, infelizmente, uma das mais trágicas verdades com que hoje convivemos.
Enfim... Tenhamos alguma esperança, pelo menos ainda não nos provaram a não existência dos milagres de Fátima.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 29 de Outubro de 2003

terça-feira, 28 de outubro de 2003

SOU EU QUE DEVO ESTAR PARVO...
Em relação à polémica criada entre Marcelo Rebêlo de Sousa e João Pedroso sobre a tomada de posse deste último no Conselho Geral de Magistratura, sabendo já que o irmão estava a sêr investigado, eu, ou não ouvi bem, ou estou parvinho de todo!
Quando o Prof. Marcelo disse isso na TVI, Pedroso abespinhou-se, disse que era mentira e que ia processar o Professor.
No passado Domingo, Marcelo reafirmou a mesma coisa e, segundo o Publico, João Pedroso disse à Rádio Renascença que encara as declarações de Rebelo de Sousa como um pedido de desculpas, pelo que não há necessidade de avançar com um processo judicial.
Bom, talvez eu não esteja parvo de todo: Imagine-se o embaraço de João Pedroso se levasse a ameaça avante.
Ele há cada gajo mais desonesto...

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 28 de Outubro de 2003
POLÍTICAMENTE INCORRECTO!
Eu, pessoalmente, não tenho grande aprêço pelo chamado "políticamente correcto". É um conceito idiota, como quase tudo o que nos chega dos "States", que cria uma quase obrigatoriedade de concordância com a visão do mundo de uma certa esquerda bem pensante.
Por exemplo, sou contra o abôrto e votei convictamente no referendo que parece estão a querer ressuscitar. O simples assumir desta posição faz de mim uma bêsta aos olhos da maior parte do esquerdalho que milita neste país, mesmo respeitando os que pensam de maneira diferente.
Em relação aos homosexuais e às lésbicas, é me completamente indiferente. Como dizia a minha falecida Avó, "cada um come do que gosta". Agora devo confessar que fico um bocado irritado com as militâncias mediáticas praticadas por várias associações e que normalmente encontram eco na imprensa, onde de modo geral também impera muito esquerdalho.
Vem isto a propósito das posições públicas assumidas por essas associações a propósito de um acordão do Supremo tribunal de Justiça, que resumidamente, considera mais graves as relações homosexuais entre adultos e adolescentes, do que eventuais relações heterosexuais.
Citando um artigo do Publico, estas associações condenam a "ignorância profunda e a confusão de conceitos" patentes no acórdão, considerando por exemplo que "ordem natural" é um conceito "religioso inadmissível num dos principais poderes de um Estado Laico" e que a expressão "anormal" constitui um "insulto, igualmente inadmissível que revela bem o pendor marcadamente ideológico, acientífico e meramente preconceituoso desta justificação".
Bem, de uma maneira não "políticamente correcta", acho tudo isto uma parvoeira: Em primeiro lugar é evidente que a homosexualidade é contra a ordem natural das coisas, senão a natureza não se tinha dado ao trabalho de criar e diferenciar dois sexos. Tinha ido tudo pela mesma bitola, não era? Quanto ao facto de o acordão utilizar a palavra "anormal", parece-me bem: Se por exemplo em Portugal 90% da população fosse homosexual, o anormal era eu!
Eh pá! Façam lá a vossa vidinha, que ninguém vos chateia, mas abstenham-se de chatear os outros com a vossa postura tão "políticamente correcta"!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 28 de Outubro de 2003
ASSOCIAÇÃO DE MALFEITORES?
Tenho seguido vagamente a campanha eleitoral para a presidência do Benfica, tendo inclusivamente escutado as entrevistas dadas pelos candidatos, com acusações mútuas de falta de idoneidade e seriedade.
Considerando que o Benfica tem neste momento um ex-presidente na "choça" e pelo menos dois aspirantes a presidente indiciados em processos crime, que me perdoem os benfiquistas, mas aquilo mais parece uma "associação de malfeitores".
Na minha modesta opinião de Boavisteiro (que ninguém pediu, é um facto!), acho que uma institução com a dimensão e projecção do Benfica, merecia decerto melhor gente a dirigi-lo.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 28 de Outubro de 2003

segunda-feira, 27 de outubro de 2003

GATO ESCONDIDO...
Sem ser possível confirmar as minhas fontes (por razões óbvias!), limito-me a reproduzir aqui um e-mail recebido de um amigo e que, ao que parece tem circulado na "net":

"Quote"
Como se costuma dizer, "quem tem boca chega a Roma", para este caso aplica-se "quem tem #ona chega a rico". Pardon my french !!!
Prostituição cultural!
Barbara Guimarães recebeu até Outubro de 2001, durante todos os meses, 5.000 euros (1000 contos) do Ministério da Cultura para realizar um curto programa diário na RDP-Antena 1. Ao todo foram 60.000 euros (12 mil contos) recebidos em 2000 e cerca de 4500 a 5000 euros por mês em 2001. Ou seja, o Estado português gastou com Barbara Guimarães um total de 110.000 euros. Tudo graças à amizade então existente entre o ministro da Cultura e a conhecida estrela de televisão. Manuel Maria Carrilho subsidiou o programa,um pequeno magazine cultural de cinco minutos transmitido de segunda a sexta-feira na RDP-Antena 1. Os 5.000 euros mensais atribuídos por Manuel Maria Carrilho a Barbara Guimarães foram pagos através do Fundo de Fomento Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura e presidida pela actual secretaria-geral do ministério, Helena Pinheiro Azevedo. Este deve ser o dinheiro que um contribuinte médio faz de descontos UMA VIDA INTEIRA, sem poder fugir !!! Propomos que todos os que recebam este mail façam forward, em forma de protesto.
Como diria o ilustre Manuel Maria Carrilho no telejornal?
1. Chocado !
2. Surpeendido !
3. Envergonhado !
4. Apanhado !
5. Escondido com rabo de fora !
Quem sabe alguém ganhe vergonha na cara.
Atenção a Bábara não deixa de ser boa...
"End quote"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 27 de Outubro de 2003
ERA SÓ O QUE NOS FALTAVA!
No seu furor regulador, os burocratas de Bruxelas conseguiram obrigar os estados membros da UE a afixar nos maços de cigarros as várias mensagens de mau gosto que tão bem conhecemos.
Agora imaginem que nos obrigavam a isto...



Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 27 de Outubro de 2003
DE VOLTA AO "NINHO".
Tal como a Nau Catarineta, avistei "areias de Portugal" e regressei à Pátria. Como das outras vezes, voltei um pouco mais instruído, um pouco mais informado e também um pouco mais desanimado.
Bastou passar a fronteira, parar numa área de serviço, passar os olhos nas primeiras páginas dos jornais e logo uma certa depressão se apoderou de mim. Não que eu seja o típico português deprimido. Pelo contrário! Tento ser optimista, patriota, crente nas nossas possibilidades, etc... Mas em olhando para os jornais, só me ocorre perguntar: "Que mal fizémos nós?"

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 27 de Outubro de 2003

sábado, 25 de outubro de 2003

FROM BARCELONA WITH LOVE.
Conforme prometi, cá estou eu a enviar um postal de Barcelona.
E para dizer o quê? A única coisa possível: Barcelona continua linda, animada, fantástica, cosmoplita, vanguardista, etc... (para quê mais adjectivos?)
Desde as Ramblas, a Montjuich, ao Park Guell (museu Gaudi), passando pel inevitável Sagrada Família, tudo é extraordinário nesta cidade.
Atrevo-me a afirmar o seguinte: Barcelona é de longe a melhor cidade de toda a Espanha (qual Madrid!...) e provávelmente de toda a Europa.
Neste lugar profundamente mágico há um sentimento de civilizaçao, de cosmoplitismo e cultura em que me sinto renascer e quase tentado a dar um pequeno crédito â raça humana, em geral, e a essa abstracçao a que chamam Europeus, em particular.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 25 de Outubro de 2003

sexta-feira, 24 de outubro de 2003

MADUGRADA EM VALENCIA.
Sao quase 3 da manha (pôrra, que os teclados em espanha nao tem os sinais gráficos a que estamos habituados!), mas é mentira, porque aqui há uma hora a mais.
Entretive-me a passear no centro histórico da Valencia, que é muito bonito e interessantíssimo, e agora estive a beber uns "copos" num bar encantador, mersmo em frente do hotel.
Isto é informaçao que interessa a poucos, mas para mim vem-me provar uma premissa que tenho como verdadeira há muitos anos: Nao há melhor do viajar!
Amanha vou para Barcelona, e entre Ramblas, Gaudi e, se o meu fígado permitir, muitas "cañas", vou continuar a disfrutar do meu prazer favorito: Viajar!
Se fôr possível tentarei enviar um postal de Barcelona.
Único contra: Demasiados espanhois à minha volta!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 24 de Outubro de 2003

terça-feira, 21 de outubro de 2003

ATÉ AO MEU REGRESSO.
Vou estar uns dias ausente. Vou a Valencia e a Barcelona. Embora vá em trabalho, estou encantado porque adoro Barcelona, que acho de longe a melhor e mais interessante das cidades espanholas.
Portanto, até à próxima 2ª feira, a não ser que eu encontre um cyber-café e consiga de lá enviar uns postais (aqui sim, com o seu real significado).

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Outubro de 2003
CRENÇA NA DEMOCRACIA...
Tenho por hábito ouvir o "forum" da TSF pois passo grande parte do dia dentro do carro, e apesar de tudo sempre é melhor do que ouvir os péssimos alinhamentos musicais que proliferam nas rádios, desde que a Nostalgia foi substituída por um descaracterizado Rádio Clube Português.
Invariávelmente, no fim de cada "fórum", após ouvir as atoardas que alguns participantes se atrevem a lançar para o éter, pergunto-me a mim mesmo que raio de sistema político valoriza o voto de tais "abéculas" da mesma forma que o de uma pessoa normal. Nesses momentos de crise, confesso que chego a descrer da democracia.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 21 de Outubro de 2003

segunda-feira, 20 de outubro de 2003

O DICIONÁRIO DO DIABO.
O blogue de Pedro Mexia tem um nome de facto um pouco arrevezado, mas por vezes tem mensagens sublimes.
Chamo a atenção para o notável post, com o título "Uma Imagem", no qual de certa forma me revejo.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 20 de Outubro de 2003
CURIOSIDADES ESTATÍSTICAS.
Já repararam que após a 8ª jornafa da Superliga há apenas duas equipas sem derrotas: O FCP e o Boavista (Boaviiiistaaaa!!!)

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 20 de Outubro de 2003

domingo, 19 de outubro de 2003

UM MOMENTO ESPECIAL.
Acompanhei a minha mulher, um pouco a contragosto, ao Estádio Nacional para participar na reza de um terço, seguido de missa, em comemoração dos 25 anos de pontificado de João Paulo II.
Eu acho que me posso considerar um católico, embora não praticante, já que a ritualização associada ao culto tem muito pouco eco em mim. Desta forma lá me desloquei ao Estádio Nacional, no meio de alguns resmungos, preparado para levar uma "seca".
Não me podia ter enganado mais! A oração, sem eu bem saber porquê, teve um profundo impacto em mim. Os cantares africanos, timorenses, brasileiros, ucranianos e uma maravilhosa "Avé Maria", sublimemente cantada por Maria Ana Bobone, tiveram o condão muito especial de me humedecer os olhos de comoção e lembro-me de nesse momento me ter ocorrido um texto do Profeta Isaías, que a dada parte reza o seguinte: "O lobo viverá com o cordeiro, e a pantera dormirá com o cabrito; o bezêrro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir".
Com a maior das probabilidades, a minha soberba e arrogância intelectuais dificilmente me permitirão ser um bom católico, pois ambas são inimigas da simplicidade necessária para a aceitação dos dogmas da fé, no entanto, após a celebração do Estádio Nacional, sinto-me realmente um pouco mais católico e seguramente mais praticante.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 19 de Outubro de 2003

sexta-feira, 17 de outubro de 2003

O INIMIGO PÚBLICO.
Na minha prespectiva, e confirmando o que eu tinha afirmado aquando a sua primeira edição, é um autêntico "flop".
Não tem graça, quer dar um ar sério que não tem e definitivamente não é conseguido.
Pretende ser um pseudo-projecto jornalístico, mas nem isso é. Cá por mim até prefiro o jornal do Lidl, ao Inimigo Publico. Pelo menos não tem pretensões!
Agora uma pergunta pertinente: Porque é que eu sou obrigado a pagar 20 centimos por aquela merda, que é mau até para limpar o rabo, para conseguir lêr o Publico de 6ª feira?
Se calhar, daqui para a frente, a insistirem nos tais 20 centimos, deixarei de comprar o Publico à sexta-feira e passarei a consultar a versão on-line.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Outubro de 2003
BABADO...
Há alguns dias, num amigável comentário à Nova Frente, sob o termo a utilizar na blogosfera lusa em substituição do anglo-saxónico "post", de forma um pouco poética, sugeri por graça, o nome "lembretes para memória futura".
Na altura, o Ultimo Reduto achou a ideia engraçada e confessou-se tentado.
Fico encantado por ver que afinal adoptou o termo. Pela primeira vez, parece que fiz escola!
Ao Ultimo Reduto, especiais saudações e agradecimentos.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 17 de Outubro de 2003

quinta-feira, 16 de outubro de 2003

PARA INFORMAÇÃO DA TIME.
Como seria de esperar, investigadores das Universidades do Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior que estudam o fenómeno da prostituição feminina na zona fronteiriça, apelidam o artigo da Time "When meninas came to town" acerca da prostituição em Bragança, de "ficção jornalistíca". (Estranho conceito, convenhamos!)
Pelos vistos, segundo este estudo, há muitíssimo mais putedo do lado de Espanha do que do lado de Portugal. Isto é um estudo e não uma especulação. A verdade é que a idosa Martha de la Cal, correspondente da revista em Portugal, é capaz de não ter gostado da notícia e assim, como é hábito dos espanhois, inventou uma "ficção".
Então não é que à quinhentos anos Colombo chegou a Cuba convencido que estava na India e os gajos até conseguiram convencer o pessoal que ele tinha descoberto a América!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Outubro de 2003
OS CAVALOS TAMBÉM SE ABATEM!



Este magnifico Clipper, o Thermopylae, disputou, e ganhou sempre, a corrida do chá com o conhecidíssimo Cutty Sark.
A noticia do Publico que me informou que o que resta deste navio está afundado na Baía de Cascais, suscitou-me o título deste post.
Após a abertura do canal do Suez e a concorrência dos barcos a vapor, o Thermopylae sofreu várias vicissitudes, tendo vindo parar a Portugal como navio-escola e rebaptizado como Pedro Nunes. Anos depois, após o vexame de ter sido transformado em batelão para descarga de carvão, foi deliberadamente torpedeado pela marinha portuguesa, numa exibição naval feita em honra de El Rei Dom Carlos I.
Tristemente, ao olhar a sua elegante silhueta, lembrou-me a história comum, mas sempre trágica, de um cavalo puro-sangue, tratado com todos os cuidados, que envelhece, acaba atrelado a uma carroça ou a um arado e finalmente é abatido com um tiro de caçadeira, pois "já não vale o que come".
É uma história bem triste!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Outubro de 2003
BE NAKED, BE HAPPY!
Este foi o slogan cretino que levou uma data de gentinha a pôr-se em pelota para a fotografia, a troco de duas peças de roupa de marca.
Não sou exactamente um moralista, mas ontem, ao ver na televisão, aquela pequena multidão em pêlo a correr para os cabides aonde estava a roupa, não pude conter um esgar de repugnância.
Não foi o facto de estarem nus. Foi o facto de serem feios! Muito feios!
Gente a correr, abanando uns cús enormes, outros descaídos, outros peludos. Mamas a badalar. Umas razoáveis, outras, autênticos uberes de vaca. E as pilas! Insginificantes, mirradas e encolhidas pelo frio, semi-escondidas naquele pelâme todo... Enfim, um horror!
Mas o mais obsceno, foi ver toda aquela maltosa, com olhos brilhantes postos na dita roupa de "marca", quase degladiando-se para apanhar a melhor peça. É desta miséria que se alimenta o tão gabado "pragmatismo": Vale tudo desde que seja para benefício próprio, não se importando as pessoas de se comportarem como "gado cognitivo", conforme lhes chamava Gilles Châtelet.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 16 de Outubro de 2003

quarta-feira, 15 de outubro de 2003

AINDA ACERCA DE BRAGANÇA.
Estou um pouco arrependido do que disse ontem acerca da revista Time. Afinal os desgraçados foram levados ao engano.
Uma pessoa amiga, ligada à area do turismo, fez-me chegar o seguinte texto inserido num folheto turístico americano sobre Lisboa:

"Make sure you dine in one of old Lisbon typical restaurants in Bairro Alto, were you will experience the world-famous "foda de Lisboa", a traditional Portuguese musical genre".

Assim já se começam a entender as tremendas confusões da Srª Amanda Ripley acerca dos usos e costumes do nosso país.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Outubro de 2003
A MÁ PUBLICIDADE.
Como de costume, Joaquim Fidalgo brinda-nos hoje com um dos seus belíssimos textos. A questão abordada, também como de costume, é uma questão do quotidiano. Daquelas que normalmente passam por nós sem darmos por elas se não houver quem nos chame a atenção.
A temática abordada é sobre a banalização utilizada pela publicidade, na ridicularização e desvalorização de elementares valôres morais, com a agravante que este método é tanto mais utilizado, quanto mais jovem é o alvo a que dirige.
Eu já tenho as filhas grandinhas e criadas, mas tenho netos pequenos e sensíveis à bestialidade deste tipo de mensagem, pelo que também me preocupo.
O artigo de Joaquim Fidalgo termina com a modéstia que o caracteriza: "Se calhar... O problema é meu!", escreve ele.
Não é não, Joaquim, o problema é de todos nós: Em primeiro porque permitimos e somos complacentes com estas merdices, em segundo porque isto vai atingir os nossos e fatalmente, mais tarde ou mais cedo, vamos de têr de lidar com as consequências destas porcarias.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Outubro de 2003
UMA PRONÚNCIA (E GRAFIA) DO NORTE.



Fotografia tirada pelo Velho da Montanha no hall do Intermarché de Guimarães.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 15 de Outubro de 2003

terça-feira, 14 de outubro de 2003

O "LOBY" DAS MÃES DE BRAGANÇA.
Em primeiro lugar há que reconhecer a força do poderoso "loby" constituído pelo auto denominado movimento "Mães de Bragança". Com os seus parcos meios e pequena militância conseguiram convencer uma jornalista da Time, Amanda Ripley, a procedêr a um rigoroso e aprofundado trabalho de investigação jornalística que pôs a nu uma realidade desconhecida pelos Portugueses em geral e pelos Bragantinos em particular. Informou-nos a todos que Bragança é uma espécie de Tailandia em ponto pequeno, básicamente orientada para o turismo sexual.
Convenhamos que um suplemento de 8 páginas na prestigiada Time, em linguagem de batalha naval, é um tiro no porta-aviões! Se 4 modestas senhoras que viam os maridos esbanjar a "maçaroca" com o putedo brasileiro conseguem um feito de tal calibre, não entendo qual o receio que tem avassalado os Portugueses em relação à Europa: Se 4 senhoras têm tanto podêr, nós, os restantes 8 milhões, podemos fácilmente invadir militarmente a Europa e estabelecer finalmente o Quinto Império de que tanto falava o saudoso Agostinho da Silva.

Amostra da "maquete" proposta para promover Bragança durante o Euro 2004, na prespectiva da revista Time.



Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 14 de Outubro de 2003
BIG BROTHER CONSTITUCIONAL.
às vezes fico de cara à banda com as cretinices que ouço. Ontem, na SIC e a propósito dos novos manuais de português para o 10º ano, ouvi uma professôra, não sei em que qualidade, afirmar que o estudo do regulamento do concurso do Big Brother iria ajudar os alunos a compreender melhor a nossa Constituição.
Confesso que fiquei parvo! (E olhem que já não emparveço com muitas coisas.)
O que primeiro me ocorreu foi a clássica interrogação: O que é que o cú tem a ver com as calças? Depois pensei que talvez a Mediacapital ou a Endemol estivessem a financiar o Ministério da Educação, mas confesso que não acreditei na hipótese. Resta de facto a estupidez e incompetência dos docentes que elaboraram, e os que posteriormente aprovaram, semelhantes manuais.
Para além da idiotice em si mesmo, é de crer que os alunos, jovens na ordem dos 15 anos, ao lerem o regulamento do concurso, acabem por visioná-lo para melhor entendimento do texto. E o que vão vêr? Uns pobres diabos a tentar vencer na vida à custa de umas "quecas" em directo. E o que vão ouvir? As enormidades que saem daquela cloaca que a Teresa Guilherme tem em vez de bôca, que invariávelmente em cada 10 palavras, 12 são alusões implícitas ou explícitas ao sexo. Se era o que pretendiam, então mais valia indicar como leitura obrigatória os textos do Dr. Pipi.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 14 de Outubro de 2003
UMA DÚVIDA LEGÍTIMA.
Não me interessa nem um bocadinho discutir aqui a legitimidade das revindicações estudantis. De todas as minhas filhas, apenas uma se formou e não foi cá, foi em Inglaterra. Houve algum esforço económico, depois conseguiu uma bôlsa e estudou que se desunhou para acabar o seu curso e posteriormente o mestrado. Durante esses anos sempre trabalhou para o seu sustento sem queixumes, e só necessitou pontualmente de ajuda financeira para as viajens de avião.
Como vêm, em relação à legitimidade das revindicações, não estou nem aí!
Agora uma dúvida legítima me assalta: É legal fechar a cadeado uma escola? Não é contra a lei cortar estradas, como tem sido ameaçado? Podem-se invadir sem mais nem menos salas onde decorrem trabalhos?
Que me aconteceria a mim se fechasse, digamos, uma repartição de finanças a cadeado ou invadisse uma sala de reuniões num qualquer departamento público, ou até privado? Não tenho dúvida nenhuma que ia de "cana"!
Pergunto então de que estão à espera os estudantes? De uma carga policial, para depois terem o PC e BE aos berros no Parlamento? Se acham que as coisas funcionam assim, então depois não se queixem das nódoas negras!

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 14 de Outubro de 2003
DISCORDO DO "POSTAL".
Compreendo perfeitamente as dúvidas da Nova Frente em relação aos termos utilizados na blogosfera. Já tive um sentimento parecido aqui há uns anos atrás aquando as minhas primeiras experiências informáticas. Na altura entendi que havia uma excessiva utilização de palavras inglesas e por isso, por pirraça, instalei um programa em português (do Brasil). Fiquei estarrecido, a emenda foi pior que o sonêto: As palavras soavam tão mal (deletar, imaginem!), que voltei rápidamente ao inglês. Mas voltando ao assunto do "postal" (reparo que o Manel Azinhal já o adoptou), confesso que não me soa bem. Um blogue acaba por não sêr mais do que uma espécie daqueles quadros em cortiça, nos quais se colam os "post-it" amarelinhos, por isso, pessoalmente, acho bem a utilização do termo "post", pois no fundo, estes não passam de "post-it" electrónicos aonde vamos deixando os nossos lembretes para memória futura, como está agora na moda dizer.

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 14 de Outubro de 2003

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

OPORTUNO.
Hoje o Publico dá estampa um excelente e actual artigo de Mario Pinto, acerca da falta de solidariedade social demonstrada pelos estudantes portugueses, os tais que Lobo Antunes afirmou todos terem automóvel. O artigo está muito bem escrito e recomenda-se a sua leitura. O mesmo começa com uma citação de Eça de Queiroz, que não resisto a reproduzir, tal é a actualidade dos factos:

"Toda a Nação vive do Estado. Logo desde os primeiros exames no liceu, a mocidade vê nele o seu repouso e a garantia do seu futuro. A classe eclesiástica já não é recrutada pelo impulso de uma crença; é uma multidão desocupada que quer viver à custa do Estado. A vida militar não é uma carreira; é uma ociosidade organizada por conta do Estado. Os proprietários procuram viver à custa do Estado, vindo ser deputados a 2$500 reis por dia. A própria indústria faz-se proteccionar pelo Estado e trabalha sobretudo em vista do Estado. A imprensa até certo ponto vive também do Estado. A ciência depende do Estado. O Estado é a esperança das famílias pobres e das casas arruinadas. Ora como o Estado, pobre, paga pobremente e ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a indústria ou para o comércio, esta situação perpetua-se de pais a filhos como uma fatalidade. Resulta uma pobreza geral. (...) o comércio sofre desta pobreza da burocracia, e fica ele mesmo na alternativa de recorrer também ao Estado ou de cair no proletariado. A agricultura, sem recursos, sem progresso, não sabendo fazer valer a terra, arqueja à beira da pobreza e termina sempre recorrendo ao Estado".

Eça de Queiroz in "Uma Campanha Alegre".

Diário de Bordo da Nave Espacial "Terra" - Tempo Estelar da Nova Era - 13 de Outubro de 2003